São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

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FUTEBOL

Seleção ganhou apenas 53% dos pontos que disputou nas eliminatórias

Brasil corre risco de ser o pior classificado para Copa

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O risco de a seleção brasileira não disputar a próxima Copa do Mundo existe, mas não é tão grande. Já a possibilidade de o país chegar ao Japão e à Coréia do Sul com a pior campanha nas eliminatórias entre os classificados para a competição é iminente.
Entre as 36 equipes nacionais que já estão qualificadas ou ocupam postos que garantem lugar no Mundial ou em disputas de repescagem, o time de Luiz Felipe Scolari, que hoje enfrenta o Chile em Curitiba, divide com o Uruguai o nada desejado título de performance mais fraca em termos de aproveitamento de pontos (veja quadro ao lado).
Quando se compara a média de gols marcados e sofridos, a única seleção que disputou todas as Copas também faz feio.
Com cinco derrotas em 15 jogos, recorde entre os países que ainda podem ir para a Ásia no próximo ano, o Brasil ganhou 53% dos pontos disputados nas atuais eliminatórias, em que já trocou duas vezes de treinador.
Em todas as regiões do mundo, com as mais variadas fórmulas de disputa, várias seleções conseguiram números que fazem a performance do Brasil ficar perto do ridículo. Em todos os continentes, pelo menos uma seleção tem aproveitamento de pontos superior a 80%. No total, 11 equipes ultrapassaram essa barreira.
Fora de casa, a performance brasileira é então digna do segundo escalão do futebol mundial. Nessas situações, a equipe, que tem a CBF de Ricardo Teixeira como responsável, ganhou apenas 29% dos pontos que disputou.
Como comparação, contra a maior parte dos mesmos adversários que os enfrentados pelos brasileiros, a Argentina levou para casa 76% dos pontos que disputou fora de seus domínios.
Mas não é só na pontuação que a única seleção que conquistou quatro Copas do Mundo faz campanha decepcionante nas eliminatórias para a edição de 2002.
Tanto no número de gols marcados quanto no de sofridos, o Brasil perde para a esmagadora maioria das equipes que já carimbaram o passaporte para a Copa ou estão perto disso. Com média de 1,67 gol marcado por jogo nas eliminatórias sul-americanas, o time de Scolari tem apenas o 27º ataque mais eficiente entre os 36 times classificados ou na zona de classificação ou de repescagem.
Na defesa, prioridade de Scolari, o Brasil é apenas o 28º mais eficiente desse grupo, com média de 0,93 gol sofrido por jogo.
Para os jogadores brasileiros, a situação de chegar ao próximo Mundial com números tão pífios não é motivo de preocupação.
"Em 94, como é que nós chegamos [à Copa"? Vai ser ótimo [chegar com baixo aproveitamento", porque ninguém vai acreditar na gente, e o Brasil vai ser campeão, como em 94", declarou o lateral-direito Cafu, da Roma.
Nas eliminatórias para o Mundial de 1994, nos EUA, o Brasil só garantiu sua classificação na última rodada, mas com uma campanha bem melhor do que a atual.
Na oportunidade, o time nacional ganhou 75% dos pontos que disputou no qualificatório e teve média de 2,50 gols marcados por jogo e 0,5 sofrido.
Para o volante Vampeta, a campanha nas eliminatórias não vai fazer diferença na Copa.
"Depois que classificar, você tem cinco meses para trabalhar. Afirmar agora que ninguém está confiante em nós é puro engano", disse o jogador do Flamengo.
Para Vampeta, como para o resto do elenco convocado para o jogo de hoje contra o Chile, o exemplo a ser seguido é o da Argentina em 1994, quando os maiores rivais dos brasileiros só garantiram a vaga no Mundial na repescagem contra a Austrália e depois apareceram como favoritos nos EUA.


Colaborou Fábio Victor, enviado especial a Curitiba



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