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BASQUETE
Ajuste fino
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
No domingo, Los Angeles
Lakers x Detroit Pistons. Na
terça-feira, Los Angeles Lakers x
Detroit Pistons. Na quinta-feira,
Detroit Pistons x Los Angeles Lakers. No domingo, Detroit Pistons
x Los Angeles Lakers. Na terça...
Para o desavisado, parece tudo
a mesma coisa. Quem vê um ou
dois jogos do mata-mata, dirá, vê
todos. Assim, iludido pela fórmula do campeonato e desanimado
com o horário das transmissões, o
sujeito desliga a TV e perde o que
há de mais bacana no basquete
de alto nível: a sanfona técnica-intelectual que sucede cada
round entre os mesmos rivais.
Na NBA, o duelo de ajustes ganha requinte. Ninguém estuda,
pratica e aperfeiçoa um esporte
com bola com o apuro da liga
norte-americana. As numerosas
comissões técnicas fartam-se de
especialistas em preparação física, nutrição, fisiologia, matemática etc. Utilizam os equipamentos mais modernos. Treinam nas
melhores instalações. Tudo para
chegar aos playoffs com arsenal
para surpreender no xadrez.
Dos dois finalistas, que se reencontram depois de 15 anos, o LA
Lakers é quem mais varia os trunfos. Seja por excesso de confiança
ou porque titubeie em enquadrar
os veteranos Karl Malone e Gary
Payton, prefere enervar os rivais
em uma espécie de jogo de truco.
Em momentos críticos, pareceu
até abrir mão dos famosos triângulos, a tática que rendeu nove títulos ao treinador Phil Jackson.
Foi, por exemplo, o que aconteceu na dificílima série contra o
San Antonio. Ciente da imobilidade lateral do pivozão Shaquille
O'Neal, o time do Texas apostou
em corta-luzes para financiar as
infiltrações. Nas duas primeiras
partidas, o armador Tony Parker
refestelou-se de tanto pontuar.
Na terceira, Jackson deu o bote.
Em vez de dobrar a guarda sobre
o craque Tim Duncan, fez o "cobertor" flutuar no garrafão, coibindo as investidas de Parker. Batata, quatro vitórias seguidas e o
fim do sonho do bi texano.
Anteontem, na abertura do mata-mata decisivo, de novo os Lakers levaram na cara o prato de
basquete feijão-com-arroz.
Perplexo com a marcação simples sobre O'Neal, deram-se por
satisfeitos em municiar o gigante
sob a tabela e cozinhar a partida
em fogo brando. Quando o rival
de repente desgarrou no placar
-e, aí sim, fechou de vez o garrafão-, os angelenos não souberam achar outro atalho à cesta.
Os tiros de três pontos não caíram
(23%). Malone e Payton acertaram apenas 3 de 13 arremessos. E,
atolado de obrigações defensivas,
Kobe Bryant não teve fôlego para
produzir os milagres de costume.
Qual será a tática hoje? Como
romper a defesa dos Pistons, a
melhor do ano? Kobe receberá sinal verde para criar? Nesse caso,
quem seguirá Richard Hamilton?
São perguntas como essas que
fazem dos playoffs um programa
imperdível para o basqueteiro.
Sobretudo porque o adversário
não está parado, também maquina suas próprias armadilhas, comandado pelo maior gênio do
basquete em atividade: Larry
Brown, que, ao contrário de seus
colegas, não analisa videoteipes e
acha que estatísticas e "scouts"
deviam embrulhar peixe.
Oitentas 1
Na década retrasada, os Lakers cativaram o mundo com o basquete
vistoso de Magic Johnson. Hoje, depois de papar mais sete títulos, é o
time profissional mais odiado nos EUA, segundo enquete da ESPN.
Oitentas 2
Todos os semifinalistas da NBA são administrados por jogadores
dos anos 80: Joe Dumars (ex-Detroit, hoje "general manager" do Detroit), Mitch Kupchak (ex-LA Lakers, do LA Lakers), Larry Bird (ex-Boston, do Indiana) e Kevin McHale (ex-Boston, do Minnesota).
Oitentas 3
O celebrado Phil Jackson diz que em 1981, na pindaíba, ouviu um não
ao pedir emprego de assistente a Larry Brown, então no New Jersey.
E-mail melk@uol.com.br
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