FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SUZUKA

A Williams já usa Nelsinho Piquet e o apelo do seu sobrenome para negociar com patrocinadores para a temporada de 2005.
Em Suzuka, onde às 23h (de Brasília) acontece o primeiro treino livre para o GP do Japão, a Folha apurou que o piloto integra o portfólio, o plano comercial da equipe, para o próximo Mundial.
A potenciais parceiros, a Wil-liams promete entregar também o pai, Nelson Piquet, tricampeão mundial em 81, 83 e 87 -este último título, pelo time inglês. A cessão dos direitos de imagem é um trunfo do ex-piloto para tentar emplacar o filho na categoria.
Embora nenhum contrato tenha sido assinado, no time já se comenta que Nelsinho, 19, será piloto de testes. Mas sua rotina, neste primeiro ano, será apenas de aprendizado. E vai variar segundo dois fatores: o resultado do caso Jenson Button e a colocação da Williams no campeonato.
O cenário ideal para o brasileiro seria Button permanecer na BAR e a Williams fechar o ano em quinto no Mundial de Construtores. Neste caso, Antonio Pizzonia poderia ser promovido a titular, e Nelsinho teria possibilidades de treinar nas sextas-feiras de GPs.
Pelo regulamento, os times classificados entre quinto e décimo no ano anterior podem usar um terceiro piloto nas sextas. Hoje, a Williams é a quarta colocada.
Mesmo que outro ocupe a vaga de titular, Pizzonia não poderia ser esse terceiro homem, pois já disputou mais de seis GPs nos últimos dois anos, limite imposto para promover novos talentos. Ele continuaria, porém, testando para o time entre um GP e outro.
Mas, mesmo no pior dos mundos para Nelsinho -o time em quarto, Button na equipe e Pizzonia como piloto de testes-, uma vaga já estaria assegurada para ele. A diferença seria a carga de trabalho, menor e mais espaçada.
A situação começará a ficar mais clara no dia 16, quando o Quadro de Reconhecimento de Contratos da FIA decide o destino de Button. O inglês assinou com a Williams, mas a BAR diz também ter um contrato válido para 2005.
Domingo, Nelsinho conquistou o Campeonato Inglês de F-3, em Brands Hatch. Durante todo o dia, foi observado por Jonathan Williams, filho de Frank Williams e espécie de "olheiro" da equipe.
Na ocasião, Jonathan lembrou a "bela história" de Piquet com a equipe. Além do título, foram 31 GPs entre 86 e 87, com seis poles, sete vitórias e 11 melhores voltas.
O tricampeão também tem um excelente retrospecto com a BMW, parceira da Williams. Foi ele quem deu a primeira vitória para a montadora, no Canadá, em 82, pela Brabham. E, em 83, pela mesma equipe, tornou-se o primeiro e único piloto a conquistar um título com o motor alemão.
Todo esse relacionamento já rendeu dois testes a Nelsinho na Williams, no ano passado e em janeiro deste ano, em Barcelona.
Além do trabalho na F-1, o brasileiro também pretende continuar a disputar corridas em 2005. Com a conquista da F-3 inglesa, ele procura um time na GP2, categoria que substituirá a F-3000.


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