São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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AUTOMOBILISMO
McLaren demonstra otimismo na etapa de abertura do Mundial, e Ferrari se mostra comedida
Favoritos adotam posturas opostas

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Melbourne

Rivais ferrenhas nas disputas dos dois últimos Mundiais de F-1, McLaren e Ferrari chegaram a Melbourne com humores e expectativas bastante diferentes.
Enquanto os ingleses sorriem otimistas, prevendo um bom resultado no final de semana, os italianos evitam as previsões.
O circuito, no Albert Park, recebe amanhã, às 21h (de Brasília), o primeiro treino livre para o GP da Austrália, prova que abre o Mundial deste ano. A corrida acontece na madrugada de domingo, a partir das 0h, com TV.
O maior exemplo da política "pés no chão" ferrarista foi dado pelo alemão Michael Schumacher. Em Sydney, onde cumpre compromissos comerciais, o bicampeão já admite que pode ficar mais um ano sem título.
"Se eu perder mais uma vez, definitivamente vou tentar de novo em 2001", afirmou, quando questionado se poderia se aposentar ao fim do ano, caso falhe pela quinta vez em sua missão de dar um Mundial de Pilotos para a Ferrari -seu contrato com o time de Maranello termina em dezembro do próximo ano.
Saindo de Schumacher, a frase soa estranha. Desde que chegou à equipe, por pior que fosse o carro, o alemão dificilmente cogitava a chance de um mau resultado. "Quando ganhei pela Benetton (em 94 e 95), foi um desafio em minha carreira. Ganhar com a Ferrari vai ser a mesma coisa", declarou em Sydney, explicando sua insistência com o time.
O alemão chegou até a revelar que recebeu propostas para mudar de escuderia. Nas entrelinhas, deixou subentendido que se tratava da McLaren.
"Se eu quisesse, já teria me transferido para uma outra equipe que me procurou algumas vezes. E já teria conquistado outros dois Mundiais."
A postura cautelosa do alemão segue a linha adotada na semana passada por Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari. Em entrevista, o dirigente pediu paciência aos torcedores italianos.
A estratégia deve ser a tônica nos discursos ferraristas no final de semana, atingindo até Rubens Barrichello, naturalmente empolgado por sua estréia no time.
Já, do outro lado, a McLaren diz estar otimista. "A gente costuma ir bem aqui na Austrália. E acho que temos condições de manter essa tradição", afirmou Ron Dennis, chefe do time inglês.
Desembarcando em Melbourne como bicampeão mundial, o finlandês Mika Hakkinen classificou o MP4/15, o novo carro da McLaren, como "muito rápido".
"Mas só vamos saber mesmo como estamos no primeiro treino livre", afirmou o piloto.
Todo esse contraste nos humores das duas principais escuderias de F-1 da atualidade tem dois fundamentos principais.
O primeiro, estatístico. A McLaren é a equipe que mais vezes venceu na Austrália. Das 15 corridas disputadas no país, o time inglês ganhou 7. Já a Ferrari conquistou apenas duas vitórias, nenhuma delas com Schumacher.
O segundo motivo vem da pré-temporada. A McLaren treinou em pistas da Espanha e da Inglaterra ao lado de outras equipes. Pôde, assim, comparar seu carro com os outros e ter uma idéia melhor de seu estágio de desenvolvimento no início do Mundial.
A Ferrari, porém, só andou sozinha com o F1-2000, seu novo modelo. O máximo que fez foi colocar seus dois pilotos na pista em um mesmo dia. Sem base de comparação, chega a Melbourne conhecendo muito bem seu carro, mas sem saber nada dos modelos dos times adversários.


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