São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

Imprudência na África


O que a seleção foi fazer na Tanzânia, além de se arriscar a pegar gripe ou, pior, malária?


IMAGINE QUE seu time estivesse se preparando para a competição mais importante do mundo na cidade de Campos do Jordão, 1.700 metros de altitude, clima seco e frio.
Aí, um empresário sabichão convida seu time para ir se exibir, uma semana antes do tal campeonato começar em condições climáticas semelhantes às de Campos do Jordão, em Manaus, 32C, com umidade amazônica.
Está bem, o dinheiro é alto, coisa de R$ 4 milhões, mas seu problema não é de caixa, é de taça.
Você toparia?
Pois a CBF topou e levou o time para Dar Es Salaam, como Manaus, na Tanzânia, depois de a equipe se adaptar em Johannesburgo, como Campos do Jordão, na África do Sul.
A possibilidade de algum jogador pegar uma gripe forte é considerável, tamanho o choque térmico, para não falar da malária que assola o país africano. E a CBF chama semelhante absurdo de planejamento. Pois sim.
Como sempre, qual o sertanejo, o jogador brasileiro é antes de tudo um forte, para parodiar Euclides da Cunha. Tem de ganhar também, além dos adversários, dos seus chefes, os cartolas tupiniquins.
No primeiro tempo do treino contra a Tanzânia, quem mais brilhou foi o goleiro Gomes, embora Robinho tenha feito dois gols, um deles em lance irregular. A saída de bola a cargo de Gilberto Silva e Felipe Melo foi a de sempre, isto é, quase não foi, sofrida, mascada, equivocada.
Quando Ramires entrou no segundo tempo, as coisas melhoraram sensivelmente. E não apenas porque ele precisa mostrar mais serviço que os titulares, mas porque ele é superior a ambos.
Kaká participou bastante dos trabalhos, mas ainda longe do que sempre foi, o que é normal.
Se tudo der certo, ele pegará ritmo já durante a Copa, ali pelas oitavas, quem sabe nas quartas de final, como já vimos acontecer, por exemplo, com Ronaldo Fenômeno na Copa de 2002.
Os 5 a 1 do amistoso/treinamento não significam nada e significam sempre um alento, porque, como Dunga gosta, não se pode perder nem torneio de cuspe à distância ou campeonato de espirros.
Esperemos que o time não volte para Joburg espirrando, tossindo e com dores no corpo. Saúde!

blogdojuca@uol.com.br


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