São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

Gênio perto do fim


Ronaldo não é igual ao que já foi, mas é isso o que ocorre com craques de todos os tipos e calibres


RONALDO FAZ hoje seu quinto jogo seguido, dos nove que pretende disputar até o fim do Brasileirão.
Sabe qual foi a última vez que ele participou de nove partidas seguidas, em qualquer campeonato nacional? Em maio de 1998, quando esteve presente em 21 jogos consecutivos da Inter, com 17 gols marcados. Na temporada seguinte, Ronaldo disputou as últimas oito partidas e marcou oito vezes. Nunca mais chegou nem perto.
Repetir a sequência de nove partidas consecutivas é um dos desafios de Ronaldo no fim de ano. O outro é ser campeão nacional, o que só conseguiu no Real Madrid em 2004 e 2007.
Se a carreira de Ronaldo não merece reparos, não há meio-termo quando se fala do que ele faz pelo Corinthians. Há os que exaltam e os que menosprezam. Poucos são os que descem de suas convicções e debruçam-se sobre seu desempenho.
Quem faz isso surpreende-se.
Disputou 23 dos 60 jogos do Corinthians, o equivalente a 42%. É pouco. Mas marcou 11 gols nessas 23 partidas, um a cada duas vezes em que entra em campo. No Brasileirão, disputou apenas sete partidas e marcou cinco vezes, três de pênalti. Em dois anos na Fazendinha, o Corinthians disputou 133 partidas, Ronaldo esteve em 61 (45%) e marcou 34 gols (média de 0,45). Na Inter de Milão, entre 1997 e 1998, no auge da forma, disputou 90 jogou e marcou 56 gols (média de 0,62).
Acontece com craques de todos os tipos e calibres as comparações com seu passado brilhante. Ronaldo está no penúltimo -ou último- ano de sua carreira. Em 1989, ano de sua despedida, Zico jogou 32 das 60 vezes em que o Flamengo entrou em campo (53%). Marcou oito gols.
Romário encerrou a carreira com glórias como seus 1.002 gols -soma desde o infantil- ou a artilharia do Brasileirão aos 40 anos. Mas, perto do fim, em 2004, disputou apenas 27 das 68 partidas do Fluminense (39%) e marcou 14 gols. Ninguém é gênio a vida toda, especialmente numa atividade onde o corpo é a matéria-prima.
Ronaldo descobriu tardiamente que a carga horária do jogador profissional é branda. Passou a ocupar as noites em reuniões da agência de marketing esportivo que montou em parceria com Anselmo Ramos, da multinacional da publicidade Ogilvy.
Esse será o próximo capítulo de sua biografia. Antes dele, pretende escrever a próxima página com o título brasileiro. No atual capítulo, o Corinthians, Ronaldo não é igual ao que foi um dia. É igual aos outros gênios perto do fim de carreira.

pvc@uol.com.br

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