São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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Problema nº 1

A quatro dias do início do Mundial, seleções sofrem com lesões, dramas, má fase e falta de experiência ou de talento de seus goleiros

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO CABO

Não é de agora que uma nuvem parece cobrir goleiros importantes do futebol mundial. A contusão de Júlio César, considerado o melhor do mundo na posição, é só mais um sinal de que os donos dos arcos terão que enfrentar muito mais que a Jabulani neste Mundial sul-africano.
A Alemanha foi a seleção que mais viveu dramas com arqueiros. A morte de Enke em 2009 e a contusão de Adler neste ano diminuíram, para muita gente, as chances de título dos tricampeões.
Neuer começará a Copa como titular, deixando Wiese como opção. Ambos têm pouca experiência com a seleção: menos de cinco participações pelo time nacional.
Outros países tradicionais do futebol não tinham tantas opções. A Inglaterra chegou a cogitar naturalizar o espanhol Almunia, que nem é dos melhores no Inglês.
O veterano David James, que havia sido aposentado da seleção por Steve McClaren, foi resgatado por Fabio Capello e deve ser o titular.
Green, que pintava como o escolhido, não é confiável, embora já tenha alcançado o topo na África -ele escalou o monte Kilimanjaro em 2008.
Maradona usou mais de cem jogadores desde que assumiu a Argentina. E também custou a chegar a Romero, tido por temperamental, como goleiro predileto. A outrora elogiada "escola argentina de goleiros" está devendo, e o arqueiro é um dos pontos fracos da equipe. Andújar, que brilhou no Estudiantes, pintava como solução, mas não se fixou. Lloris entrou para a história da seleção francesa nas
eliminatórias. Não porque seu time penou para se classificar, mas porque foi expulso, algo então inédito para um arqueiro dos "Azuis".
Na Holanda, Van der Sar foi homenageado de vez como grande goleiro da história da seleção laranja, o que só aumenta o peso que terá Stekelenburg. Os holandeses apostam no poder ofensivo do time, não no arqueiro, que virou reserva no Ajax.
Outro goleiro que terá que lidar com pressão e sombra de antecessor é o português Eduardo, conhecido pela timidez. Ricardo, goleiro que defendia pênaltis sem luvas na era Scolari, é passado.
"Tenho me sentido muito bem. Estou preparado, tranquilo e confiante. Sonho desde que jogo futebol estar numa Copa", disse Eduardo, que admitiu ter "ansiedade pelo primeiro Mundial".
Dois dos melhores goleiros dos últimos tempos não vêm bem. Casillas, herói espanhol em 2008 na Eurocopa, e Buffon, muralha italiana em 2006 na Copa, cometeram falhas raras em suas carreiras, sofreram críticas e tentam recuperar suas imagens.
Por fim, se Oscar Tabárez foi buscar uma solução para o gol uruguaio na quarta tentativa nas eliminatórias (Muslera levou a melhor sobre o ex-botafoguense Castillo), o japonês Takeshi Okada tentou, mas não conseguiu nada melhor que o mediano veterano Narazaki, 34.


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