São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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CIDA SANTOS

Novos tempos


A ordem dos levantadores é acelerar o jogo. O modelo é Ricardinho, que revolucionou o esporte no ano passado


D EPOIS DA INCRÍVEL velocidade do jogo exibido pelo Brasil no Mundial do Japão, o vôlei não será mais o mesmo. Neste novo ano, a palavra de ordem dos técnicos para os levantadores será acelerar o jogo. O modelo é o canhoto Ricardinho, 1,91 m, o levantador que revolucionou esse esporte em 2006.
Em entrevista por e-mail, Ricardinho comenta que acha praticamente impossível fazer o time jogar mais veloz ainda do que no Japão. Acredita que o Brasil chegou quase ao limite da velocidade. Ele tem razão. É difícil imaginar uma equipe jogando mais rápido do que a seleção brasileira.
Ousadia nunca faltou para Ricardinho. No início da carreira, já era difícil prever para onde ele iria levantar a bola. O "maluco" com o tempo refinou a técnica, a capacidade de leitura de jogo e virou um gênio. Fez o que parecia impossível: em 2003, colocou o grande Maurício no banco de reservas. Hoje, é o capitão do time de Bernardinho e o grande diferencial da equipe, que ganha tudo no vôlei: campeão olímpico e bicampeão mundial. Está certo que ele também conta com a recepção primorosa de Escadinha e atacantes rápidos e extremamente habilidosos como Giba, Dante, Gustavo e os dois Andrés.
Gênio na quadra e também com o gênio mais difícil da seleção. Ele cobra firme dos companheiros nas partidas e, algumas vezes, colhe conflitos. Foi assim no Mundial do Japão, quando discutiu com Escadinha e Gustavo. Foi assim na Liga Mundial de 2004, quando discutiu com o técnico Bernardinho. Aos 31 anos, fala que a partir de agora, a cada campeonato, já pensa que será o seu último pela seleção.
O certo é que até os Jogos de Pequim, em 2008, o levantador deve continuar no time: ele fez um pacto com o atacante Giba de disputarem juntos a próxima Olimpíada. Mas Ricardinho agora quer um descanso da seleção para ficar um pouco mais com a família. "Irei negociar com o Bernardo meu descanso apenas. Primeiro, vou bater um papo com ele, por telefone, para tentar resolver o que for melhor para a seleção."
Em 2007, o Brasil vai disputar Pan-Americano, Liga Mundial, Sul-Americano, Copa América e Copa do Mundo. Ricardinho considera mais importante o Pan-Americanos, único título que falta à seleção atual, e a Copa do Mundo, classificatória para a Olimpíada. São esses torneios que ele deve querer jogar. Na Itália, Ricardinho diz que a rivalidade contra os jogadores daquele país a cada ano aumenta mais. E ele terá que suportá-la ainda por muito tempo. O seu contrato com o Modena é por mais cinco anos.
Entre um jogo e outro, Ricardinho já trabalha no projeto de escrever um livro. Ele quer contar tudo o que passou nas quadras e fora delas. E, como sempre, não tem dúvida de sua habilidade. "Será, com certeza, um ótimo livro", diz o levantador.

QUE FASE!
Giba não pode reclamar da vida. Nos últimos anos, foi eleito o melhor jogador da Olimpíada, do Mundial e melhor atleta brasileiro de 2006. Agora, pode ganhar outra eleição: a de melhor jogador do ano, na enquete do site volleyball.it.

A DISPUTA
O maior adversário de Giba é o sérvio Miljkovic. A votação vai até dia 31. O endereço para votar é: www.volleyball.it/html/pagine/2006- awards-volleyball.cfm.

A DESPEDIDA
O meio-de-rede Douglas, 36 anos e campeão olímpico nos Jogos de Barcelona, em 1992, anunciou sua despedida das quadras nesta semana. Ele passou por uma cirurgia no joelho em 2006 e estava se recuperando, mas decidiu encerrar a carreira. Agora, quer ser treinador.

cidasan@uol.com.br


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