São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2001

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VÔLEI
Multas e turbulências

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

A Superliga Nacional desta temporada conseguiu se superar com um regulamento que provoca mais discussões do que os jogos. Depois da "lei do silêncio" instituída há alguns anos, a novidade é a criação de multas para tudo: de problemas de infra-estrutura dos ginásios a detalhes como camisas fora do calção.
Algumas exigências, como cadeiras acopladas e fixadas em estruturas metálicas para o banco de reservas, são questionáveis até por questão de segurança. Ao buscar uma bola no jogo, o atleta corre o risco de se machucar ao se chocar com uma estrutura fixa. Atualmente, são usadas cadeiras de plástico.
Há cerca de quatro anos, o atacante Bozquinho sofreu um ferimento sério no pulso direito ao bater em uma das placas publicitárias do ginásio da Ulbra, que na época tinham suporte de metal. Desde então, essa estrutura foi trocada por espuma. Agora, o risco de segurança passa das placas para as cadeiras.
No Banespa, por exemplo, há até uma determinação do clube de não instalar as cadeiras acopladas por uma questão de segurança, levando-se em conta que não há registro, no passado, de acidentes com esse tipo de equipamento no ginásio. Mas a cada jogo, sem cumprir o regulamento, o clube é multado em R$ 500.
A lista de ações sujeitas à multa é extensa. Quem quebrar a "lei do silêncio" e fizer críticas que "denigram a imagem da Superliga e da CBV" recebe R$ 1.000 de multa. Do mesmo valor é a punição ao técnico que ficar sentado ou não saudar o público quando anunciado no protocolo oficial de jogo.
O responsável pelas novidades é Antônio Feitosa, o gerente da Superliga. Segundo informações da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), o presidente Ary Graça delegou todas as ações da competição para Feitosa.
O que parece mais importante, contudo, não é ficar discutindo em quais itens seriam corretas ou não as punições e as multas, mas o processo pelo qual são tomadas as decisões na Superliga. Como é possível o torneio ser regido por um regulamento que contraria a maioria dos 23 times inscritos?
Hoje, os clubes de São Paulo vão se reunir na Federação Paulista para discutir a posição a ser tomada em relação às multas. Para o esporte, que tem tradição de não questionar determinações de entidades como a CBV, essa reunião é um avanço.
O certo é que essa história só tem um perdedor: o vôlei brasileiro. O esporte já não vai bem de resultados: o masculino naufragou com o sexto lugar em Sydney. Agora temos uma Superliga com clubes mais insatisfeitos.
Para não dizer que não falei das flores, a rodada do final de semana mostrou que o modesto Santo André é a sensação do Superliga: venceu a Ulbra, em Canoas. Dirigido pelo ex-levantador do Pirelli Marcelo Madeira, o time havia derrubado outros favoritos como Suzano e Banespa.
A fórmula do time, da terra do saudoso Pirelli, tem sido um saque potente, um jogo com poucos erros, muita defesa e eficiência no ataque (com a dupla Lorena e Gaúcho). O Santo André é o time paulista com a melhor campanha: está em terceiro lugar, atrás de Minas e de Vasco.

Italiano
O Macerata, do brasileiro Nalbert, permanece entre os quatro primeiros colocados do Italiano. Na segunda rodada do returno, o time venceu o Forli, lanterna do torneio, por 3 sets a 1 e acumula 12 vitórias em 15 jogos. O líder é o Cuneo, do levantador e técnico De Giorgi. O Treviso, que foi surpreendido pelo Milano, perdeu a vice-liderança para o Modena, do atacante Giani e do norte-americano Lloy Ball.

Bonitão
O argentino Marcos Milinkovic foi eleito o jogador mais bonito do Campeonato Italiano. A votação foi pela Internet. Milinkovic, 29 anos e 2,02 m, teve 32,03% dos votos. Em segundo lugar, com 30,07%, ficou outro estrangeiro: o levantador iugoslavo Nikola Grbic, campeão olímpico em Sydney-2000. Com 14,38%, o italiano Giani foi o terceiro mais votado.

E-mail cidasan@uol.com.br



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