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FUTEBOL
Seleção ganhou apenas 53% dos pontos que disputou nas eliminatórias
Brasil corre risco de ser o pior classificado para Copa
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco de a seleção brasileira
não disputar a próxima Copa do
Mundo existe, mas não é tão
grande. Já a possibilidade de o
país chegar ao Japão e à Coréia do
Sul com a pior campanha nas eliminatórias entre os classificados
para a competição é iminente.
Entre as 36 equipes nacionais
que já estão qualificadas ou ocupam postos que garantem lugar
no Mundial ou em disputas de repescagem, o time de Luiz Felipe
Scolari, que hoje enfrenta o Chile
em Curitiba, divide com o Uruguai o nada desejado título de
performance mais fraca em termos de aproveitamento de pontos (veja quadro ao lado).
Quando se compara a média de
gols marcados e sofridos, a única
seleção que disputou todas as Copas também faz feio.
Com cinco derrotas em 15 jogos, recorde entre os países que
ainda podem ir para a Ásia no
próximo ano, o Brasil ganhou
53% dos pontos disputados nas
atuais eliminatórias, em que já
trocou duas vezes de treinador.
Em todas as regiões do mundo,
com as mais variadas fórmulas de
disputa, várias seleções conseguiram números que fazem a performance do Brasil ficar perto do ridículo. Em todos os continentes,
pelo menos uma seleção tem
aproveitamento de pontos superior a 80%. No total, 11 equipes ultrapassaram essa barreira.
Fora de casa, a performance
brasileira é então digna do segundo escalão do futebol mundial.
Nessas situações, a equipe, que
tem a CBF de Ricardo Teixeira como responsável, ganhou apenas
29% dos pontos que disputou.
Como comparação, contra a
maior parte dos mesmos adversários que os enfrentados pelos brasileiros, a Argentina levou para
casa 76% dos pontos que disputou fora de seus domínios.
Mas não é só na pontuação que
a única seleção que conquistou
quatro Copas do Mundo faz campanha decepcionante nas eliminatórias para a edição de 2002.
Tanto no número de gols marcados quanto no de sofridos, o
Brasil perde para a esmagadora
maioria das equipes que já carimbaram o passaporte para a Copa
ou estão perto disso. Com média
de 1,67 gol marcado por jogo nas
eliminatórias sul-americanas, o
time de Scolari tem apenas o 27º
ataque mais eficiente entre os 36
times classificados ou na zona de
classificação ou de repescagem.
Na defesa, prioridade de Scolari,
o Brasil é apenas o 28º mais eficiente desse grupo, com média de
0,93 gol sofrido por jogo.
Para os jogadores brasileiros, a
situação de chegar ao próximo
Mundial com números tão pífios
não é motivo de preocupação.
"Em 94, como é que nós chegamos [à Copa"? Vai ser ótimo [chegar com baixo aproveitamento",
porque ninguém vai acreditar na
gente, e o Brasil vai ser campeão,
como em 94", declarou o lateral-direito Cafu, da Roma.
Nas eliminatórias para o Mundial de 1994, nos EUA, o Brasil só
garantiu sua classificação na última rodada, mas com uma campanha bem melhor do que a atual.
Na oportunidade, o time nacional ganhou 75% dos pontos que
disputou no qualificatório e teve
média de 2,50 gols marcados por
jogo e 0,5 sofrido.
Para o volante Vampeta, a campanha nas eliminatórias não vai
fazer diferença na Copa.
"Depois que classificar, você
tem cinco meses para trabalhar.
Afirmar agora que ninguém está
confiante em nós é puro engano",
disse o jogador do Flamengo.
Para Vampeta, como para o resto do elenco convocado para o jogo de hoje contra o Chile, o exemplo a ser seguido é o da Argentina
em 1994, quando os maiores rivais dos brasileiros só garantiram
a vaga no Mundial na repescagem
contra a Austrália e depois apareceram como favoritos nos EUA.
Colaborou Fábio Victor,
enviado especial a Curitiba
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