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FUTEBOL
Técnico leva à Europa a estratégia, já usada no Cruzeiro e no Santos, de afastar atletas para que melhorem preparo
"Geladeira" de Luxemburgo espreita Real
RICARDO PERRONE
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
A nova comissão técnica do
Real Madrid planeja colocar alguns dos galácticos na "geladeira". A estratégia é afastar por pelo
menos uma semana da equipe
quem render pouco.
Nesse período, o jogador fará
treinos físicos e técnicos separadamente, até ser considerado apto a voltar ao time. A idéia é fazer a
operação com um de cada vez.
O plano atende à exigência da
diretoria, que, ao contratar Vanderlei Luxemburgo, pediu para
que ele colocasse em prática a linha dura, que seria adotada com
ele ou outro treinador no posto.
"Fizemos isso no Cruzeiro, tiramos o Alex, e ele voltou arrebentando. Fomos campeões. Assim
como o Elano no Santos", disse o
preparador físico Antônio Mello.
Ronaldo é um dos que estão na
mira da comissão técnica. O atacante está acima do peso, mas, segundo Mello, que o considera forte e não revela as medidas do atleta, já começou a emagrecer.
A forma física do atacante já incomoda dirigentes do clube. Arrigo Sacchi, vice de futebol, afirmou
que "é claro que Ronaldo precisa
perder alguns quilos".
Segundo Mello, a estratégia de
isolar jogadores será usada quando a comissão técnica sentir que
"a seqüência de jogos do time está
prejudicando o desempenho físico e técnico deles".
Luxemburgo e sua equipe não
comentam o assunto publicamente, mas, após uma semana de
trabalho no estrelar time, chegaram à mesma conclusão que levou os dirigentes a encomendarem medidas disciplinares enérgicas: faltava comando e treinamento aos galácticos.
O treinador brasileiro não fala
abertamente, mas considera que
os métodos de trabalho de seus
antecessores estavam defasados
em relação aos brasileiros.
Entre eles estão o costume de
treinar apenas em um período
(Mariano García Remón já recebera orientação de fazer jornadas
duplas, se ficasse no cargo), o excesso de minicoletivos nos treinos
e os raros trabalhos de fundamentos. Chutes a gol e cruzamentos
quase nunca eram ensaiados.
"Antes a gente fazia um trabalho tático por semana. O Real era
só um grupo de grandes jogadores, com o Vanderlei é um time.
Antes só tinha bons atletas, faltava
organização em campo", declarou Roberto Carlos, desafeto de
Remón, que permanece no clube.
A nova comissão técnica demorou pouco tempo para eleger também a falta de preparo físico como um dos problemas do time.
Os jogadores mostraram dificuldades nos treinos e até no
aquecimento para os seis minutos
complementares contra a Real
Sociedad, na quarta-feira. Foram
25 minutos de trabalho antes de o
jogo começar. Tempo suficiente
para Ronaldo dizer a Mello que
não estava agüentando a preparação -sentia-se sufocado.
Na conversa com os atletas antes da apresentação, Luxemburgo
fez referência aos treinos puxados. "Não está doendo só em alguns de vocês, está doendo em todos, mas vai ser melhor para o time", afirmou o treinador.
O estafe de Luxemburgo avalia
que os astros do Real não confiavam na capacidade dos outros
treinadores, não os respeitavam.
Os brasileiros evitam falar do
trabalho feito antes no Real por
temerem detonar uma guerra
com os técnicos espanhóis. Reservadamente, porém, dizem dominar o que há de mais moderno em
tática e preparação física.
A estrutura encontrada no milionário clube também parece
não ter impressionado Luxemburgo e seus companheiros.
"Acabei de chegar, não vou comparar a estrutura daqui com a do
Brasil porque, o que sair no jornal
lá, vai chegar aqui rápido e esse tipo de comparação desgasta."
Além de Mello, ele está acompanhado pelo auxiliar Marcos Teixeira. No segundo semestre,
quando termina a temporada, deve pedir mais colaboradores. Não
descarta indicar um psicólogo para o clube espanhol.
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