São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Técnico do Palmeiras rompe greve de silêncio, diz que não sai do clube antes de dezembro e critica emissora de TV
Para Scolari, bater rival já é o suficiente

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aliviado e eufórico por ter eliminado seu maior rival da Libertadores, o técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, quebrou a greve de silêncio e voltou a disparar sua "metralhadora giratória".
Famoso por suas declarações bombásticas, o treinador gaúcho afirmou ontem, após treino de seu time, que a eliminação do Corinthians "é o maior título para qualquer palmeirense no ano", inclusive para ele.
Nas entrelinhas, quis dizer que a missão de seu time no torneio era tirar o título dos arquiinimigos.
Em conversas reservadas com amigos e dirigentes palmeirenses, Scolari desabafou e disse que, a partir de agora, o Palmeiras vai jogar solto e que não se importaria muito se a equipe não conquistar o bicampeonato sul-americano.
O técnico também insinuou um boicote à TV Globo, que negocia com o clube uma parceria.
Leia abaixo trechos da entrevista do treinador.

Pergunta - Você costuma dizer que a conquista da Copa do Brasil, em 98, havia sido seu melhor momento no Palmeiras. O jogo de anteontem ultrapassou aquele título em importância ?
Scolari -
Foi melhor. Eliminar o Corinthians naquela situação foi incrível. O palmeirense tem que comemorar a eliminação do Corinthians mais do que o título. O Palmeiras queria isso, e eu, hoje, como torcedor do Palmeiras, estou feliz, conquistei o que queria.
Para os palmeirenses, a eliminação deles foi o título do ano. As pessoas apostaram no cavalo errado. O Palmeiras é o cavalo alazão, o vencedor.

Pergunta - Alguns torcedores e o lateral Júnior disseram ter gostado de o pênalti que decidiu a semifinal ter sido batido por Marcelinho. Você também gostou?
Scolari -
Gostei. Sou muito grato ao Marcelinho. Tenho certeza de que todo palmeirense também é. Felizmente ele chutou de uma forma que o Marcos pegou.

Pergunta - Você é o maior ídolo do Palmeiras, e a torcida pede que permaneça dirigindo o time. Mantém sua posição de sair?
Luiz Felipe Scolari -
Sou um profissional. Amanhã ou depois, vou sair do Palmeiras. Estou em sintonia com a torcida, contente pelo apoio, mas um dia vou sair daqui.

Pergunta - Mas vai ficar até o fim do contrato, mesmo com as propostas do Vasco, do Cruzeiro e de alguns times do exterior?
Scolari -
Tenho também do Paris Saint-Germain, do Chelsea. Mas por enquanto não vou sair. A princípio, fico até dezembro. Gostaria de trabalhar com o Eurico (Miranda) no Vasco.

Pergunta - Você diz sempre que o Palmeiras de 2000 tem menos qualidade que o do ano passado. Sente-se mais responsável pelos resultados hoje?
Scolari -
Claro que, quando você tem um grupo com menos condições, o treinador tem que trabalhar mais forte, buscar soluções com o que tem em mãos, improvisar. Quando os objetivos são conquistados desta maneira, a gente fica mais contente porque soube que evoluiu.

Pergunta - Você ficou especialmente aborrecido com a derrota para o Santos e a consequente eliminação do Paulista. Continua uma obsessão ganhar esse título?
Scolari -
Todo treinador quer ser campeão paulista. Mas fiquei triste porque havia prometido à esposa do Farah, dona Josefina, que chegaríamos à final. Quero pedir desculpas publicamente a ela.

Pergunta - Vai alterar seu comportamento por conta da divulgação de sua palestra?
Scolari -
Não tenho que mudar em nada, porque lá dentro sou um vencedor. Quem é inteligente e conhece o futebol sabe que uma reunião como aquela é a coisa mais comum do mundo. É o jeito como você repreende seu filho. No vestiário, falamos uma coisa. Fora, temos que falar outra.
Mas quiseram fazer sensacionalismo. Uma determinada rede de TV (Globo) quis dar um furo de reportagem e me roubou. Eles invadiram a minha casa e também invadiram a casa de todos os palmeirenses. A gente tem que gravar bem qual foi a emissora que colocou aquilo no ar e pensar quem está do lado do bem e quem está do lado do mal.

Pergunta - Acha que sua imagem ficou prejudicada pelo fato?
Scolari -
Pelo contrário. Recebi 250 mensagens de presidentes de clubes dizendo para mim que eu sou o cara que eles querem para treinar seus times. Não vou mudar em nada minhas preleções.


Texto Anterior: Multimídia - Le Monde - de Paris: Kuerten vence como há três anos
Próximo Texto: Vaga para o Mundial segue sem definição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.