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Parreira usa voz baixa e jeitinho ao dar bronca
Ao contrário de antecessores, técnico não usa palavrões ao repreender time
Luxemburgo chegou a ser flagrado por microfones xingando jogadores; Cafu via incentivo em palavras duras usadas por Felipão
Antonio Scorza/France Presse
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O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, assiste do banco de reservas ao treinamento de ontem do time nacional, na Arena Zagallo, em Königstei |
DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN
Para quem estava acostumado com os berros e palavrões de
Vanderlei Luxemburgo e Luiz
Felipe Scolari, os treinos comandados pelo técnico Carlos
Alberto Parreira são uma sinfonia para os ouvidos.
Ontem à tarde, Parreira ensaiou por quase uma hora os titulares em jogadas ofensivas
sem se esgoelar ou apelar para
palavras grosseiras.
O treinador quase sempre incentivava os atletas. Quando tinha que chamar a atenção dos
titulares, Parreira chegava perto do titular e dizia: ""Kaká, você
tem que tocar a bola logo. Vamos lá", disse o técnico.
Em alguns momentos, Parreira tinha que aumentar o tom
de voz para ser ouvido pelos outros jogadores, mas sempre
com educação. ""Quero que a
bola chegue ao Ronaldinho
mais rápido", dizia o treinador,
dirigindo-se ao volante Emerson e ao meia Zé Roberto.
Dentro do campo, Parreira
tem um estilo sóbrio. Nos jogos, ele também reclama pouco
da arbitragem e quase não levanta do banco de reservas.
Parreira foi poucas vezes expulso durante a carreira.
O estilo Parreira é oposto ao
de seus antecessores. Na Copa
passada, em 2002, Scolari, que
atualmente treina Portugal,
abusou do estilo cênico nos
treinos na Coréia do Sul.
Já no primeiro treino tático
em Ulsan, berrava com os jogadores e não parava de gesticular
e fazer caretas a cada erro cometido pelos titulares.
Além dos palavrões, o treinador não poupava os jogadores
das broncas. Até os badalados
Rivaldo, Ronaldo e Cafu ganharam cobranças públicas.
Luxemburgo, hoje treinador
do Santos, também fazia o mesmo estilo. No Pré-Olímpico de
Londrina, em 2000, o treinador
foi flagrado xingando jogadores
por microfones colocados próximos ao banco de reservas.
Ronaldinho e Alex jogavam naquela seleção e não foram poupados dos berros do técnico.
Nos treinos, Luxemburgo também se excedia.
Apesar do temperamento explosivo dos dois antecessores
de Parreira, os jogadores avaliavam como normal o excesso
de broncas e palavrões durante
o coletivo. ""Essa é a forma de
ele se expressar. Ele tem o direito de nos xingar. Além disso,
não nos desrespeitou", disse
Rivaldo sobre Scolari, em 2001,
depois de um treino na Granja
Comary, em Teresópolis (RJ),
antes de um jogo contra a Argentina pelas eliminatórias.
O capitão Cafu chegou a declarar que os palavrões proferidos pelo técnico gaúcho serviam como um ""incentivo" para os jogadores.
Na tarde de ontem, Parreira
realizou um treino ""fantasma".
Ele ensaiou uma série de jogadas ofensivas sem uma equipe
adversária para marcar os jogadores de ataque da seleção. O
técnico priorizou a saída rápida
da bola da defesa para o ataque.
Os zagueiros Juan e Lúcio
não participaram dessa parte
do treinamento. Eles ficaram
com os reservas e treinaram finalizações e jogadas aéreas.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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