Disputa pela liderança entre os dois Estados, com Botafogo e São Paulo, é inédita na era dos pontos corridos, desde 2003

Confronto, que opõe também estilos de jogo, é apimentado por acusações de favorecimento na Justiça Desportiva e na arbitragem

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Provocações, queixas de favorecimento para o outro lado e estilo de jogo bem diferente. Os ingredientes principais da rivalidade entre cariocas e paulistas, que estavam adormecidos, voltaram no Brasileiro-07. Pela primeira vez na era dos pontos corridos, a disputa pela liderança tem clubes dos dois Estados como protagonistas. Desde 1997, quando o Vasco levou a melhor sobre o Palmeiras, o Nacional não tem uma edição com grandes cariocas ou paulistas como campeão e vice.
A rivalidade terá seu ponto alto amanhã, quando o São Paulo, primeiro colocado, vai até o Maracanã enfrentar o Botafogo, vice-líder, com dois pontos a menos e uma partida a mais por fazer. "É legal a volta dessa rivalidade, principalmente porque boa parte da mídia coloca São Paulo e Botafogo como favoritos. É bom esse jogo ser falado", comentou o atacante são-paulino Borges. Não bastasse a importância do duelo na classificação, o confronto de amanhã é apimentado por uma série de fatores. Os últimos dias reviveram, depois da absolvição do botafoguense Dodô no seu caso de doping, reclamações dos paulistas contra as decisões da Justiça Desportiva, que, segundo alguns, favorece os cariocas.
Questionado se um jogador de clube paulista receberia o mesmo veredicto, Muricy Ramalho, o técnico do São Paulo, foi direto. "Aí é duro [risos]. Se fosse um atleta de São Paulo, ficaria mais difícil", declarou. No final de semana, foram dois confrontos entre paulistas e cariocas com polêmica.
Na Vila Belmiro, o técnico flamenguista Joel Santana ordenou que seus jogadores dessem "porrada" nos santistas no final do jogo, quando os anfitriões venciam por 3 a 0 e a torcida gritava olé. Renato Gaúcho, após ver o seu Fluminense perder para o Palmeiras no Maracanã, afirmou que seu clube vem sendo "roubado". Ele se queixava da atuação do juiz Leonardo Gaciba, que marcou um pênalti inexistente a favor dos cariocas e ignorou outro bastante claro.
Além de velhas polêmicas, cariocas e paulistas jogam de uma forma que respeita as tradições das duas escolas. Os grandes do Rio se destacam no ataque. O Botafogo tem o segundo melhor ataque, e o Vasco, o terceiro. Os cariocas também têm passe mais apurado e cometem menos faltas.
Os paulistas são fortes na defesa. O São Paulo tem a retaguarda menos vazada. O Corinthians, a quarta. O Palmeiras, a quinta. Isso com o Estado liderando nos desarmes e com só o Santos fazendo menos faltas do que a média do campeonato. "Os times do Rio tem um estilo mais clássico, jogam e deixam jogar. É melhor enfrentá-los do que as equipes de São Paulo", afirmou o volante palmeirense Wendel.