São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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"Técnico" de arbitragem provoca polêmica no RJ

Juízes receberão orientações antes e também durante as partidas do Estadual

Federação do Rio diz que "treinadores" de árbitros não questionarão decisões, mas terão a obrigação de tornar públicos os erros dos trios


ANDRÉ ZAHAR
DA SUCURSAL DO RIO

O Campeonato Estadual do Rio vai lançar uma nova, e polêmica, figura à beira do campo: o técnico de arbitragem. Espécie de "treinador" de juízes e auxiliares, terá a missão de orientar o trio, antes das partidas e no intervalo, sobre aspectos técnicos, disciplinares e, principalmente, de posicionamento.
Como faz hoje o observador de arbitragem, o técnico também vai elaborar após os jogos um relatório sobre a atuação dos três profissionais.
Ex-árbitro da Fifa, o presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), Jorge Paulo de Oliveira Gomes, considera a figura do técnico uma "inovação perigosa". Para ele, juízes e auxiliares sofrerão pressão ainda maior e ficarão "mais expostos do que já estão".
"Cada árbitro tem uma característica própria. Se sofre influência de fatores externos, pode perder a concentração e passar a se preocupar com aquilo que está sendo detectado pelo técnico como uma possível deficiência", diz Gomes.
A novidade é tratada como um projeto-piloto pelo presidente da Comissão de Arbitragem da federação do Rio, Jorge Rabello. Além dele, quatro ex-árbitros -José Carlos Santiago, Sérgio Cristiano do Nascimento, Sérgio de Oliveira Santos e João José Loureiro- foram escolhidos para a função.
Eles estarão em quatro dos oito jogos de cada rodada em substituição aos observadores. Rabello ressalta que o técnico de arbitragem poderia dinamizar o trabalho hoje realizado pelo observador. Em vez de aguardar o relatório para corrigir as falhas apontadas, o trio poderia fazer os ajustes durante o jogo. Para o idealizador da proposta, a intenção não é "sobrepor" o técnico aos árbitros.
"O técnico não estará à beira do campo para questionar se um lance foi pênalti ou não. Isso é interpretação de quem está apitando. Mas, se ele for questionado sobre um lance duvidoso, terá obrigação de dizer à imprensa se o árbitro estava posicionado da maneira adequada", explica Rabello.
Os técnicos de arbitragem vão receber a mesma taxa do observador, que no Rio é de R$ 500 por partida. Ao final do campeonato, a federação pretende fazer um balanço do trabalho com questionários preenchidos pelos juízes e avaliações de treinadores e jogadores. O estudo será enviado à CBF e, depois, à Fifa.
O campeonato começa no próximo dia 24, com o Vasco enfrentando o Americano, em São Januário. Rebaixada para a segunda divisão do campeonato brasileiro, a equipe cruzmaltina aposta no Estadual para iniciar sua reabilitação depois de um catastrófico 2008. Assim como o Botafogo, apostou em jogadores desconhecidos para tentar quebrar um jejum de cinco anos sem conquistas.
A grande rivalidade deverá ficar entre Flamengo e Fluminense, que possuem os times teoricamente mais fortes. Os clubes lutam pela hegemonia no Estado, já que cada equipe tem 30 títulos. O Flamengo, que tenta o quinto tricampeonato da história, aposta na base de 2008 e terá praticamente o mesmo time. O Fluminense fez diversas contratações, apesar de ter perdido jogadores importantes, como Washington e o meio-campo Arouca.

Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online, no Rio



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