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AUTOMOBILISMO
McLaren demonstra otimismo na etapa de abertura do Mundial, e Ferrari se mostra comedida
Favoritos adotam posturas opostas
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Melbourne
Rivais ferrenhas nas disputas
dos dois últimos Mundiais de F-1,
McLaren e Ferrari chegaram a
Melbourne com humores e expectativas bastante diferentes.
Enquanto os ingleses sorriem
otimistas, prevendo um bom resultado no final de semana, os italianos evitam as previsões.
O circuito, no Albert Park, recebe amanhã, às 21h (de Brasília), o
primeiro treino livre para o GP da
Austrália, prova que abre o Mundial deste ano. A corrida acontece
na madrugada de domingo, a
partir das 0h, com TV.
O maior exemplo da política
"pés no chão" ferrarista foi dado
pelo alemão Michael Schumacher. Em Sydney, onde cumpre
compromissos comerciais, o bicampeão já admite que pode ficar
mais um ano sem título.
"Se eu perder mais uma vez, definitivamente vou tentar de novo
em 2001", afirmou, quando questionado se poderia se aposentar
ao fim do ano, caso falhe pela
quinta vez em sua missão de dar
um Mundial de Pilotos para a Ferrari -seu contrato com o time de
Maranello termina em dezembro
do próximo ano.
Saindo de Schumacher, a frase
soa estranha. Desde que chegou à
equipe, por pior que fosse o carro,
o alemão dificilmente cogitava a
chance de um mau resultado.
"Quando ganhei pela Benetton
(em 94 e 95), foi um desafio em
minha carreira. Ganhar com a
Ferrari vai ser a mesma coisa", declarou em Sydney, explicando sua
insistência com o time.
O alemão chegou até a revelar
que recebeu propostas para mudar de escuderia. Nas entrelinhas,
deixou subentendido que se tratava da McLaren.
"Se eu quisesse, já teria me
transferido para uma outra equipe que me procurou algumas vezes. E já teria conquistado outros
dois Mundiais."
A postura cautelosa do alemão
segue a linha adotada na semana
passada por Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari. Em entrevista, o dirigente pediu paciência aos torcedores italianos.
A estratégia deve ser a tônica
nos discursos ferraristas no final
de semana, atingindo até Rubens
Barrichello, naturalmente empolgado por sua estréia no time.
Já, do outro lado, a McLaren diz
estar otimista. "A gente costuma
ir bem aqui na Austrália. E acho
que temos condições de manter
essa tradição", afirmou Ron Dennis, chefe do time inglês.
Desembarcando em Melbourne
como bicampeão mundial, o finlandês Mika Hakkinen classificou o MP4/15, o novo carro da
McLaren, como "muito rápido".
"Mas só vamos saber mesmo
como estamos no primeiro treino
livre", afirmou o piloto.
Todo esse contraste nos humores das duas principais escuderias
de F-1 da atualidade tem dois fundamentos principais.
O primeiro, estatístico. A McLaren é a equipe que mais vezes venceu na Austrália. Das 15 corridas
disputadas no país, o time inglês
ganhou 7. Já a Ferrari conquistou
apenas duas vitórias, nenhuma
delas com Schumacher.
O segundo motivo vem da pré-temporada. A McLaren treinou
em pistas da Espanha e da Inglaterra ao lado de outras equipes.
Pôde, assim, comparar seu carro
com os outros e ter uma idéia melhor de seu estágio de desenvolvimento no início do Mundial.
A Ferrari, porém, só andou sozinha com o F1-2000, seu novo
modelo. O máximo que fez foi colocar seus dois pilotos na pista em
um mesmo dia. Sem base de comparação, chega a Melbourne conhecendo muito bem seu carro,
mas sem saber nada dos modelos
dos times adversários.
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