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FUTEBOL
Maior que a idade do astro Diego, fila do Santos encara histórico de só títulos estaduais romperem anos de fracasso
Jejum santista encara maldição nacional
DA REPORTAGEM LOCAL
O Santos quer acabar com seu
jejum de 18 anos sem títulos de
primeira linha neste Brasileiro-2002, mas contra ele existe um
histórico ruim: o troféu nacional
nunca tirou um time da fila.
Foi assim nos 23 anos de tristezas corintianas (1954-1977), nos
21 anos botafoguenses (1968-1989), nos 17 anos palmeirenses
(1976-1993), nos 10 anos fluminenses (1985-1995) e até nos 8
anos gremistas (1969-1977).
Todas essas famosas abstinências de taças foram quebradas
com conquistas estaduais. Um
exemplo clássico é o Corinthians,
que perdeu a final do Brasileiro-1976 para vencer o Paulista-1977.
O próprio Santos experimentou
essa "maldição" em 1995, ao deixar escapar o título nacional diante do Botafogo, quando seu jejum
era de "apenas" 11 anos.
O longínquo último troféu de
relevância do time praiano foi em
dezembro de 1984, quando Serginho Chulapa marcou no Morumbi o gol do título sobre o Corinthians para ficar com o Campeonato Paulista daquele ano.
O meia Diego, astro do atual time, nem era nascido quando o
Santos teve seu êxito. "Ouço isso
desde o primeiro dia que cheguei
aqui. Vencer, além de ser uma satisfação pessoal, é um prêmio para essa torcida", afirmou o jogador com data de nascimento em
28 de fevereiro de 1985.
Por outro lado, o atacante Alberto lembra muito bem o título
de 1984, afinal, herdou do pai sua
paixão pela equipe alvinegra.
"Eu tinha nove anos e foi o primeiro campeonato que acompanhei inteiro, sabendo o time de cor. Para a final, até preparamos
um guerra de frutas, farinhas e
ovos podres para acertar os corintianos", lembra o atleta natural de
Campo Grande (MS).
O mais velho dos titulares ao lado do lateral-esquerdo Leo, Alberto diz às vezes estranhar a juventude do restante de seus companheiros, principalmente seu
colega de quarto nas concentrações, Robinho, 18. "A cultura esportiva deles é menor. Por isso, ele assistem muito à televisão,
querem ver videoteipes de jogos
até de madrugada. Isso quando
não estão jogando videogame.
Tenho de pedir para desligar para
poder dormir", disse o veterano.
Alberto disse ter sempre pedido
a seu empresário para colocá-lo
no Santos, mas a oportunidade
para o jogador, que já passou por
Palmeiras, Inter-RS, Náutico e
Rio Branco, só aconteceu em
meados deste ano.
"Foi uma sorte ter chegado aqui
com essa boa safra saindo dos juniores", disse o atacante, que renega comparações com Serginho
Chulapa, um atacante canhoto
como ele. "Cada um faz sua história. Eu ainda estou escrevendo a
minha", completou.
A mística do local do jogo também ajuda. Apesar das reclamações do técnico Emerson Leão, a
diretoria do Santos vê uma vantagem histórica de jogar as duas finais no estádio do Morumbi.
"Nossos maiores títulos foram
conquistados fora da Vila Belmiro. Os dois últimos foram no Morumbi", afirmou o diretor de futebol Francisco Lopes, sobre os troféus paulistas de 1984 e 1978.
Nesses anos de jejum, a equipe
santista ergueu taças de menor
expressão, como a Copa Rio-São
Paulo de 1997 ou a Taça Conmebol de 1998 -esta última na passagem anterior de Leão. Mas essas
conquistas não satisfizeram a torcida, que ontem abarrotou a saída
do treino. "Vai lá Diego, traz esse
título", disse um torcedor ao
meia, mostrando a dimensão dos
dois próximos jogos.
(RODRIGO BERTOLOTTO E RODRIGO BUENO)
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