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BASQUETE
Armadura
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
O menino é baixinho, muitas
vezes gordinho, e, para orgulho da família, faz maravilhas
com a inamistosa bola. Se, por
acaso, tomar gosto, pode apostar,
o basquete ganhará um armador.
Quem teve o prazer de presenciar as exibições de Helinho no intervalo dos jogos do Franca do
papai Hélio Rubens sabe disso.
Não à toa, curados a apertos
nas bochechas e cascudos carinhosos, os garotos malabaristas
carregam o diminutivo para o
resto de sua vida nas quadras.
Na renovada seleção, há Valtinho, 1,86 m e 26 anos, o craque do
ano, responsável pela campanha
do líder Uberlândia, destaque em
assistências (8,9) do campeonato
e único armador brasileiro que
sabe o que fazer tanto no contra-ataque como em meia quadra.
Há o marrento Arnaldinho, 1,87
m e 24 anos, que, a cada partida
pelo Araraquara, mostra ao brasileiro que furar a defesa adversária só faz mal... ao adversário.
Há Nezinho, 1,85 m e 22 anos, o
verdadeiro pulmão do Ribeirão
Preto, tão perigoso nos tiros
quanto subestimado pelos rivais.
Há, também, Manteiguinha,
1,92 m e 22 anos, que, apesar da
campanha que o persegue por ser
filho de (inapto) cartola, não desiste do basquete e ostenta a melhor pontaria desse grupo.
Mas Valtinho já tem 26 anos e
nunca foi a grandes competições.
Não sei se possui tino para assumir um posto tão desprestigiado
na seleção -lembre que o armador de mais recursos dos últimos
anos, Demétrius, veio da ala.
O arrojo de Arnaldinho às vezes
se traduz em bagunça. Os dribles
lhe sobem à cabeça, assim como
os arremessos de três pontos.
Falta a Nezinho raciocínio. Seu
número de passes perfeitos emparelha com o de bolas perdidas.
E falta mesmo a Manteiguinha,
antes de tudo, um nome próprio.
Por isso, creio que o salto caberá
a dois "inhos" ainda mais jovens.
O primeiro embarcou na sexta-feira em busca da sorte na América. Melhor "linha" estatística do
Nacional -é o vice-cestinha, com
28,2 pontos por jogo-, Leandrinho, 1,92 m e 20 anos, ex-Bauru,
já está treinando em Cleveland.
Dizem que será assistido por
Ron Harper, coadjuvante em cinco dos seis títulos do técnico Phil
Jackson. Boa. O ex-armador só
vingou na NBA devido à visão de
quadra e, sobretudo, à noção de
ritmo de jogo, qualidades que faltam ao estabanado brasileiro.
Mas engana-se quem acha que
resta, agora, apenas torcer pela
ventura de Leandrinho.
Na sexta-feira, pelo modesto Pinheiros, ele matou os campeões
paulistas do Ribeirão Preto. Anteontem, atropelou o Uberlândia.
Ignorado pela seleção, deixou pelo caminho Nezinho e Valtinho.
No ano passado, em clínica a
centenas de colegas brasileiros,
Zeljko Obradovic, um dos três técnicos mais importantes da Europa, puxou um jovem do meio da
dúzia de atônitos "sparrings".
"Este já está pronto", anunciou.
O iugoslavo percebeu antes.
Marcelinho, 19, 1,82 m. Confira.
Reparo que esqueci do Fúlvio, 21
anos e 1,85 m, do Mogi, outro listado por Lula. Foi mal. Mas quem
mandou não assinar Fulvinho?
Alas
O Brasil reúne tremendo potencial na posição, além de Anderson,
2,09 m e 20 anos, e Splitter, 2,08 m e 18 anos, ambos no basquete espanhol e com passagens pela seleção principal. Olho em Thomas, 2,03
m e 20 anos, ex-Franca e hoje no Texas; Shilton (e o joelho?), 1,98 m e
20 anos, no Pinheiros; Jefferson William, 2,07 m e 20 anos, no Londrina; Marcus Vinícius, o Marquinhos, 2,05 m e 18 anos, no Vasco; e
o xará deste, 2,01 m e 16 anos, no Monte Líbano. Esqueci alguém?
Pivôs
Além de Nenê, 2,11 m e 20 anos, sucesso na NBA, outros juniores
prometem: Lucas, 2,06 m e 20 anos, em Ribeirão Preto; Adriano, 2,08
m e 20 anos, em Araraquara; Murilo, 2,07 m e 19 anos, em Bauru; e
Hátila, 2,06 m e 17 (já seriam 18?) anos, ex-Hebraica e agora nos EUA.
E-mail melk@uol.com.br
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