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BASQUETE
Telescópio
MELCHIADES FILHO
Resgate as lunetas do fundo do
armário e limpe as lentes, pois a
partida de domingo, com os mais
brilhantes astros do basquete
mundial, não será uma festa sem
pretensões, como é o costume.
O All-Star Game, que a liga promove anualmente para celebrar
seu campeonato, tem, em 2000,
potencial para apressar a virada
do milênio para a NBA.
Isso porque o evento traz à discussão questões cruciais para o
principal torneio do esporte que
mais cresce no planeta: qual tipo
de basquete vai prevalecer, e
quem será seu embaixador.
Não à toa, esse será o primeiro
"jogo das estrelas" depois da aposentadoria de Michael Jordan, o
atleta que "inventou" a NBA e
"reinventou" a bola-ao-cesto.
A NBA tateia com ansiedade na
busca do sucessor do craque, um
processo vital para a saúde financeira de sua competição.
Em 1995, por exemplo, entusiasmou-se com o poder do pivô Shaquille O'Neal. Em 1996, apostou as
fichas na versatilidade do ala
Grant Hill. Em 1998, acionou as
turbinas do marketing para retumbar o talento do armador Kobe Bryant. Em 1999, destacou a
elegância do pivô Tim Duncan.
Por motivos diversos -da irregularidade técnica à falta de carisma-, nenhum correspondeu à
expectativa. Mas a NBA acha que
talvez precisassem do afastamento definitivo de Jordan para desabrochar e conquistar os fãs.
Daí a direção da liga confiar
tanto nesse ASG. Coincidência
(ou não?), os quatro supracitados
"herdeiros" ao trono estarão reunidos na quadra de Oakland (Califórnia), assim como o acrobático
ala Vince Carter, o paparicado
"candidato" de 2000.
Há, é óbvio, uma chance de o tiro sair pela culatra, e o ASG embananar ainda mais as coisas.
Sempre fascinado pelo desconcerto, eu mesmo aposto que o ala Kevin Garnett vai roubar a festa.
Esse é um risco que a NBA vai
enfrentar. Não tem escolha, diante da salada de nomes globalmente desconhecidos que vêm se destacando nesta temporada -nove
atletas, recorde histórico de renovação, estréiam no ASG em 2000.
A composição dos 24 eleitos,
aliás, revela outro aspecto importante da partida de domingo.
Na avaliação dos torcedores,
que escolheram os titulares, e dos
técnicos, que definiram os reservas, a criatividade e a habilidade
pesaram mais do que a força física, uma das marcas registradas
do basquete norte-americano.
O jogo de contra-ataque, veloz,
emocionante e imprevisível, é o
forte de 16 convocados.
A seleção do Leste, por exemplo,
renegará a fama sanguinária e se
apresentará com apenas três
"açougueiros", gigantes reboteiros (Alonzo Mourning, Dikembe
Mutombo e Dale Davis). De seus
cinco titulares, quatro são dínamos do jogo de transição (Iverson,
Hill, Carter e Eddie Jones).
O ASG pode marcar uma revolução tática. A temporada 99-00
já deu indícios -como o crescimento de quase 10% da pontuação. Cabe às estrelas confirmá-la.
NOTAS
Supernova
A NBA prevê que 750 milhões de aparelhos de TV, em
205 países, sintonizarão o
ASG-2000. No Brasil, Bandeirantes e ESPN passam ao vivo.
Foguetes
O concurso de enterradas retornou à programação. Vince
Carter, o favorito, desistiu. Mas
o prêmio deve ficar em família.
O ala Tracy McGrady, seu primo, é o mais cotado para levar
o troféu das acrobacias.
Asteróides
Entre os calouros do ASG, estão quatro rebeldes, estigmatizados por não reverenciar a autoridade da NBA: os armadores Iverson e Jerry Stackhouse
e os alas Rasheed Wallace e
Glenn Robinson.
Meteoro
Eternamente proscrito de
ASGs, Dennis Rodman retorna. O melhor reboteiro (kg por
kg, cm por cm) da história do
basquete acertou com o Dallas.
E-mail melk@uol.com.br
Melchiades Filho escreve às terças
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