São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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COPA 2006

Na seleção nacional desde 1995, goleiro perde posto para Lehmann

Kahn perde vaga de titular e cogita deixar Alemanha

DA REPORTAGEM LOCAL

O jogador eleito o melhor da última Copa usava as mãos, era um líder em campo e tinha status de intocável em sua seleção.
Só que o tempo parece ter sido cruel com o goleiro Oliver Kahn. Quatro anos depois, ele perdeu o posto de titular e, amargurado, pode não atuar no Mundial que seu país vai receber em junho.
O técnico alemão Jürgen Klinsmann antecipou ontem uma decisão que pretendia tomar só em maio. Seu veredicto: Jens Lehmann será o titular da equipe na Copa, rompendo definitivamente uma hegemonia de quase 11 anos daquele que ganhou a alcunha de "King Kahn" pelos torcedores.
Os dois goleiros têm 36 anos.
Kahn, do Bayern de Munique, defendeu o gol alemão 84 vezes. Participou como titular absoluto dos três últimos eventos internacionais mais importantes -Copas de 1998 e 2002 e Eurocopa.
Lehmann o assistia do banco. No total, o novo camisa 1 cumpriu apenas 29 jogos como titular. Na era Klinsmann, atuou 12 vezes desde o início. Tomou 18 gols.
É ao treinador, aliás, que ele agradece pela chance de quebrar o longo reinado de Kahn. Desde que começou a comandar a seleção, em julho de 2004, o ex-atacante adotou um inusitado sistema de rodízio entre os goleiros.
"Eu estou surpreso e extremamente desapontado", declarou Kahn, que não confirmou presença no Mundial, em junho. "Vou me manifestar sobre o futuro na seleção no momento oportuno."
É um discurso raivoso, que traduz uma reação diferente da que Klinsmann tentou passar após anunciar a mudança. "Dar a notícia de que ele não seria titular foi a decisão mais difícil que já tive como técnico. É claro que Oliver ficou desapontado, mas aceitou como um grande esportista. Ele fez muito pela Alemanha", disse.
Kahn não atravessa boa fase no Bayern, situação oposta a que Lehmann vive no Arsenal, time inglês classificado para as semifinais da Copa dos Campeões.
Mesmo assim, o atleta rejeitado por Klinsmann ainda é o preferido dos torcedores. Pesquisa feita no último final de semana pela revista alemã "Stern" mostrou que 36% dos alemães querem o goleiro do Bayern na Copa. Lehmann tem 30% da preferência.
Não por acaso, o novo eleito prometeu se desdobrar para retribuir a confiança do técnico em seu trabalho. "Estou muito feliz com a decisão. Fiquei muitas competições no banco e sei o que é não poder jogar. Não poderia deixar essa chance passar."
Sua missão é espinhosa. Logo no primeiro jogo do Mundial, no dia 9 de junho, contra a Costa Rica, o camisa 1 terá que enfrentar o fantasma de Kahn.
A partida será realizada em Munique, cidade do Bayern, justamente o time no qual seu antecessor é intocável desde 1994 e extremamente popular com a torcida.


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