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Juca Kfouri
O técnico porta-voz
Parreira teve um
erro imperdoável:
mudar de opinião
em tão pouco
tempo
O MAIOR erro de Carlos Alberto Parreira não foi o de treinar pouco e não criar opções de jogo para a seleção.
Seu equívoco imperdoável foi o de ter mudado tão
radicalmente de opinião
em tão pouco tempo, do
período em que comandou -e muito bem- o Corinthians para sua nova
etapa na CBF.
O Parreira que dizia que
com organização profissional o nosso futebol seria uma NBA passou a defender a exportação de pé-de-obra, política predatória que deixa nossos clubes no Terceiro Mundo e
nossos craques no Primeiro, nem aí para a realidade
nacional. Tanto que a esmagadora maioria deles,
quando questionada sobre
questões políticas, responde que não acompanha porque nem mesmo
vota no Brasil.
Se já houve tempo em
que um Santos ou um Botafogo rivalizavam com a
antiga CBD, hoje a grande
grife do futebol brasileiro
é apenas a CBF, apesar dos
títulos mundiais recentes
de nossos clubes.
Cada vez que a TV alemã
focalizava Tevez, o narrador explicava que ele jogava no "brasileiro Corinthians, de São Paulo" e dizia que ele tinha vindo do
"Boca Juniors", sem citar
a Argentina ou Buenos Aires. Imagine quando se referia a Messi, do Barcelona, ou mesmo a Riquelme,
do Villarreal -certamente
menor, em glórias, que
muitos clubes brasileiros.
Nem a Espanha nem as cidades eram citadas.
Com a autoridade de
vencedor que desfrutava e
com a cabeça esclarecida
que o notabilizou, Parreira
poderia ser a vanguarda de
uma conscientização sobre a necessidade de romper com a estrutura arcaica, reacionária e corrupta
do futebol brasileiro. Mas,
a exemplo de Zagallo, preferiu a comodidade cúmplice de virar móvel e
utensílio da CBF e, pior,
seu porta-voz como defensor do status quo.
Deu-se mal, porque não
só virou o maior culpado
pelo vexame na Alemanha
como começa a ser entregue pelo próprio Ricardo
Teixeira, incapaz de assumir responsabilidades e
até mesmo de voltar para
casa com a seleção. Como
escreveu Roberto Dias
nesta Folha, para que
serve Teixeira, afinal?
blogdojuca@uol.com.br
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