|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Técnico" de arbitragem provoca polêmica no RJ
Juízes receberão orientações antes e também durante as partidas do Estadual
Federação do Rio diz que "treinadores" de árbitros não questionarão decisões, mas terão a obrigação de tornar públicos os erros dos trios
ANDRÉ ZAHAR
DA SUCURSAL DO RIO
O Campeonato Estadual do
Rio vai lançar uma nova, e polêmica, figura à beira do campo: o
técnico de arbitragem. Espécie
de "treinador" de juízes e auxiliares, terá a missão de orientar
o trio, antes das partidas e no
intervalo, sobre aspectos técnicos, disciplinares e, principalmente, de posicionamento.
Como faz hoje o observador
de arbitragem, o técnico também vai elaborar após os jogos
um relatório sobre a atuação
dos três profissionais.
Ex-árbitro da Fifa, o presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol),
Jorge Paulo de Oliveira Gomes,
considera a figura do técnico
uma "inovação perigosa". Para
ele, juízes e auxiliares sofrerão
pressão ainda maior e ficarão
"mais expostos do que já estão".
"Cada árbitro tem uma característica própria. Se sofre influência de fatores externos,
pode perder a concentração e
passar a se preocupar com
aquilo que está sendo detectado pelo técnico como uma possível deficiência", diz Gomes.
A novidade é tratada como
um projeto-piloto pelo presidente da Comissão de Arbitragem da federação do Rio, Jorge
Rabello. Além dele, quatro ex-árbitros -José Carlos Santiago, Sérgio Cristiano do Nascimento, Sérgio de Oliveira Santos e João José Loureiro- foram escolhidos para a função.
Eles estarão em quatro dos oito
jogos de cada rodada em substituição aos observadores.
Rabello ressalta que o técnico de arbitragem poderia dinamizar o trabalho hoje realizado
pelo observador. Em vez de
aguardar o relatório para corrigir as falhas apontadas, o trio
poderia fazer os ajustes durante o jogo. Para o idealizador da
proposta, a intenção não é "sobrepor" o técnico aos árbitros.
"O técnico não estará à beira
do campo para questionar se
um lance foi pênalti ou não. Isso é interpretação de quem está
apitando. Mas, se ele for questionado sobre um lance duvidoso, terá obrigação de dizer à
imprensa se o árbitro estava
posicionado da maneira adequada", explica Rabello.
Os técnicos de arbitragem
vão receber a mesma taxa do
observador, que no Rio é de
R$ 500 por partida. Ao final do
campeonato, a federação pretende fazer um balanço do trabalho com questionários
preenchidos pelos juízes e avaliações de treinadores e jogadores. O estudo será enviado à
CBF e, depois, à Fifa.
O campeonato começa no
próximo dia 24, com o Vasco
enfrentando o Americano, em
São Januário. Rebaixada para a
segunda divisão do campeonato brasileiro, a equipe cruzmaltina aposta no Estadual para
iniciar sua reabilitação depois
de um catastrófico 2008. Assim
como o Botafogo, apostou em
jogadores desconhecidos para
tentar quebrar um jejum de
cinco anos sem conquistas.
A grande rivalidade deverá ficar entre Flamengo e Fluminense, que possuem os times
teoricamente mais fortes. Os
clubes lutam pela hegemonia
no Estado, já que cada equipe
tem 30 títulos. O Flamengo,
que tenta o quinto tricampeonato da história, aposta na base
de 2008 e terá praticamente o
mesmo time. O Fluminense fez
diversas contratações, apesar
de ter perdido jogadores importantes, como Washington e
o meio-campo Arouca.
Colaborou CIRILO JUNIOR,
da Folha Online, no Rio
Texto Anterior: Futebol: Argélia se solidariza com palestinos e paralisa campeonato Próximo Texto: Ex-árbitro diz que resistência é esperada Índice
|