São Paulo, Terça-feira, 08 de Junho de 1999
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Pouca gente e muita polêmica nos estaduais

JUCA KFOURI
Colunista da Folha

Nada de muito novo na face da terra do futebol. O catadão do Wanderley acabou sucumbindo diante do conjunto holandês que, além do mais, tem tantas estrelas quanto o Brasil.
E volta a campo hoje, em horário nobre (na Europa), porque, afinal, é o que interessa.
Amoroso provou, mesmo fora de sua posição, mais uma vez, que Zagallo errou gravemente ao deixá-lo de fora da Copa passada, e Giovanni mostrou, exaustivamente, que Zagallo errou em levá-lo.
Resta saber, também, quanto tempo mais Rivaldo precisa para se acomodar com a camisa da seleção. Aldair e Leonardo já fizeram o que tinham de fazer, e os demais, entrosados, quem sabe venham a ser úteis no dia em que o o calendário permitir que se tenha uma seleção e não um bando.
Nos campeonatos estaduais, o de sempre, ou quase.
Pouca gente para ver o Santos derrotar por muito pouco o misto cansado do Palmeiras.
Titulares contra titulares, o alviverde deverá chegar à mais uma final na noite de hoje neste Campeonato Paulista que não teria jogos às 18h30, e teve no sábado; que não teria árbitros estrangeiros, e teve no domingo; que não teria jogos às 21h40, e terá amanhã, tudo sempre de acordo com a palavra empenhada de Farah.
Pouca gente também para a impiedosa goleada corintiana sobre o São Paulo numa tarde de arbitragem confusa e de afirmação não só da óbvia ascensão alvinegra como da imaturidade tricolor.
Finalmente, pouca gente também para ver Edmundo acabar com o Flamengo, embora, no Rio, pouca gente seja um público de 65 mil pessoas, o que é gente para chuchu.
E não é à toa que cá estou depreciando os esvaziados estaduais, mesmo nas finais, quando até assumem uma graça.

É que, apesar de adorar uma polêmica, temo que meu bom, e admirado, José Geraldo Couto esteja lendo mais com o fígado que com a cabeça nesta saudável discussão sobre os estaduais -debate que ele mesmo reabriu ao se referir ao que considera uma campanha para extingui-los.
Primeiro, quero deixar bem claro que, infelizmente, ainda vejo longe o dia em que tomarão a sensata decisão de acabar com os estaduais e abrir espaço no calendário nacional. E que, repito, há mais de 20 anos tenho a posição que tenho. Então, era até uma heresia.
Segundo, concordo com Couto sobre o equívoco da política de terra arrasada. Não acho que, necessariamente, o que está errado tenha de ser extinto, a não ser em casos extremos como o tráfico de drogas, a corrupção etc.
Terceiro, lembro que raras vezes me refiro à Copa do Brasil sem mencionar a imoralidade dos convites.
Mas volto à tecla de sempre: uma solução para o Campeonato Paulista não resolve a questão nacional, e a rivalidade dentro de São Paulo pode ser solucionada num verdadeiro Campeonato Brasileiro, instituindo-se, por exemplo, uma contagem de pontos à parte, para os confrontos entre os times do Estado -que deverão ser sempre maioria, dada a pujança do interior. Mas o espaço é curto, e a discussão, longa. Voltaremos ao tema, em respeito a Couto e aos leitores.


Juca Kfouri escreve às terças, sextas e domingos



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