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FUTEBOL
Técnico do Palmeiras rompe greve de silêncio, diz que não sai do clube antes de dezembro e critica emissora de TV
Para Scolari, bater rival já é o suficiente
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Aliviado e eufórico por ter eliminado seu maior rival da Libertadores, o técnico do Palmeiras,
Luiz Felipe Scolari, quebrou a greve de silêncio e voltou a disparar
sua "metralhadora giratória".
Famoso por suas declarações
bombásticas, o treinador gaúcho
afirmou ontem, após treino de
seu time, que a eliminação do Corinthians "é o maior título para
qualquer palmeirense no ano",
inclusive para ele.
Nas entrelinhas, quis dizer que a
missão de seu time no torneio era
tirar o título dos arquiinimigos.
Em conversas reservadas com
amigos e dirigentes palmeirenses,
Scolari desabafou e disse que, a
partir de agora, o Palmeiras vai jogar solto e que não se importaria
muito se a equipe não conquistar
o bicampeonato sul-americano.
O técnico também insinuou um
boicote à TV Globo, que negocia
com o clube uma parceria.
Leia abaixo trechos da entrevista do treinador.
Pergunta - Você costuma dizer
que a conquista da Copa do Brasil,
em 98, havia sido seu melhor momento no Palmeiras. O jogo de anteontem ultrapassou aquele título
em importância ?
Scolari - Foi melhor. Eliminar o
Corinthians naquela situação foi
incrível. O palmeirense tem que
comemorar a eliminação do Corinthians mais do que o título. O
Palmeiras queria isso, e eu, hoje,
como torcedor do Palmeiras, estou feliz, conquistei o que queria.
Para os palmeirenses, a eliminação deles foi o título do ano. As
pessoas apostaram no cavalo errado. O Palmeiras é o cavalo alazão, o vencedor.
Pergunta - Alguns torcedores e o
lateral Júnior disseram ter gostado
de o pênalti que decidiu a semifinal
ter sido batido por Marcelinho. Você também gostou?
Scolari - Gostei. Sou muito grato
ao Marcelinho. Tenho certeza de
que todo palmeirense também é.
Felizmente ele chutou de uma forma que o Marcos pegou.
Pergunta - Você é o maior ídolo
do Palmeiras, e a torcida pede que
permaneça dirigindo o time. Mantém sua posição de sair?
Luiz Felipe Scolari - Sou um profissional. Amanhã ou depois, vou
sair do Palmeiras. Estou em sintonia com a torcida, contente pelo
apoio, mas um dia vou sair daqui.
Pergunta - Mas vai ficar até o fim
do contrato, mesmo com as propostas do Vasco, do Cruzeiro e de
alguns times do exterior?
Scolari - Tenho também do Paris
Saint-Germain, do Chelsea. Mas
por enquanto não vou sair. A
princípio, fico até dezembro. Gostaria de trabalhar com o Eurico
(Miranda) no Vasco.
Pergunta - Você diz sempre que o
Palmeiras de 2000 tem menos qualidade que o do ano passado. Sente-se mais responsável pelos resultados hoje?
Scolari - Claro que, quando você
tem um grupo com menos condições, o treinador tem que trabalhar mais forte, buscar soluções
com o que tem em mãos, improvisar. Quando os objetivos são
conquistados desta maneira, a
gente fica mais contente porque
soube que evoluiu.
Pergunta - Você ficou especialmente aborrecido com a derrota
para o Santos e a consequente eliminação do Paulista. Continua
uma obsessão ganhar esse título?
Scolari - Todo treinador quer ser
campeão paulista. Mas fiquei triste porque havia prometido à esposa do Farah, dona Josefina, que
chegaríamos à final. Quero pedir
desculpas publicamente a ela.
Pergunta - Vai alterar seu comportamento por conta da divulgação de sua palestra?
Scolari - Não tenho que mudar
em nada, porque lá dentro sou
um vencedor. Quem é inteligente
e conhece o futebol sabe que uma
reunião como aquela é a coisa
mais comum do mundo. É o jeito
como você repreende seu filho.
No vestiário, falamos uma coisa.
Fora, temos que falar outra.
Mas quiseram fazer sensacionalismo. Uma determinada rede de
TV (Globo) quis dar um furo de
reportagem e me roubou. Eles invadiram a minha casa e também
invadiram a casa de todos os palmeirenses. A gente tem que gravar bem qual foi a emissora que
colocou aquilo no ar e pensar
quem está do lado do bem e quem
está do lado do mal.
Pergunta - Acha que sua imagem
ficou prejudicada pelo fato?
Scolari - Pelo contrário. Recebi
250 mensagens de presidentes de
clubes dizendo para mim que eu
sou o cara que eles querem para
treinar seus times. Não vou mudar em nada minhas preleções.
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