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AUTOMOBILISMO
Cabe ao brasileiro auxiliar Schumacher a ser campeão
Para Ferrari, função de
Barrichello será "ajudar"
do enviado a Maranello
Em seu primeiro evento sério na
Ferrari ao lado de Michael Schumacher, o brasileiro Rubens Barrichello ouviu ontem uma série de
elogios. Do seu companheiro de
equipe, dos dirigentes, dos engenheiros e técnicos ferraristas.
Mas todos na escuderia também fizeram questão de deixar
claro: pelo menos neste primeiro
ano, a tarefa de Barrichello é ajudar Schumacher a conquistar o
Mundial de Pilotos, título que a
Ferrari não conquista desde 1979.
"Acho que o Rubens será competitivo desde o início da temporada. Espero que ele me ajude no
campeonato", disse o alemão.
O francês Jean Todt, diretor esportivo da Ferrari, também usou
o verbo "ajudar" quando referiu-se ao piloto brasileiro.
"Temos confiança de que ele
pode nos ajudar a conquistar os
dois Mundiais, o de Pilotos e o de
Construtores", afirmou Todt.
Segundo Barrichello, seu contrato com a Ferrari não especifica
que ele seja o segundo piloto. O
prestígio de Schumacher no time,
porém, torna praticamente desnecessária essa cláusula.
Bicampeão da F-1 em 1994 e
1995, o alemão está na Ferrari desde 1996. Foi contratado junto à
Benetton, a peso de ouro, para encerrar o jejum de títulos da equipe. Hoje, recebe US$ 30 milhões
por ano só em salários, o que o
torna um dos esportistas mais
bem pagos do mundo. Seu contrato vai até 2002.
Barrichello chega agora ao time
italiano após uma bem-sucedida
temporada pela Stewart. Nunca
venceu um GP. Tem contrato até
2001 e deve receber, por ano, algo
em torno de US$ 5 milhões.
Ciente da influência que Schumacher exerce sobre o time, Barrichello ontem evitou falar no
Mundial de Pilotos. O grande objetivo do brasileiro na temporada
é vencer pela primeira vez na F-1
-o máximo que já conseguiu foram dois segundos lugares.
"Tenho certeza de que, com este
carro, vou conseguir minha primeira vitória na F-1. A primeira
de muitas", declarou o brasileiro,
ontem, em Maranello.
Antes do lançamento do F1-2000, o único evento da Ferrari
com a presença de sua nova dupla
de pilotos havia sido uma sessão
de fotos em uma estação de esqui
italiana, no mês passado.
Desde então, Barrichello passou
as últimas semanas no Brasil, descansando, preparando-se fisicamente e cumprindo compromissos comerciais. Schumacher estava em Dubai, nos Emirados Árabes, também empenhado na sua
preparação física.
Apenas se encontraram anteontem à noite, quando jantaram
num restaurante de Maranello,
acompanhados de suas respectivas mulheres.
"Com o Rubens, minha relação
pessoal vai ser igual ou melhor do
que a que eu tinha com o Eddie
(Irvine, antecessor do brasileiro
na equipe)", disse Schumacher.
"Temos uma maneira de viver
mais parecida."
Casado, com um casal de filhos,
o alemão sempre criticou a postura de Irvine, solteiro, playboy, fã
de cerveja Guiness e frequentador
de colunas sociais na Inglaterra.
"Espero que a gente continue se
dando bem. Nós ficaremos bem
próximos", disse o alemão.
A nova amizade, porém, tem limites. Pela primeira vez em cinco
anos pela Ferrari, Schumacher falou em italiano, e não em inglês,
durante a apresentação do carro.
O gesto pode ser entendido como uma manobra do alemão para
manter seu prestígio junto aos
torcedores. O sobrenome e o fato
de falar italiano com fluência são
os trunfos de Barrichello para ganhar espaço na equipe.
Quando um repórter sugeriu
que, por esses motivos, o brasileiro levaria vantagem no relacionamento com a equipe, o alemão,
rápido e incisivo, derrubou a tese.
"Isso não existe. Aqui dentro todo mundo fala inglês."
(FÁBIO SEIXAS)
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