São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2000


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AUTOMOBILISMO
Cabe ao brasileiro auxiliar Schumacher a ser campeão
Para Ferrari, função de Barrichello será "ajudar"

do enviado a Maranello

Em seu primeiro evento sério na Ferrari ao lado de Michael Schumacher, o brasileiro Rubens Barrichello ouviu ontem uma série de elogios. Do seu companheiro de equipe, dos dirigentes, dos engenheiros e técnicos ferraristas.
Mas todos na escuderia também fizeram questão de deixar claro: pelo menos neste primeiro ano, a tarefa de Barrichello é ajudar Schumacher a conquistar o Mundial de Pilotos, título que a Ferrari não conquista desde 1979.
"Acho que o Rubens será competitivo desde o início da temporada. Espero que ele me ajude no campeonato", disse o alemão.
O francês Jean Todt, diretor esportivo da Ferrari, também usou o verbo "ajudar" quando referiu-se ao piloto brasileiro.
"Temos confiança de que ele pode nos ajudar a conquistar os dois Mundiais, o de Pilotos e o de Construtores", afirmou Todt.
Segundo Barrichello, seu contrato com a Ferrari não especifica que ele seja o segundo piloto. O prestígio de Schumacher no time, porém, torna praticamente desnecessária essa cláusula.
Bicampeão da F-1 em 1994 e 1995, o alemão está na Ferrari desde 1996. Foi contratado junto à Benetton, a peso de ouro, para encerrar o jejum de títulos da equipe. Hoje, recebe US$ 30 milhões por ano só em salários, o que o torna um dos esportistas mais bem pagos do mundo. Seu contrato vai até 2002.
Barrichello chega agora ao time italiano após uma bem-sucedida temporada pela Stewart. Nunca venceu um GP. Tem contrato até 2001 e deve receber, por ano, algo em torno de US$ 5 milhões.
Ciente da influência que Schumacher exerce sobre o time, Barrichello ontem evitou falar no Mundial de Pilotos. O grande objetivo do brasileiro na temporada é vencer pela primeira vez na F-1 -o máximo que já conseguiu foram dois segundos lugares.
"Tenho certeza de que, com este carro, vou conseguir minha primeira vitória na F-1. A primeira de muitas", declarou o brasileiro, ontem, em Maranello.
Antes do lançamento do F1-2000, o único evento da Ferrari com a presença de sua nova dupla de pilotos havia sido uma sessão de fotos em uma estação de esqui italiana, no mês passado.
Desde então, Barrichello passou as últimas semanas no Brasil, descansando, preparando-se fisicamente e cumprindo compromissos comerciais. Schumacher estava em Dubai, nos Emirados Árabes, também empenhado na sua preparação física.
Apenas se encontraram anteontem à noite, quando jantaram num restaurante de Maranello, acompanhados de suas respectivas mulheres.
"Com o Rubens, minha relação pessoal vai ser igual ou melhor do que a que eu tinha com o Eddie (Irvine, antecessor do brasileiro na equipe)", disse Schumacher. "Temos uma maneira de viver mais parecida."
Casado, com um casal de filhos, o alemão sempre criticou a postura de Irvine, solteiro, playboy, fã de cerveja Guiness e frequentador de colunas sociais na Inglaterra.
"Espero que a gente continue se dando bem. Nós ficaremos bem próximos", disse o alemão.
A nova amizade, porém, tem limites. Pela primeira vez em cinco anos pela Ferrari, Schumacher falou em italiano, e não em inglês, durante a apresentação do carro.
O gesto pode ser entendido como uma manobra do alemão para manter seu prestígio junto aos torcedores. O sobrenome e o fato de falar italiano com fluência são os trunfos de Barrichello para ganhar espaço na equipe.
Quando um repórter sugeriu que, por esses motivos, o brasileiro levaria vantagem no relacionamento com a equipe, o alemão, rápido e incisivo, derrubou a tese.
"Isso não existe. Aqui dentro todo mundo fala inglês." (FÁBIO SEIXAS)

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