São Paulo, sábado, 07 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Maior que a idade do astro Diego, fila do Santos encara histórico de só títulos estaduais romperem anos de fracasso

Jejum santista encara maldição nacional

DA REPORTAGEM LOCAL

O Santos quer acabar com seu jejum de 18 anos sem títulos de primeira linha neste Brasileiro-2002, mas contra ele existe um histórico ruim: o troféu nacional nunca tirou um time da fila.
Foi assim nos 23 anos de tristezas corintianas (1954-1977), nos 21 anos botafoguenses (1968-1989), nos 17 anos palmeirenses (1976-1993), nos 10 anos fluminenses (1985-1995) e até nos 8 anos gremistas (1969-1977).
Todas essas famosas abstinências de taças foram quebradas com conquistas estaduais. Um exemplo clássico é o Corinthians, que perdeu a final do Brasileiro-1976 para vencer o Paulista-1977.
O próprio Santos experimentou essa "maldição" em 1995, ao deixar escapar o título nacional diante do Botafogo, quando seu jejum era de "apenas" 11 anos.
O longínquo último troféu de relevância do time praiano foi em dezembro de 1984, quando Serginho Chulapa marcou no Morumbi o gol do título sobre o Corinthians para ficar com o Campeonato Paulista daquele ano.
O meia Diego, astro do atual time, nem era nascido quando o Santos teve seu êxito. "Ouço isso desde o primeiro dia que cheguei aqui. Vencer, além de ser uma satisfação pessoal, é um prêmio para essa torcida", afirmou o jogador com data de nascimento em 28 de fevereiro de 1985.
Por outro lado, o atacante Alberto lembra muito bem o título de 1984, afinal, herdou do pai sua paixão pela equipe alvinegra.
"Eu tinha nove anos e foi o primeiro campeonato que acompanhei inteiro, sabendo o time de cor. Para a final, até preparamos um guerra de frutas, farinhas e ovos podres para acertar os corintianos", lembra o atleta natural de Campo Grande (MS).
O mais velho dos titulares ao lado do lateral-esquerdo Leo, Alberto diz às vezes estranhar a juventude do restante de seus companheiros, principalmente seu colega de quarto nas concentrações, Robinho, 18. "A cultura esportiva deles é menor. Por isso, ele assistem muito à televisão, querem ver videoteipes de jogos até de madrugada. Isso quando não estão jogando videogame. Tenho de pedir para desligar para poder dormir", disse o veterano.
Alberto disse ter sempre pedido a seu empresário para colocá-lo no Santos, mas a oportunidade para o jogador, que já passou por Palmeiras, Inter-RS, Náutico e Rio Branco, só aconteceu em meados deste ano.
"Foi uma sorte ter chegado aqui com essa boa safra saindo dos juniores", disse o atacante, que renega comparações com Serginho Chulapa, um atacante canhoto como ele. "Cada um faz sua história. Eu ainda estou escrevendo a minha", completou.
A mística do local do jogo também ajuda. Apesar das reclamações do técnico Emerson Leão, a diretoria do Santos vê uma vantagem histórica de jogar as duas finais no estádio do Morumbi.
"Nossos maiores títulos foram conquistados fora da Vila Belmiro. Os dois últimos foram no Morumbi", afirmou o diretor de futebol Francisco Lopes, sobre os troféus paulistas de 1984 e 1978.
Nesses anos de jejum, a equipe santista ergueu taças de menor expressão, como a Copa Rio-São Paulo de 1997 ou a Taça Conmebol de 1998 -esta última na passagem anterior de Leão. Mas essas conquistas não satisfizeram a torcida, que ontem abarrotou a saída do treino. "Vai lá Diego, traz esse título", disse um torcedor ao meia, mostrando a dimensão dos dois próximos jogos. (RODRIGO BERTOLOTTO E RODRIGO BUENO)


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