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BASQUETE
Sem fama no Brasil, Marcello Gomes é o primeiro a assumir um time no país que fundou esse esporte
Incógnito, brasileiro é técnico nos EUA
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Um ex-jogador que nunca chegou à seleção principal de seu país
é o primeiro brasileiro a dirigir
um time de basquete nos EUA,
país fundador desse esporte.
Marcello Formoso Gomes, 33,
foi nomeado em setembro técnico da OBU (Oklahoma Baptist
University), que disputa o campeonato da Naia, uma das ligas do
basquete universitário local.
O feito de Gomes, 1,75 m, que
como jogador atuou na posição
de armador, significa o reconhecimento do prestígio que ele alcançou ao defender essa mesma
universidade entre 1989 e 1993
-foi titular do time, chegou a
uma final e ganhou prêmios por
suas qualidades defensivas.
A trajetória de Gomes no basquete começou em 1973, no clube
Continental. Permaneceu lá até os
22 anos, quando transferiu-se para o Sírio, onde foi campeão brasileiro da temporada 88/89.
Em agosto de 1989, seguiu os
passos de dois colegas que estavam na OBU e se dirigiu para os
EUA. Passou a titular do time de
basquete no ano seguinte.
Em 1993, a equipe tornou-se
"número 1" (a mais bem ranqueada) da liga e foi à final -perdeu
para a Hawaii Pacific University.
De volta ao Brasil em 93, Gomes
teve passagem discreta pelo Report e, depois, pela Telesp.
No final de 95, decidiu parar de
jogar basquete e partiu para outro
ramo. "Trabalhei um ano com
vendas de telefones celulares."
Voltou às quadras em 97 para
dar "uma força" ao time de basquete de Osasco. Foi no segundo
semestre desse ano que recebeu
um telefonema que mudou o rumo de sua vida profissional.
"O técnico Bob Hoffman me
convidou para ser seu assistente
no time da OBU", contou Gomes.
De novo nos EUA, passou duas
temporadas (97/98 e 98/99) nessa
função. Na primeira delas, a OBU
novamente voltou a uma final da
Naia -foi derrotada pela Life
University, da Georgia.
O pior momento de Gomes nos
EUA aconteceu fora das quadras.
Em maio passado, teve de se refugiar, com sua mulher e sua filha
de 5 anos, em um abrigo, para escapar de um tornado que atingiu
Oklahoma (Meio-Oeste do país).
"Foram ventos de mais de 500
quilômetros por hora. Fomos para os porões, para debaixo da terra. Durou duas horas. Levou telhados, paredes. Detonou tudo."
Quatro meses depois do tornado, veio a boa notícia. Hoffman
assumiu um time de uma liga
mais forte, a NCAA, e o comando
do da OBU passou para Gomes.
Ele considera muito difícil outro
brasileiro atingir o patamar em
que se encontra, pois há preferência para a escolha de nomes locais.
"É o sonho do jogador americano dirigir uma equipe de basquete. E mais difícil ainda é comandar
o time que defendeu. Não é propaganda, mas sou estrangeiro."
Neste campeonato, a OBU não
contará com três atletas titulares
na última temporada -por terminarem seus cursos na universidade, tiveram de deixar o time.
Gomes buscou reforços na
NCAA que crê serem de qualidade, mas só o desenrolar desta temporada, na qual a equipe ainda
não perdeu, lhe dará essa certeza.
Por enquanto, o treinador não
se preocupa com sua credibilidade e com as cobranças da direção,
pois está confiante em manter o
bom desempenho dos últimos
anos da OBU. "O college (basquete universitário) é amador aos
olhos da NBA (liga profissional
norte-americana de basquete),
mas envolve muito dinheiro, fala-se que nossa universidade gasta
US$ 200 mil (cerca de R$ 400 mil)
por ano. Alguma confiança devem depositar em mim. Sou religioso e sempre rezo e agradeço a
Deus por essa oportunidade."
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