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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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O ESTOURADO

Corpo de Quirino não aguentou baque

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele titubeou um pouco no momento em que recebeu o bastão e perdeu preciosos décimos de segundo antes de fechar o revezamento 4 x 100 m rasos do Brasil.
Acabou partindo em terceiro, mas se recuperou do vacilo com uma performance brilhante. Nos metros finais da prova, Claudinei Quirino da Silva despachou o rival cubano e assegurou a prata para o selecionado nacional.
Emocionado, o velocista, que viveu até os 15 anos em um orfanato e, antes do atletismo, chegou a trabalhar como pedreiro e catador de lata, dedicou a medalha aos "sofredores e humildes".
Naquele momento, Quirino também respirava aliviado. Chegara à Olimpíada como uma das principais esperanças do país, mas não conseguira obter uma medalha nos 200 m rasos -era o atual vice-campeão mundial e o campeão pan-americano.
Celebrado como herói pela conquista, acreditava que a medalha poderia render um impulso na carreira. Até os Jogos, treinava em pistas precárias e tinha dificuldades financeiras para disputar as principais competições internacionais.
Tentou buscar novos patrocinadores, mas os problemas físicos atravancaram seus planos.
No início do ano passado, Quirino sofreu uma cirurgia no púbis e ficou fora das pistas por três meses. Depois, lesões seguidas no tendão-de-aquiles comprometeram seus treinamentos por mais sete meses.
"Meu corpo não é uma máquina. Preciso de descanso", declarou na época das contusões.
"Se para os outros medalhistas a situação foi complicada para arrumar patrocínios, imagine para o Claudinei", contou Jayme Netto Jr., técnico do atleta e dos principais velocistas do país.
Em 2003, Quirino tenta aos 32 anos sair do período de trevas dedicando-se a eventos diferenciados. Agora, o atleta natural de Lençóis Paulistas, interior de São Paulo, quer se concentrar em eventos que não disputou em Sydney, como os 400 m rasos.
No primeiro teste da temporada, o GP Brasil, contudo, ele não foi bem. Terminou a prova apenas na quinta posição. Pré-classificado para o Pan, ele ainda precisa confirmar sua vaga até o Troféu Brasil, que será realizado entre os dias 12 e 15 deste mês.
No condomínio onde vive em Presidente Prudente (565 km Oeste de São Paulo), Quirino guarda sua medalha de Sydney. Como os outros, tem um pensamento fixo: quer ganhar outra no próximo ano. (GR)


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