São Paulo, sábado, 7 de novembro de 1998

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Sugestões para um novo futebol

JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas

˛ A crônica que escrevi no Dia das Bruxas, sobre a necessidade de mudarmos algumas das regras do futebol, repercutiu entre os leitores. Recebi vários e- mails e dividi as idéias entre aproveitáveis e absurdas. Hoje, na medida em que o espaço permitir, citarei algumas das idéias aproveitáveis. Terça-feira será o dia das absurdas.
Ricardo Esparta volta ao tema do limite de faltas em 15 por equipe, mas acrescenta uma novidade: em vez do tiro da meia-lua, ele sugere a expulsão do jogador mais faltoso até então. Ele também propõe, para combater a violência, que o jogador que causar uma contusão grave fique de quarentena até a recuperação do companheiro de profissão. Concordo, mas devemos ter um júri para resolver questões complicadas, porque às vezes a contusão é fruto de uma jogada sem má intenção.
Roberto Leon, na esteira do basquete, sugere que um jogador substituído possa voltar a campo. Segundo ele, além de servir para descansar os atletas, a medida daria chance para o treinador passar instruções táticas sem precisar ficar berrando à beira do campo.
Também inspirado no basquete, Sérgio Velloso acha que as equipes deveriam ter um tempo mínimo para ultrapassar o meio do campo e, feito isso, não poderiam mais recuar a bola para o campo de defesa. Valeria a pena tentar.
Indo mais além, ele dá a sugestão de se eliminar a pequena e a grande área, ficando o campo dividido só por três grandes porções. Qualquer falta dentro da grande linha de defesa seria considerada pênalti. O tiro fatal seria dado da mesma distância de hoje. Como ele próprio diz, parece outro esporte, mas não deixa de ser interessante.
Juvêncio Mazzarollo argumenta que, a exemplo do vôlei, a bola só seja considerada fora de jogo quando tocar o chão.
Isso faria, com certeza, o jogo ficar mais rápido, porque, para evitar a parada de um lateral, os jogadores se esforçariam para repor a bola em jogo. Naturalmente as placas de publicidade teriam que ser recuadas.
Tal idéia também valeria para os escanteios, passando a valer a cobrança em curva pelo lado de fora. Aí, concordo, teríamos jogadas realmente mortais.
Mas a mais detalhada de todas as propostas foi a de Armando Silveira, que, num documento de oito páginas, apresenta uma série de sugestões para dinamização do futebol baseadas no princípio simples de que o objetivo do esporte é a marcação de gols e não o seu impedimento.
Não poderei fazer jus ao seu estudo, mas cito algumas passagens como a cronometragem do jogo em dois tempos de 30 minutos de bola corrida, a liberação do número de substituições, a divisão do campo em quatro zonas (sem possibilidade, na jogada de ataque, de recuo de bola para a zona antecedente) e o fim do impedimento.
De modo geral, essas propostas revelam um descontentamento com relação ao atual código de leis do futebol. A grande maioria dos leitores quer a coibição da violência e regras que façam o jogo ficar rápido e interessante. Se os cartolas vão se importar ou não, não sei. Porém essa insatisfação merece ser levada em conta pelos dirigentes. Mas talvez eles prefiram as sugestões da próxima terça.
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José Roberto Torero escreve às terças e sábados
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E-mail: torero@uol.com.br


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