São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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JUCA KFOURI

Rodada quente só na rabeira


Com olhos somente para a Libertadores, líderes trataram de se poupar; e a massa se concentrou no rebolo

EM CLIMA de decisão da Libertadores, o Campeonato Brasileiro teve uma rodada relativamente chocha. Pelo menos para dois dos ponteiros da tabela, exatamente os adversários da final sem favorito da taça continental, São Paulo e Inter. Ambos trataram de jogar com seus reservas e não foram felizes -o São Paulo ao só empatar com o fraco Botafogo (a quem venceria com seus titulares) e o Inter ao ceder diante do Santos, que acabou por conquistar uma vitória heróica, dadas as circunstâncias da virada no fim e com apenas nove jogadores. É claro que para os santistas a rodada nada teve de chocha. Como não teve para dois dos rabeiras do Brasileirão, Corinthians e Flamengo, que, ao fazerem jus ao tamanho de suas torcidas, lotaram o Pacaembu e o Maracanã. Melhor: ganharam seus jogos, embora com muito sofrimento e com futebol apenas sofrível. Na verdade, nem Atlético-PR nem Goiás mereceram as derrotas, e dois aspectos devem ser sublinhados no comportamento das massas dos dois times mais populares do país: os rubro-negros foram capazes de se mobilizar com a volta do atacante Sávio, que pintou como sucessor de Zico sem nunca conseguir realizar a façanha até o fim; e os alvinegros vivem uma situação ambígua, pois souberam apoiar o time corintiano para evitar mais uma catástrofe, mas acabaram se confundindo nos protestos antes da partida, porque, ao "enterrar" a atual desastrosa direção do clube do Parque São Jorge, a MSI e a oposição, que teve ao menos a clareza em não avalizar a parceria, não souberam distinguir o joio do trigo.

A defesa da CBF
O torcedor Gilson Florêncio da Silva acionou a CBF porque não conseguiu se sentar na numerada que comprou para ver Corinthians x Inter, no ano passado. E ganhou na Justiça o direito de reaver o que gastou, como prescreve o Estatuto do Torcedor. O estarrecedor foi a defesa que a CBF apresentou para se safar da culpa. Não só a entidade, que quer organizar a Copa do Mundo de 2014 no país, alegou que não tem responsabilidade na organização do Campeonato Brasileiro como, ainda por cima, argumentou que nossos torcedores são mal-educados, razão pela qual alertou: "Por conseguinte, os freqüentadores de estádios devem estar preparados para enfrentar dissabores, por causas que, lamentavelmente, escapam do controle dos organizadores e autoridades públicas e que, por si, não ensejam reparação". Ou seja, os ingressos do Campeonato Brasileiro deveriam vir com aquele aviso que o Ministério da Saúde imprime nos maços de cigarros: "A CBF adverte: ir aos estádios faz mal à saúde". Cínica como é, a CBF agora convida o Ministério Público a se reunir na sua (da CBF) Granja Comary para tratar da violência que assola nossos campos. O mesmo Ministério Público que é das poucas instituições que têm buscado soluções para o grave problema e que, solitariamente, tem denunciado as afrontas à lei da CBF, razão pela qual, é óbvio, não pode conviver promiscuamente com a entidade que denuncia. Além de ser ela, CBF, a maior responsável pela violência, ao se eximir da responsabilidade de organizadora do Brasileirão e ao não cumprir o Estatuto do Torcedor.

Esclarecimento
O "Painel FC" até já informou, mas cabe realçar que o contrato publicitário de Dunga com a GM foi assinado antes de ele ser escolhido como técnico da seleção brasileira e que, por ainda em vigor, a montadora aproveitou-se da escolha para voltar com a campanha. Retira-se, portanto, a crítica aqui feita.

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