PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO

Carlos Alberto Parreira enfim abriu o jogo e disse que não vai mesmo levar o time principal do Brasil para a Copa América.
"Por vários motivos, a seleção poderá mesmo ser um pouco diferente da que jogou aqui", afirmou o treinador, que descartou usar o capitão Cafu no Peru.
No desembarque ontem no Brasil, astros deixavam de lado a timidez pública e diziam claramente não querer viajar. "Prefiro tirar minhas férias. Estou muito cansado, quero esquecer um pouco o futebol para voltar com tudo na próxima temporada", disse Ronaldo, que já avisou Parreira para não contar com ele no Peru.
"Estou cansado, vou falar isso abertamente para o Parreira", disse o lateral Roberto Carlos.
Os dois atletas estão entre aqueles que defendem na seleção o fim da Copa América por entenderem que a competição prejudica o time nas eliminatórias, como publicou a Folha ontem.
Sem o time A, Parreira desafiará a sina de fracassos que acossam a seleção quando não conta com sua força máxima. Já são três Copas das Confederações e uma Copa América em que o Brasil opta por uma equipe de segundo escalão, e os resultados só pioram.
Em 1999, Vanderlei Luxemburgo deixou Ronaldo e Rivaldo em casa e foi vice da Copa das Confederações, levando quatro gols do México na final. Dois anos depois, na mesma competição, Emerson Leão levou um time que tinha Leomar, entre outros desconhecidos. Caiu diante da França nas semifinais e perdeu para a Austrália o terceiro lugar.
Luiz Felipe Scolari também pagou caro por deixar as principais estrelas descansando. Em 2001, foi à Copa América da Colômbia sem praticamente nenhum titular e colheu uma das mais desastrosas eliminações da história da seleção: caiu diante de Honduras.
Parreira foi o último a provar que a história que o Brasil pode montar várias seleções fortes não bate com o retrospecto recente.
No ano passado, no seu primeiro desafio por uma competição oficial, levou jogadores como Ilan, Gil e Maurinho à Copa das Confederações da França e teve de volta um fiasco histórico.
Pela primeira vez desde a Copa de 1966, a seleção, depois de derrota para Camarões e empate contra a Turquia, foi eliminada em uma competição organizada pela Fifa logo na primeira fase.
Mesmo assim, Parreira continua a achar que vai montar um time em condições de ganhar a Copa América peruana. "Vamos montar uma equipe forte, de acordo com as tradições do futebol brasileiro", disse o técnico.
A convocação para a Copa América, que acontece em julho, será feita amanhã, no Rio. Os convocados irão passar por um período de treinos em Teresópolis.


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