São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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extracampo

Conflito em Gaza vitima esporte

Algumas modalidades já sofrem efeitos da ofensiva de Israel contra Hamas, iniciada no mês passado

Tenista precisa de esquema especial de segurança para disputar torneio, enquanto time israelense é expulso de ginásio em jogo de basquete


Greg Bowker/Associated Press
A israelense Shahar Peer deixa quadra após vitória em Auckland

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ataques israelenses aos palestinos na faixa de Gaza começam a atingir as quadras e os campos. Basquete, futebol e tênis foram os primeiros esportes a sofrerem os efeitos da ofensiva de Israel sobre a Palestina para combater o Hamas, que controla a região há 18 meses.
Ontem, a principal tenista de Israel, Shahar Peer, 21, precisou de forte esquema de segurança para atuar no Torneio de Auckland, na Nova Zelândia.
A 39ª do ranking mundial ignorou carta da ONG Paz e Justiça, que pediu a ela que boicotasse o evento como protesto aos ataques à faixa de Gaza. "Às vésperas do início do torneio, escrevemos a Shahar pedindo a ela que respeitasse o chamado internacional e entendesse o boicote a Israel se retirando da competição", contou John Minto, militante da ONG.
A ofensiva de Israel, iniciada em 27 de dezembro, já custou a vida de mais de 700 palestinos e gerou cerca de 3.000 feridos.
Apesar da pressão, Peer bateu a tcheca Barbora Zahlavova por 2 sets a 1 (6/3, 4/6 e 6/2) e avançou às quartas-de-final.
Pouco depois de deixar a quadra, inquirida sobre as turbulências em seu país, ela respondeu que nada poderia fazer.
"Sou Shahar Peer. Vim aqui jogar tênis e é o que vou fazer amanhã [hoje]. Sou de Israel e me orgulho do meu país", disse a atleta, que serviu por dois anos no Exército israelense.
Hoje, Peer terá que enfrentar novos problemas extraquadra, além da rival, a russa Elena Dementieva, quarta do ranking e uma das favoritas ao título.
A Paz e Justiça promete realizar protestos em frente ao portão do clube de tênis onde é realizada a competição.
Sorte pior tiveram os jogadores do Bnei Hasharon, que foram impedidos, na noite de anteontem, de enfrentar o Turk Telekom, em Ancara, em rodada da Eurocopa de basquete.
O torneio, conhecido anteriormente como Copa da Uleb (União das Ligas Europeias de Basquete), é a segunda disputa de clubes mais importante do esporte no velho continente.
A equipe israelense até entrou em quadra na capital turca, mas teve que retornar em seguida aos vestiários diante da fúria do público, que ameaçou o elenco, obrigando policiais munidos de cassetetes a intervir.
Fora do ginásio o clima também era de guerra. "Israelenses assassinos, fora da Palestina", gritava em fúria a multidão, que tentava invadir a arena.
O irônico do episódio é que metade do elenco do Bnei Ha- sharon é formada por estrangeiros. Dos titulares, só o armador Meir Tapiro é israelense.
Dois outros integrantes do quinteto principal, o pivô Ousmane Cisse (Mali) e o ala Ugonna Onyekwe (Nigéria), são de países de maioria islâmica.
Os conflitos na faixa de Gaza já haviam feito a federação de futebol de Israel cancelar, no início da semana, as rodadas de todas as divisões do país.

Com agências internacionais



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