São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Parreira usa voz baixa e jeitinho ao dar bronca

Ao contrário de antecessores, técnico não usa palavrões ao repreender time

Luxemburgo chegou a ser flagrado por microfones xingando jogadores; Cafu via incentivo em palavras duras usadas por Felipão


Antonio Scorza/France Presse
O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, assiste do banco de reservas ao treinamento de ontem do time nacional, na Arena Zagallo, em Königstei


DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

Para quem estava acostumado com os berros e palavrões de Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari, os treinos comandados pelo técnico Carlos Alberto Parreira são uma sinfonia para os ouvidos.
Ontem à tarde, Parreira ensaiou por quase uma hora os titulares em jogadas ofensivas sem se esgoelar ou apelar para palavras grosseiras.
O treinador quase sempre incentivava os atletas. Quando tinha que chamar a atenção dos titulares, Parreira chegava perto do titular e dizia: ""Kaká, você tem que tocar a bola logo. Vamos lá", disse o técnico.
Em alguns momentos, Parreira tinha que aumentar o tom de voz para ser ouvido pelos outros jogadores, mas sempre com educação. ""Quero que a bola chegue ao Ronaldinho mais rápido", dizia o treinador, dirigindo-se ao volante Emerson e ao meia Zé Roberto.
Dentro do campo, Parreira tem um estilo sóbrio. Nos jogos, ele também reclama pouco da arbitragem e quase não levanta do banco de reservas. Parreira foi poucas vezes expulso durante a carreira.
O estilo Parreira é oposto ao de seus antecessores. Na Copa passada, em 2002, Scolari, que atualmente treina Portugal, abusou do estilo cênico nos treinos na Coréia do Sul.
Já no primeiro treino tático em Ulsan, berrava com os jogadores e não parava de gesticular e fazer caretas a cada erro cometido pelos titulares.
Além dos palavrões, o treinador não poupava os jogadores das broncas. Até os badalados Rivaldo, Ronaldo e Cafu ganharam cobranças públicas.
Luxemburgo, hoje treinador do Santos, também fazia o mesmo estilo. No Pré-Olímpico de Londrina, em 2000, o treinador foi flagrado xingando jogadores por microfones colocados próximos ao banco de reservas. Ronaldinho e Alex jogavam naquela seleção e não foram poupados dos berros do técnico. Nos treinos, Luxemburgo também se excedia.
Apesar do temperamento explosivo dos dois antecessores de Parreira, os jogadores avaliavam como normal o excesso de broncas e palavrões durante o coletivo. ""Essa é a forma de ele se expressar. Ele tem o direito de nos xingar. Além disso, não nos desrespeitou", disse Rivaldo sobre Scolari, em 2001, depois de um treino na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), antes de um jogo contra a Argentina pelas eliminatórias.
O capitão Cafu chegou a declarar que os palavrões proferidos pelo técnico gaúcho serviam como um ""incentivo" para os jogadores.
Na tarde de ontem, Parreira realizou um treino ""fantasma". Ele ensaiou uma série de jogadas ofensivas sem uma equipe adversária para marcar os jogadores de ataque da seleção. O técnico priorizou a saída rápida da bola da defesa para o ataque.
Os zagueiros Juan e Lúcio não participaram dessa parte do treinamento. Eles ficaram com os reservas e treinaram finalizações e jogadas aéreas. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)

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