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JUCA KFOURI
Suely, filha de Leônidas da Silva
Uma conversa delicada com a filha que o Diamante Negro jamais negou, mas nunca reconheceu oficialmente
S
UELY MIRANDA Zito deveria se
chamar Silva. Porque, como
não é segredo para os que a cercam e nem mesmo para a direção do
São Paulo, ela é filha de Leônidas da
Silva, da Santíssima Trindade tricolor, composta por ele, por Raí e por
Rogério Ceni.
Suely, 63 anos, é a cara de Leônidas e conviveu com ele, embora
nunca tenha sido reconhecida legalmente. "Ele vivia dizendo que um
advogado amigo iria regularizar tudo, mas nada...", conta.
A mãe de Leônidas, Maria, um dia
até exigiu do filho uma definição,
mas o craque saiu pela tangente: "Se
a mãe dela me der para criar...".
Fato é que a mãe em questão,
Anecy Miranda Horikawa, 83, funcionária aposentada da TV Record,
que hoje vive em Jacareí, casou-se
com Júlio Horikawa, que tratou de
assumir Suely como filha adotiva.
O que, aliás, valeu para que a Justiça, sem entrar no mérito na questão,
não aceitasse um pedido de reconhecimento de paternidade feito
por Suely, porque um cochilo de seu
advogado fez com que ele não pedisse, primeiro, a anulação da certidão
de nascimento dela. Que, enfim, desistiu de levar o caso adiante: "Quando criança, eu negra, filha de mãe
branca e pai nissei, até queria, mas
queria mesmo era o carinho que
nunca veio, embora ele não me escondesse e me apresentasse para
os amigos como filha dele", diz
Suely, sem dramas, mas com uma
ponta de tristeza.
Suely, que passou a se assinar sem
o sobrenome japonês para evitar
perguntas constrangedoras, é mãe
de dois netos do Diamante Negro,
Décio e Dárcio Miranda Zito, 40 e 36
anos respectivamente. O primeiro é
advogado, como a mãe, e empresário de show business, e o segundo é
também advogado e comerciante,
todos bem postos na vida.
Décio vive em São Paulo e Dárcio,
em Jundiaí.
O primogênito lhe deu dois netos,
Diego, 8, e Anna Caroline, 5.
Todos na família são sócios do São
Paulo, mas nenhum revelou maior
talento para o futebol. Diego treina
judô no Morumbi.
Quando dona Suely nasceu, sua
mãe tinha só 17 anos e a avó materna, "italiana brava", queria porque
queria denunciar Leônidas à polícia.
Foi quando apareceu a figura emblemática de Paulo Machado de
Carvalho, que presidiu o São Paulo,
contratou Leônidas e ergueu o império da TV Record, para serenar os
ânimos, conciliar as partes e dar o
enxoval da criança que nasceria.
Como a casa onde dona Suely
cresceu era perto da Record e sua
mãe trabalhava lá, não só ela frequentava a emissora como se encontrava amiúde com o chamado
"Marechal de Vitória" -que comandou a seleção brasileira nas campanhas vitoriosas nas Copas de 1958 e
1962, na Suécia e no Chile- nos passeios dele pelas redondezas.
Generosa, se for necessário, Suely
está disposta a dar seu sangue para
um eventual exame de DNA com
vistas ao reconhecimento de Cleuza
Augusta de Aquiles, 58, que vive em
Uberlândia com a certeza de que
também é filha de Leônidas, como
esta Folha revelou no domingo
passado.
De Cleuza o rei do futebol brasileiro antes de Pelé jamais soube, ao
contrário do que se deu com Suely.
Não reconhecê-la foi gol contra.
blogdojuca@uol.com.br
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