São Paulo, quarta, 7 de outubro de 1998

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FUTEBOL
Com estresse agudo, segundo especialista, técnico aceita desculpas e mantém Marcelinho contra o Goiás, hoje
Psicóloga sai em socorro de Luxemburgo

MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local

A psicóloga Suzy Fleury, que trabalha no Corinthians e na seleção, saiu ontem em auxílio ao técnico Wanderley Luxemburgo para encerrar os desentendimentos com o meia-atacante Marcelinho e tentar restaurar o clima de paz no time.
Luxemburgo, que ameaçava deixar Marcelinho na reserva no jogo de hoje à noite, contra o Goiás, no Pacaembu, pelo Brasileiro, acabou fazendo as pazes com o jogador no treino que a equipe realizou ontem à tarde, no Parque São Jorge.
Para isso, Marcelinho teve que reconhecer publicamente que errou no jogo em que o Corinthians perdeu para o Palmeiras (3 a 1), no último sábado, e pedir desculpas.
Depois de pedir perdão na frente de todo o grupo, o jogador entrou no gramado chorando.
No final do treino, ele e Luxemburgo se beijaram para mostrar que não havia mais nenhum problema. Marcelinho continuará sendo o capitão do time.
O técnico tinha acusado o jogador de não cumprir taticamente o que lhe havia sido determinado contra o Palmeiras e o substituiu aos 30min do segundo tempo. Marcelinho foi embora do Morumbi antes do final do jogo, o que irritou ainda mais Luxemburgo.
"Não posso revelar sobre esse trabalho interno para não expor a intimidade dos envolvidos. Estamos chegando ao momento mais crítico de todo o trajeto do Corinthians neste campeonato. Temos que reorganizar as coisas", afirmou Suzy Fleury.
A psicóloga Regina Brandão, que trabalha para o Grêmio, para o Internacional e para o Palmeiras, disse que Luxemburgo está com sintomas de estresse agudo.
"O fato de ele estar ganhando cabelos brancos e perdendo peso mostra isso. A perda de peso é um dos sintomas mais significativos do estresse, que leva também à diminuição da resistência imunológica, deixando a pessoa predisposta, por exemplo, a gripe", disse ela.
Luxemburgo teve gripe na semana passada, depois de viajar quase 11 mil quilômetros para cumprir compromissos do Corinthians e da seleção brasileira. Ele está nove quilos mais magro desde assumiu o time do Parque São Jorge.
"Isso é como uma bomba-relógio. Vai se acumulando com as cobranças pelos resultados negativos, a pressão de todos os lados, e pode explodir de repente, como a convulsão que Ronaldinho teve na Copa", disse Regina Brandão.
O mesmo discurso de Suzy Fleury antes do treino foi usado por Luxemburgo depois: "Esse episódio serve para fortalecer ainda mais o time, para o amadurecimento dos jogadores".
"Tivemos dois dias de turbulência, mas agora reencontramos o espírito que havia feito do Corinthians o líder do campeonato", concluiu o treinador.



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