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pandemia
Gripe esquenta final da Libertadores
Excesso de precauções do Cruzeiro para evitar contágio de atletas na Argentina faz oponentes ironizarem brasileiros
Depois de fracassar em sua tentativa de mudar palco do duelo contra o Estudiantes, mineiros buscam prevenção com máscaras e isolamento
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
O avanço da gripe A (H1N1)
na Argentina transformou a
doença em uma das protagonistas do primeiro jogo da decisão da Libertadores. Mas sob
pontos de vista diferentes.
Enquanto o Cruzeiro reforça
as precauções para evitar o
contágio de seus atletas no país
vizinho, a cautela brasileira é
alvo de ironias da imprensa argentina e da torcida do Estudiantes, o rival dos mineiros.
"Quem vir um ônibus encapsulado em látex pelas ruas portenhas não se assuste. Com certeza é a delegação do Cruzeiro
tomando precauções contra a
gripe A", afirmou o jornal "Crítica", em alusão à programação
cruzeirense, com confinamento em hotel até o jogo e retorno
imediato ao Brasil após o duelo.
"Cruzeiro do temor" foi o título do jornal esportivo "Olé",
para quem a equipe mineira vai
à final com "jogadores preocupados e poucos torcedores". A
epidemia de gripe no país vizinho levará menos cruzeirenses
à Argentina do que o esperado
-serão cerca de 500, contra
uma previsão inicial de 3.000.
O último informe do governo
argentino apontava 2.485 casos
confirmados de gripe A no país,
com 60 mortes e estimativa de
100 mil infectados -a cidade e
a Província de Buenos Aires, da
qual La Plata é capital, respondem por 75% dos registros.
O Cruzeiro tentou até o último momento adiar ou transferir a partida. Chegou a propor
dois jogos em campo neutro,
mas a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol)
confirmou a final em La Plata
(52 km de Buenos Aires).
Ao tentar mudar o local dos
duelos, a diretoria baseou o pedido na situação vivida pelo São
Paulo, que não foi ao México
nas oitavas de final por decisão
da Conmebol. Os times mexicanos discordaram e abandonaram o torneio continental.
Segundo o presidente do
Cruzeiro, Zezé Perrella, a Conmebol alegou que, naquela situação, as autoridades mexicanas haviam proibido a realização de jogos no país. Na Argentina, apenas os teatros estão fechados por dez dias, por decisão dos empresários do setor.
As associações de rúgbi, hóquei, automobilismo, tênis e hipismo suspenderam atividades
no país em razão da epidemia.
Até o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva endossou a preocupação cruzeirense. "O ministro argentino da Saúde deve dar
garantias de que se pode jogar
em Buenos Aires ou em outra
cidade argentina. O Cruzeiro
tem razão em estar preocupado", disse ontem o presidente.
O clube isolou todo um andar
de um hotel em Buenos Aires,
onde a equipe ficará concentrada até horas antes do duelo.
Entre os cuidados anunciados está o uso de máscaras pelos atletas. "A cada duas horas
tem que trocar roupa de cama,
usar máscara e definitivamente
não sair à rua", disse o supervisor do clube, Benecy Queiroz.
O emprego de máscaras por
pessoas sadias foi desaconselhado pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
Especialistas locais afirmam
que o acessório só deve ser usado por profissionais de saúde e
por quem portar o vírus.
Perrella admitiu supervalorização dos riscos e que a chance
de contágio é pequena.
"Não teremos contato com o
público. Então, não tem perigo.
A gente também está supervalorizando. As estatísticas dizem
que é mais fácil ser atropelado
lá do que pegar gripe."
Ontem, torcedores formaram longas filas em La Plata para obter ingressos para a decisão, ironizaram os cuidados
cruzeirenses e manifestaram
despreocupação com a gripe.
Todos os 40 mil bilhetes disponibilizados foram vendidos.
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