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FUTEBOL
Saindo do inferno
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Palmeiras , finalmente,
saiu da lanterna.
Mas ainda está longe de poder
respirar tranquilo.
Primeiro, porque ainda não
deixou a zona de rebaixamento.
Segundo, porque os três clubes
que ficaram atrás dele têm uma
ou duas partidas a menos.
Mas o fato decisivo e inegável é
que o time, de quatro jogos para
cá, se reencontrou com a bola,
com a torcida e, o que é mais importante, consigo próprio.
Num terreno tão carregado de
dramaticidade, como é hoje o
Parque Antarctica, lances pequenos e corriqueiros assumem dimensões épicas.
Isso explica, por exemplo, a vibração furiosa do zagueiro Alexandre, depois de fazer seu gol
contra a Lusa, anteontem. Naquela comemoração aparentemente desmesurada, era mais
que um gol que estava sendo celebrado: era o exorcismo de uma
era sombria, de brigas com a torcida, com os adversários e com os
próprios companheiros.
Outro momento altamente significativo foi a jogada de Pedrinho que parou nos braços do goleiro Bosco, já perto do final da
partida. O lance em si foi uma
maravilha: Pedrinho recolheu a
bola no meio-de-campo e avançou, ladeado por dois companheiros, um pela direita, o outro pela
esquerda.
Senhor da situação, o meia poderia ter lançado qualquer um
dos dois. Certamente foi o que
pensaram os zagueiros da Lusa.
Por isso, Pedrinho resolveu tocar
para si mesmo, entre os beques, e
surgir sozinho na cara do gol. A
grande defesa de Bosco impediu a
concretização de um gol de placa.
Mas o mais bonito veio em seguida. Mesmo precisando desesperadamente da vitória -sem
poder, portanto, se dar ao luxo de
perder gols e sofrer o perigo de um
empate-, a torcida do Palmeiras
começou a gritar em uníssono o
nome de Pedrinho.
Naquele coro emocionado havia muitas coisas: gratidão pela
linda jogada do artista Pedrinho,
reconhecimento do esforço do
atleta Pedrinho, solidariedade ao
homem Pedrinho, que foi declarado morto para o futebol inúmeras vezes e sempre ressuscitou para exercer com brilho o seu ofício.
Dizem que, depois que Dante
escreveu sua "Divina Comédia",
as pessoas o apontavam na rua
dizendo com assombro: "Aquele é
o homem que esteve no inferno".
Hoje poderíamos apontar para
Pedrinho e dizer a mesma coisa.
Do ponto de vista estritamente
técnico e tático, é evidente que a
dupla entrada de Nenê e Pedrinho no Palmeiras, no segundo
tempo contra a Lusa, mudou
completamente o time, tornando-o mais criativo e ofensivo.
Sem contar com Zinho (suspenso), o Palmeiras dominava a partida, mas carecia de armação de
jogadas.
A entrada dos dois habilidosos
canhotos liberou forças produtivas e multiplicou as possibilidades ofensivas. O Palmeiras encurralou a Lusa e poderia ter feito
uns três ou quatro gols, não fosse
pelo acaso, pela boa atuação de
Bosco e por uma certa precipitação nas conclusões.
Uma última palavra deve ser
dita sobre o colombiano Muñoz,
jogador de uma fibra incomum, a
par da prodigiosa velocidade.
Para ele, não existe tempo ruim
ou bola perdida.
É o tipo do jogador "encardido", odiado pelos adversários pelo simples fato de não lhes dar um
minuto de sossego.
Alívio tricolor
O desespero de Oswaldo de
Oliveira, gritando com seus
jogadores e pedindo para o
juiz terminar logo o jogo do
São Paulo contra o Flamengo, revelou pelo menos duas
coisas: que seu emprego estava por um fio, depois de cinco rodadas sem vencer, e que
ele conhece muito bem a vulnerabilidade de seu time. Afinal, não foram poucas as vezes que o São Paulo teve uma
vitória nas mãos e a deixou
escapar pelos vãos dos dedos.
Volante artilheiro
O São Caetano chega com todos os méritos à liderança do
Brasileirão. No futebol consistente e objetivo do Azulão,
o que mais me impressiona é
a versatilidade do volante
Claudecir e a facilidade com
que ele aparece na área adversária. Sábado, contra o
Botafogo, foi por muito pouco que não fez o seu gol. Não
é à toa que é o artilheiro do time, ao lado de Adhemar.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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