São Paulo, sábado, 7 de novembro de 1998

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O PERSONAGEM
Meia-atacante diz que a "agonia está acabando'

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
da Reportagem Local

O meia-atacante Marcelinho, 27, demonstrou ontem confiança em ser reintegrado em breve ao time do Corinthians.
Segundo ele, diretores do clube estão apoiando sua volta à equipe, da qual foi desligado após discutir com o técnico Wanderley Luxemburgo. "Hoje (ontem) foi meu dia mais feliz desde que essa crise toda começou. As coisas estão caminhando, e minha agonia está acabando", afirmou.
Ainda assim, Marcelinho demonstrou nervosismo ao ser questionado sobre o possível pedido de desculpas que teria de fazer aos demais jogadores.
"Quem tem que decidir alguma coisa é o Wanderley, não os outros jogadores", afirmou.

Pergunta - O Gamarra quer que você peça desculpas na frente de todos os jogadores para poder ser aceito de novo pelo grupo. Você aceitaria fazer isso?
Marcelinho -
Quem tem que decidir alguma coisa é o Wanderley, não é o Gamarra, nem são os outros jogadores. O Wanderley é o comandante. Vou fazer o que for melhor para o grupo, mas não adianta forçar uma situação, simular alguma coisa, só para fingir que está tudo bem.
Eu faço o que o Wanderley manda, porque ele é o meu comandante, é o comandante do Gamarra e de todos os outros.
Pergunta - Se você for pedir desculpas para o grupo, o que irá dizer?
Marcelinho -
Veja bem: eu sempre segui a filosofia do Wanderley. Estou desde janeiro dentro da filosofia do Wanderley, ninguém tem nada para falar de mim...
Pergunta - Mas houve um incidente, como você faz questão de dizer, e por ele você deve alguma explicação...
Marcelinho -
Vocês querem jogar um contra o outro. Querem criar crise, quando a situação do grupo está boa. Não vou falar sobre algo que ocorreu há 14 dias.
Por que vocês não perguntam sobre minha disciplina no campo? Antes eu recebia amarelos, vermelhos... Agora não, porque o Wanderley me disciplinou. Ele é o homem que me levou à seleção. Devo muito a ele.
As pessoas são muito maldosas, inventam um montão de inverdades. Procuro nem ler jornais para não me irritar.
Pergunta - Você teve uma reunião com o diretor Luiz Henrique de Menezes para tratar de sua ida a Atibaia?
Marcelinho -
Não posso falar, mas foi mais uma conversa do que uma reunião. As coisas estão caminhando muito bem. Hoje foi meu dia mais feliz desde que essa crise toda começou. Quem pode falar é o Wanderley.
Pergunta - Mas você está mais perto de Atibaia?
Marcelinho -
Acho que sim. Vocês são inteligentes e sacam o que está acontecendo ou prestes a acontecer...
Pergunta - Você teve contatos com diretores ou jogadores?
Marcelinho -
Com os diretores sim, estamos conversando, eles querem que eu volte, mas vamos deixar a coisa fluir naturalmente. Com os jogadores, eu vejo os recados deles mais pela televisão. Eles não me ligam para falar de crise porque o Corinthians vive um bom momento, e ninguém gosta de falar de coisa ruim. O importante é que as coisas estão clareando, e minha agonia está acabando.
Pergunta - Quando você volta a treinar?
Marcelinho -
Amanhã (hoje), às 8h da manhã, aqui no Parque São Jorge.
Pergunta - Esse treino já não pode ser em Atibaia?
Marcelinho -
Depende do Wanderley. O que ele determinar, eu acato. Dentro da linha do profissionalismo que ele implantou, ninguém pode reclamar. Fui punido e durante os 14 dias treinei sem deixar de cumprir minhas responsabilidades com o clube.
Pergunta - Como é que estão sendo esses dias de isolamento?
Marcelinho -
Estou muito concentrado no meu trabalho. Mas vivo um drama muito grande, porque estou querendo voltar para o grupo. É difícil você ficar 14 dias calado, só trabalhando, o tempo inteiro trancado dentro de casa.
Pergunta - Se o Wanderley Luxemburgo fosse colocá-lo para jogar amanhã, por 90 minutos, você teria condições?
Marcelinho -
Não sei, pois não fiz um coletivo nesses 14 dias. Não sei se aguento 90 minutos.



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