São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Temor de que aconteçam atentados terroristas faz governo mobilizar 35 mil agentes para evitar incidentes na Copa
França arma operação de guerra

RODRIGO AMARAL
de Paris

A segurança da Copa-98 é uma verdadeira operação de guerra para o governo francês, que mobilizou 35 mil agentes para tentar evitar incômodos na competição.
O grande temor é que ocorra algum atentado terrorista no evento de maior repercussão midiática do planeta. E, na verdade, motivos não faltam para essa preocupação.
"O problema do terrorismo é que se trata de uma ameaça combatida no escuro", diz Patrick Laclémence, comandante de uma unidade de polícia do Vale do Oise e especialista em segurança de eventos esportivos.
Ou seja, por mais medidas de prevenção que sejam tomadas, não há como ficar totalmente tranquilo a esse respeito. Ainda mais nas condições em que será disputada a Copa-98.
A França é um tradicional alvo de atentados de radicais islâmicos, principalmente vindos da Argélia, que foi colônia francesa até 1962.
Países participantes, por um ou outro motivo, também são potenciais escolhas de terroristas. Os casos mais notáveis são os dos EUA, Irã, Nigéria, Arábia e Espanha.
Equipes de países que não fazem parte do tradicional leque de escolhas do terror internacional, por sua vez, constituem pratos cheios para grupos que buscam bagunçar o cenário político mundial.
Nesse contexto, um atentado contra as favoritas seleções do Brasil ou da Argentina teria uma repercussão que poucos outros atos terroristas poderiam almejar.
O Ministério do Interior procurou deixar claro, então, que evitar contratempos dessa natureza é a sua principal prioridade.
Ao distribuir as tarefas entre os diversos corpos de polícia existentes no país, o governo destacou o pessoal especializado na prevenção e no combate ao terrorismo.
A Polícia Nacional e as CRS (Companhias Republicanas de Segurança) são subordinadas ao Ministério do Interior. Já a "Gendarmerie Nationale" faz parte do Ministério da Defesa.
As CRS são responsáveis pelo policiamento das cidades onde serão os jogos. Elas são subordinadas às prefeituras de polícia.
As outras duas vão proteger as equipes participantes.
O Brasil é uma das 16 seleções que estão a cargo do GSIGN, uma equipe da "Gendarmerie Nationale" especializada no combate do terrorismo. As outras equipes serão protegidas pelo Raid, da Polícia Nacional, especializada no combate ao terror político.
De acordo com as linhas gerais definidas pelo governo, cada equipe estará permanentemente acompanhada por até oito desses agentes especializados, dependendo do grau de risco envolvido.
Além disso, 70 agentes da segurança civil especializados no desarmamento de bombas estarão em permanente estado de alerta.
O governo também anunciou que, nos estádios, equipes medidas terão a capacidade de atender simultaneamente 20 pessoas feridas em menos de dez minutos. Cada cidade terá dois helicópteros dedicados ao atendimento médico de torcedores e delegações.
No campo militar, foi reforçada a operação "Vigipirate", desencadeada em 1996 após uma série de atentados a bomba em Paris.
A operação conta normalmente com 860 agentes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Na Copa, serão 1.860. Sua função é proteger aeroportos, estações de trem e monumentos históricos. Num caso extremo, essa operação pode envolver até 32 mil agentes.



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