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FUTEBOL
Epônimos
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Caro leitor, eu te pergunto: o que é um epônimo?
Pois eu te respondo: epônimo é
uma palavra inspirada em personagens reais.
Por exemplo, pasteurizar vem
de Pasteur, balzaquiana vem de
Balzac, blazer vem do barco inglês H.M.S. Blazer, onde o capitão obrigava sua tripulação a
usar paletós azuis com botões de
metal, diesel vem de Rudolf Diesel, que inventou os motores
movidos a esse combustível, e
carrasco vem de Belchior Nunes
Carrasco, que no século 17 foi
um empenhado executor de penas de morte em Portugal.
Já a palavra gandula é o
exemplo mais famoso de epônimo no mundo futebolístico.
Como todos sabem, Gandula
era um atacante do Vasco que,
nos treinos, ia pegar a bola toda
vez que algum companheiro a
chutava para longe.
Tão conhecido ficou esse gesto
que seu nome passou a designar
todos os apanhadores de bola;
passou a ser um epônimo. Mas
há outros epônimos que aos
poucos vêm se consagrando.
Vejamos:
Alexado: (adj.) diz-se daquele
que demonstra falta de vontade
ou inapetência; pouco empenhado. Exemplo: "A seleção
brasileira tem estado alexada
ultimamente".
Barrichelar: (v.t.i.) seguir, vir
logo atrás de. Exemplo: "O rei ia
adiante, e o príncipe barrichelava com elegância".
Cerezar: (v.int.) fazer algo errado num momento decisivo
(substituiu o verbo denisar e está perdendo a vez para juanizar). Exemplo: "O filme começa
bem e mantém o suspense até
dez minutos do final; aí, porém,
cereza inexplicavelmente, deixando o espectador com uma
sensação de frustração".
Edmundar: (v.int.) fazer besteiras. Exemplo: "Tanto edmundei que acabei destruindo meu
casamento".
Eullerante: (adj.) muito rápido, ligeiro. Exemplo: "Querido,
se você continuar eullerante
desse jeito, eu vou ter que procurar um amante".
Felipado: (adj.) irado, brigão.
Galvanizar: (v.t.d) bater de
frente, chocar-se com violência.
Galvãonizar: (v.t.d) ser chato,
repetitivo. Exemplo: "O cara ficou galvãonizando a menina a
festa toda, aí ela se encheu e foi
embora".
Kakado: (adj.) diz-se do sujeito que começa algo muito bem e
depois desaparece por um tempo. Exemplo: "Aquele ator fez
sucesso na novela, mas agora
anda meio kakado".
Leomarar: (v.t.d.) fazer o óbvio, ser pouco criativo. Exemplo:
"Vocês estão leomarando o problema, eu preciso de ousadia,
entendem?".
Luxemburgar: (v.int.) não pagar impostos. Exemplo: "Há
anos que eu venho luxemburgando minha declaração e nunca me pegaram".
Maradonante: (adj.) bem provido de tóxicos. Exemplo: "Cara,
essa festa está simplesmente
maradonante!".
Marcosear: (v.t.i.) salvar os
companheiros. Exemplo: "O Jurandir marcoseou a empresa
com aquela idéia da nova embalagem".
Pelear: (v.int.) andar em más
companhias.
Enfim, leitor, eis aí alguns
epônimos que, com certeza, vão
se fixar em nossa língua pátria.
E agora vamos cuidar de coisas mais sérias e deixemos as toreradas de lado.
Torerada: (s.f.) bobagem, texto sem sentido e que, após lido
ou escrito, dá a sensação de perda de tempo.
Tevezinha
Os comentaristas-juízes da televisão são um tanto inúteis. Na
cabine têm visão muito pior do que o árbitro em campo e quando vêem o replay do lance, o fazem num monitor muito pequeno, certamente muito menor do que a televisão que temos em
casa. Por isso é tão comum que nós, simples mortais, vejamos
uma coisa, e o comentarista-juiz, outra. E não é raro que nós tenhamos a razão.
Quem te viu, quem te vê
Sofremos para derrotar o lanterna do Campeonato Japonês,
empatamos com o Canadá, escapamos de ser goleados pela
França e agora decidiremos com a Austrália o terceiro lugar da
Copa das Confederações. Como estamos em quarto nas eliminatórias, também não é impossível que fiquemos de fora da
próxima Copa. Triste Brasil, oh, quão dessemelhante estás e estou do meu antigo estado!
E-mail: torero@uol.com.br
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