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FUTEBOL
O grupo dos sete
CARLOS RENNÓ
ESPECIAL PARA A FOLHA
Vai começar o mais importante campeonato de futebol
do país. Nesta temporada, os outros dois dos três mais importantes, a Copa do Brasil e o Rio-São
Paulo, foram conquistados pelo
Corinthians, até aqui o time do
ano. Quem será o campeão do
Brasileiro de 2002?
A priori deverá ser um entre os
sete times que formam uma espécie de grupo de elite entre os
maiores do país. São os de maior
tradição no torneio, vitoriosos em
25 das 31 edições disputadas (cerca de 80% do total). A depender
da tradição, portanto, e tradição
continua a pesar, apesar da conquista do Atlético-PR em 2001, o
campeão sairá desse grupo.
Essas equipes estão para o Brasileiro mais ou menos como Brasil, Alemanha, Itália e Argentina
estão para a Copa. Muito raramente passa mais de um ano sem
que nenhuma delas seja campeã;
só duas vezes isso aconteceu.
A geografia do futebol brasileiro
está mudando? Sim, mas nem
tanto. Em finais importantes, pelo menos, a camisa pesa. Tanto é
que o Brasiliense não venceu o
Corinthians, nem o São Caetano
bateu o Vasco e o Atlético-PR (para não falar no Olimpia).
O Atlético-PR e o Paysandu são
exceções. É bom lembrar que um
ganhou do São Caetano, e o outro, do Cruzeiro, dois campeões
em vices... Só do Brasileiro, o Cruzeiro foi tri-vice (o maior vice, no
entanto, é o São Paulo: cinco vezes, penta portanto...).
Quais são os times do grupo dos
sete? Os únicos que levantaram a
taça de campeão nacional mais
de uma vez -somente um não o
fez mais de duas vezes. O Flamengo, se o reconhecermos como o
verdadeiro vencedor do Brasileiro
de 87 (no lugar do campeão oficial da CBF, o Sport), é o único
pentacampeão. O Palmeiras e o
Vasco vêm em seguida, com quatro títulos. Corinthians, São Paulo e Internacional são tricampeões. E o Grêmio, tetra na Copa
do Brasil, aqui é apenas bi.
Dos anos 90 para cá, em só duas
das 12 disputas o campeão não
saiu desse seletíssimo grupo. E todos os sete, menos o Inter, foram
campeões no mesmo período. Ou
seja: a escrita acentuou-se, mesmo nos tempos mais recentes.
Algumas dessas equipes campeãs se tornaram antológicas.
Nos anos 70, a do Inter, por exemplo, trazia Falcão, Carpegiani e
Figueroa. Nos 80, a do Flamengo,
que chegou a ser a melhor do
mundo na época, teve Zico, Júnior, Leandro e Andrade. E o São
Paulo, Careca, Muller e Silas.
Nos 90, o Palmeiras reuniu Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho e Edmundo; o Vasco teve Romário, além de Edmundo; e o Corinthians, principal campeão da
década e que também chegou ao
título do Mundial de Clubes da
Fifa , estrelou Dida, Gamarra,
Vampeta, Rincón e Marcelinho.
Em toda a história do Brasileiro
até aqui, as maiores injustiças
(causadas ou por virada de mesa
na CBF ou por força de regulamentos esdrúxulos) foram três:
em 74, o Vasco ter sido campeão
contra o Cruzeiro; em 77, o São
Paulo, contra o Atlético-MG; e em
85, o Coritiba, contra o Bangu.
As maiores surpresas? Sem contar o Coritiba, o Guarani e o Atlético-PR terem-se sagrado campeões respectivamente em 78 e
2001. Também constitui um dado
surpreendente um clube como o
Cruzeiro, bi da Libertadores,
nunca ter ganho um Brasileiro.
O Brasileiro de 2002 começa
sem os pentacampeões. Mas, seja
como for, pentacampeão.
No Morumbi
Dos jogos que abrem o Brasileiro no sábado, São Paulo x
Paysandu reunirá um recém-campeão, o da Copa dos
Campeões, e um sério candidato a campeão no futuro
mais próximo; isto é, do Brasileiro. O tricolor tem um ótimo técnico e tem Kaká. Se vier a ter Ricardinho, ficará
com tudo e poderá dar grandes alegrias a Nando Reis, Péricles Cavalcanti e Tadeu Jungle em 2002. Quanto ao Papão, quem surpreendeu o
Cruzeiro, em campo neutro,
pode também surpreender o
São Paulo na casa deste, por
que não? Se a geografia do futebol brasileiro estiver mesmo mudando... Por falar na final da Copa dos Campeões:
foi a mais emocionante dos
últimos tempos. Sete gols,
cinco num tempo só! Virada
no placar, empates e desempates seguidos. E uma decisão nos pênaltis igualmente
inesperada, com um resultado raro (3 a 0). Valeu ver.
E-mail esporte@uol.com.br
Hoje, excepcionalmente, Soninha não
escreve nesta coluna
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