São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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Em jogo de gafes, seleção leva "chá de cadeira" ao sair

Equipe espera mais de 20 minutos pela retirada da comitiva presidencial

DOS ENVIADOS A DAR ES SALAAM

A caótica organização do amistoso Tanzânia x Brasil no moderno estádio Nacional fez com que a seleção brasileira, apressada para retornar a Johannesburgo, levasse um "chá de cadeira" de mais de 20 minutos.
Após a partida, o ônibus que levou os brasileiros ao aeroporto teve de esperar a enorme comitiva do presidente tanzaniano, Jakaya Kikwete, deixar o estádio.
Chamaram a atenção os mais de 50 veículos SUV que acompanhavam o carro de Kikwete. O "espetáculo" teve ainda seguranças correndo ao lado do presidente e muitos soldados do Exército armados com metralhadoras.
Somente quando os muitos carros deixaram o único portão de saída do estádio é que a seleção pôde seguir seu caminho, escoltada por um caminhão também lotado de soldados, que apontavam armas para a multidão.
A confusão na saída foi apenas um dos capítulos de um jogo marcado por gafes.
O moderno telão do estádio, construído por chineses em 2008, não funcionou. Serviu, por vários momentos, como tela de computador até ser desligado no jogo.
Antes, exibiu imagens de um show de dança típica africana que emitia um ensurdecedor som de tambores durante a execução do hino brasileiro. O problema causou constrangimento no presidente tanzaniano e nas pessoas que o acompanhavam.
Uma delas, desesperada, gesticulava com as mãos para a cabine de onde o equipamento era operado. Só depois de alguns minutos é que o vídeo foi desligado.
A execução do hino tanzaniano também foi prejudicada por uma falha no som.
Aos 20min do segundo tempo, um torcedor invadiu o gramado e atravessou o campo. Ele foi retirado com violência pelos policiais, que foram vaiados pelo público.
O tratamento dado ao torcedor também não foi dos melhores. Não era possível comer ou beber no estádio, que não recebeu nem metade da lotação -60 mil pessoas.
A ida ao banheiro também se tornou uma aventura, pois não havia iluminação. Nem mesmo no setor VIP, onde cada ingresso custava US$ 93 (ou cerca de R$ 168).
O bilhete mais barato para o amistoso saía por cerca de US$ 20, valor alto para os padrões sociais da Tanzânia.
A partida teve motivação política. O presidente do país africano, que pagou cerca de US$ 2 milhões para levar o Brasil à Tanzânia, tentará a reeleição no final deste ano.
Dessa maneira, a equipe de Dunga, em sua reta final de preparação para a Copa do Mundo, jogou com temperatura beirando os 30ºC em um lugar úmido, condições inteiramente diferentes das que terá pela frente na fria África do Sul. (EAR E PC)


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