São Paulo, sábado, 07 de dezembro de 2002

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Com Parreira e Leão, torneio coloca holofotes da decisão nos treinadores depois de três anos

Brasileiro vê ressurreição dos supertécnicos na final

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de três anos, o Campeonato Brasileiro volta a ter uma decisão com supertécnicos.
No lugar de estreantes, como o então corintiano Oswaldo de Oliveira em 1999, quase anônimos, como o atleticano Humberto Ramos, também em 1999, e nomes que não estamparam as manchetes na década passada, como Geninho e Jair Picerni em 2001, a final entre Corinthians e Santos vai reunir dois dos nomes mais famosos da prancheta no país.
Carlos Alberto Parreira, 59, e Emerson Leão, 53, já dirigiram a seleção brasileira e conquistaram o Nacional, sendo que o segundo também como jogador.
Só em 1991, com o próprio Parreira, então no Bragantino, e Telê Santana, do São Paulo, uma final do certame teve dois ex-treinadores da seleção e dois ex-campeões nacionais enfrentando-se.
Leão e Parreira estão no grupo de treinadores que ofuscam jogadores famosos e recebem tratamento diferenciado.
Durante a Copa, o Corinthians, por exemplo, deu folga para seu treinador, que está nos planos da CBF para assumir novamente a seleção, acompanhar o torneio na Ásia. No Santos, Leão está no topo do ranking de salários.
Com prestígio, os dois trabalham com uma comissão técnica formada por homens de confiança. Parreira trouxe o preparador físico Moraci Sant'Anna, com quem formou dupla na seleção brasileira e em vários clubes.
Já Leão não abriu mão de Pedro Santilli, que foi seu preparador de goleiros no time nacional.
Apesar de personalidades diferentes -um aposta na diplomacia e outro tem um estilo quase militar de mandar-, Parreira e Leão, os mais procurados para entrevistas após treinos e jogos, comandam tudo em seus clubes.
Por preferência de seu treinador, o Corinthians já trocou o Pacaembu pelo Morumbi em vários confrontos importantes.
No clube do litoral, Leão influencia até no local de concentração. Ele também critica a diretoria com frequência. Agora, por exemplo, está irritado com a não-marcação de um dos jogos da final para o estádio da Vila Belmiro.
A figura do supertécnico surgiu com força no país nos anos 90. Começou com Telê Santana e teve seu auge com Wanderley Luxemburgo, que assumiu até a função de "manager" no Corinthians.
Com tanta fama e poder, passaram a receber salários antes reservados apenas para grandes jogadores. Luiz Felipe Scolari, por exemplo, chegou a ganhar mais de R$ 300 mil mensais no Cruzeiro, seu último emprego antes de assumir a seleção e levar o penta.
A crise financeira fez com que muitos ficassem desempregados, como o próprio Luxemburgo.
Agora, com o sucesso de Scolari na seleção e a definição dos finalistas do Brasileiro, ganham fôlego para voltarem ao topo.
O duelo entre Corinthians e Santos também será um confronto entre professor e aluno.
Leão foi jogador de Parreira na seleção em 1983. O atual comandante corintiano chamou então o goleiro, esquecido por Telê no Mundial da Espanha, para ser o titular na sua primeira passagem pela seleção brasileira.


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