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Temor de que aconteçam atentados terroristas faz governo mobilizar 35 mil agentes para evitar incidentes na Copa
França arma operação de guerra
RODRIGO AMARAL
de Paris
A segurança da Copa-98 é uma
verdadeira operação de guerra para o governo francês, que mobilizou 35 mil agentes para tentar evitar incômodos na competição.
O grande temor é que ocorra algum atentado terrorista no evento
de maior repercussão midiática do
planeta. E, na verdade, motivos
não faltam para essa preocupação.
"O problema do terrorismo é
que se trata de uma ameaça combatida no escuro", diz Patrick Laclémence, comandante de uma
unidade de polícia do Vale do Oise
e especialista em segurança de
eventos esportivos.
Ou seja, por mais medidas de
prevenção que sejam tomadas,
não há como ficar totalmente
tranquilo a esse respeito. Ainda
mais nas condições em que será
disputada a Copa-98.
A França é um tradicional alvo
de atentados de radicais islâmicos,
principalmente vindos da Argélia,
que foi colônia francesa até 1962.
Países participantes, por um ou
outro motivo, também são potenciais escolhas de terroristas. Os casos mais notáveis são os dos EUA,
Irã, Nigéria, Arábia e Espanha.
Equipes de países que não fazem
parte do tradicional leque de escolhas do terror internacional, por
sua vez, constituem pratos cheios
para grupos que buscam bagunçar
o cenário político mundial.
Nesse contexto, um atentado
contra as favoritas seleções do
Brasil ou da Argentina teria uma
repercussão que poucos outros
atos terroristas poderiam almejar.
O Ministério do Interior procurou deixar claro, então, que evitar
contratempos dessa natureza é a
sua principal prioridade.
Ao distribuir as tarefas entre os
diversos corpos de polícia existentes no país, o governo destacou o
pessoal especializado na prevenção e no combate ao terrorismo.
A Polícia Nacional e as CRS
(Companhias Republicanas de Segurança) são subordinadas ao Ministério do Interior. Já a "Gendarmerie Nationale" faz parte do
Ministério da Defesa.
As CRS são responsáveis pelo
policiamento das cidades onde serão os jogos. Elas são subordinadas às prefeituras de polícia.
As outras duas vão proteger as
equipes participantes.
O Brasil é uma das 16 seleções
que estão a cargo do GSIGN, uma
equipe da "Gendarmerie Nationale" especializada no combate do
terrorismo. As outras equipes serão protegidas pelo Raid, da Polícia Nacional, especializada no
combate ao terror político.
De acordo com as linhas gerais
definidas pelo governo, cada equipe estará permanentemente
acompanhada por até oito desses
agentes especializados, dependendo do grau de risco envolvido.
Além disso, 70 agentes da segurança civil especializados no desarmamento de bombas estarão
em permanente estado de alerta.
O governo também anunciou
que, nos estádios, equipes medidas terão a capacidade de atender
simultaneamente 20 pessoas feridas em menos de dez minutos. Cada cidade terá dois helicópteros
dedicados ao atendimento médico
de torcedores e delegações.
No campo militar, foi reforçada
a operação "Vigipirate", desencadeada em 1996 após uma série
de atentados a bomba em Paris.
A operação conta normalmente
com 860 agentes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Na Copa, serão 1.860. Sua função é proteger
aeroportos, estações de trem e
monumentos históricos. Num caso extremo, essa operação pode
envolver até 32 mil agentes.
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