São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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Clube dos 13 decide no RS sua posição sobre impasse da final do Nacional
Final da JH recomeça hoje


Associação deve definir pela realização de uma nova partida entre Vasco e São Caetano, mas a decisão final será do STJD, amanhã


DA REPORTAGEM LOCAL

Interrompida aos 23min do primeiro tempo do dia 30 de dezembro, quando a queda de um alambrado deixou 210 feridos, a decisão da Copa João Havelange entre Vasco e São Caetano terá hoje o primeiro lance para pôr fim ao impasse que deixou vago o título de campeão brasileiro de 2000.
Em Porto Alegre, cidade onde está instalada a sede do Clube dos 13, promotor do torneio, se reunirão os sete integrantes do Comitê Executivo da entidade, que congrega as maiores equipes do país.
O objetivo do encontro é formalizar a decisão da associação sobre o impasse que perdura desde a tragédia de São Januário.
A deliberação do Clube dos 13 é um dos subsídios -talvez o principal- que o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) utilizará para decidir o que será feito. Prevalecerá a resolução do tribunal, que se reunirá amanhã.
A final da Copa JH estava empatada em 0 a 0 quando foi interrompida pelo árbitro Oscar Roberto Godoi. O primeiro jogo da decisão, realizado em São Paulo, terminou empatado em 1 a 1.
Após a suspensão da segunda final, os jogadores do Vasco, por determinação da diretoria, roubaram a taça de campeão e deram a volta olímpica, declarando-se os vencedores, enquanto os dirigentes do São Caetano afirmaram que aceitariam dividir o título -o vice-presidente chegou a dizer que o clube se contentaria com o vice-campeonato.
Como a atitude dos vascaínos teve péssima repercussão na opinião pública, no mundo esportivo e até entre políticos, o cenário mudou radicalmente.
Recorrendo ao regulamento e à legislação esportiva, que dizem que o time causador da paralisação de um jogo deve perder os pontos, o São Caetano agora diz que tem que ser declarado o único campeão, enquanto o Vasco passou a defender a realização de uma nova partida.
Inicialmente, o presidente do STJD, Luiz Zveiter, afirmou que, "se o Clube dos 13 decidisse com bom senso", o tribunal poderia até referendar a decisão do Comitê Executivo da entidade. Depois, declarou que a deliberação do STJD independeria da da associação de clubes.
A menos que ocorra uma surpresa, o Comitê Executivo deverá decidir pela realização de um novo jogo para apontar o campeão brasileiro de 2000.
Esta opção, inicialmente rejeitada por quase todos os envolvidos no impasse, é a preferida de pelo menos três dos sete integrantes do Comitê Executivo -composto por representantes de Palmeiras, Bahia, Vasco, Coritiba, Internacional e Atlético-MG, além do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, que só dará o seu voto hoje em caso de empate.
Defendem abertamente a idéia de uma nova partida o Bahia (representado pelo presidente do Conselho Deliberativo, Paulo Maracajá), o Atlético-MG (que mandará a Porto Alegre o seu presidente, Nélio Brant) e o próprio Vasco, que tem como representante o presidente eleito do clube, Eurico Miranda.
Um dos empecilhos para a realização de um novo jogo foi parcialmente sanado ontem: o Vasco "cassou" parte das férias dos seus titulares, que terão que se reapresentar hoje.
Até agora, o São Caetano não alterou a sua programação, que prevê a reapresentação do elenco para a próxima quinta-feira.
Outro problema, a falta de um estádio no Rio para abrigar uma nova final -São Januário foi interditado após o acidente-, também caminha para ser solucionado: as reformas do Maracanã foram apressadas para que o maior estádio do Brasil possa receber uma provável decisão.
Ainda há contudo, alguns obstáculos para que uma nova final seja realizada. O maior deles é a rejeição da televisão à idéia.
Conforme antecipou a Folha na última quinta-feira, a TV Globo, que detém os direitos exclusivos de transmissão da Copa João Havelange e a exploração da publicidade estática nos gramados, é contrária a uma nova final, defendendo que o regulamento defina quem será o campeão.


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