São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2005

Texto Anterior | Índice

FUTEBOL

Uma vitória devastadora

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Nem tinha um minuto de jogo e o Santos, com uma dupla de zaga risível, entregou o primeiro gol para Rosinei combinar com Tevez e receber de volta para abrir o marcador.
O Santos ainda empatou porque a defesa do Corinthians se recusava a subir nas bolas alçadas em sua área. Mas foi só.
Rosinei recebeu outro presente da zaga e deu para Carlitos Tevez fazer 2 a 1, como fez 3 e 4 a 1, esse último quando o Santos só tinha dez atletas, graças à justa expulsão de Rogério. Nilmar fez mais dois, Marcelo Mattos mais um, e o Corinthians arrasou um Santos mal escalado, desanimado, destroçado e, diga-se, leal, porque soube ser goleado sem apelar.
A diferença do Corinthians para os outros está na frente, em Tevez e Nilmar, porque os demais são como os demais de todos os concorrentes. Sim, nem defesa nem meio-campo do time (ainda mais sem Roger) se distinguem, mas a dupla de ataque é infernal.
Dupla que estará desfeita no próximo jogo, contra o Coritiba, em Curitiba, quando o líder do Brasileirão estará sem Carlitos Tevez, na seleção da Argentina que jogará amistosamente contra a da Inglaterra, só para que o corintiano tenha uma idéia da raiva que sentem os torcedores do Real Madrid, do Barcelona, do Milan, quando vêm os brasileiros se desgastarem em amistosos caça-níqueis. E olhe que lá os campeonatos páram em datas Fifa.
Menos mal, para o Corinthians, que Jô voltou e que, se sete é conta de mentiroso, o 7 a 1 histórico parece coisa de tetracampeão.
Rodrigo Bueno tem razão ao valorizar as competições internacionais. E é inegável que a Copa Sul-America pode pegar. Principalmente se, a exemplo da Copa da Uefa, que é disputada paralelamente à Copa dos Campeões da Europa, for realizada com a Libertadores. E com clubes diferentes, algo que não tem apoio entre os argentinos, por causa de Boca Jrs. e River Plate, que querem jogar tudo, sempre. E os argentinos mandam no futebol sul-americano, auxiliados pela língua.
Mas não nos iludamos com o sonho do reconhecimento internacional. Se nem a Libertadores dá aos clubes deste lado do mundo o reconhecimento necessário na Europa e na Ásia (que só tem olhos para os europeus, graças ao marketing), que dirá a Sul-Americana, cuja conquista significa pouco até por aqui. Ou alguém sairia de casa para ver o Cienciano, de Cuzco, primeiro campeão da Copa? Ou até o Once Caldas, que ganhou a Libertadores?
Nem mesmo o título mundial de clubes internacionaliza para valer nossos campeões. No máximo chama mais a atenção para que se tire algum atleta menos badalado para o mercado exterior. E isso acontece porque nosso calendário se imagina o único com o passo certo no planeta.
Imagine que o São Paulo venha a ser tri mundial. A festa será grande e ponto. Porque o tricolor não poderá, por exemplo, excursionar pela Europa para exibir seu time. Não haverá datas...

Bela idéia
Será lançado hoje, no Salão Nobre do Pacaembu, o Museu do Futebol, idéia do prefeito José Serra que merece aplauso. Com apoio da Fundação Roberto Marinho e da CBF, o dito país do futebol terá seu primeiro museu digno do nome para o esporte mais popular. Aleluia!

De saída
Não será surpresa para esta coluna se a AmBev desembarcar em breve (sem trocadilho) do patrocínio da seleção. A CBF já procura um novo parceiro.
Revisionismo Querer apagar as pedaladas de Robinho para cima de Rogério na final do Brasileirão-02, como o "Estadão" revelou, é parecido a tirar da história que Andrada ficou famoso mesmo por ser o goleiro do gol 1000 de Pelé.

blogdojuca@uol.com.br

Texto Anterior: Automobilismo: Andrade vence e adia decisão da F-Truck
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.