São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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FUTEBOL

O grupo dos sete

CARLOS RENNÓ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Vai começar o mais importante campeonato de futebol do país. Nesta temporada, os outros dois dos três mais importantes, a Copa do Brasil e o Rio-São Paulo, foram conquistados pelo Corinthians, até aqui o time do ano. Quem será o campeão do Brasileiro de 2002?
A priori deverá ser um entre os sete times que formam uma espécie de grupo de elite entre os maiores do país. São os de maior tradição no torneio, vitoriosos em 25 das 31 edições disputadas (cerca de 80% do total). A depender da tradição, portanto, e tradição continua a pesar, apesar da conquista do Atlético-PR em 2001, o campeão sairá desse grupo.
Essas equipes estão para o Brasileiro mais ou menos como Brasil, Alemanha, Itália e Argentina estão para a Copa. Muito raramente passa mais de um ano sem que nenhuma delas seja campeã; só duas vezes isso aconteceu.
A geografia do futebol brasileiro está mudando? Sim, mas nem tanto. Em finais importantes, pelo menos, a camisa pesa. Tanto é que o Brasiliense não venceu o Corinthians, nem o São Caetano bateu o Vasco e o Atlético-PR (para não falar no Olimpia).
O Atlético-PR e o Paysandu são exceções. É bom lembrar que um ganhou do São Caetano, e o outro, do Cruzeiro, dois campeões em vices... Só do Brasileiro, o Cruzeiro foi tri-vice (o maior vice, no entanto, é o São Paulo: cinco vezes, penta portanto...).
Quais são os times do grupo dos sete? Os únicos que levantaram a taça de campeão nacional mais de uma vez -somente um não o fez mais de duas vezes. O Flamengo, se o reconhecermos como o verdadeiro vencedor do Brasileiro de 87 (no lugar do campeão oficial da CBF, o Sport), é o único pentacampeão. O Palmeiras e o Vasco vêm em seguida, com quatro títulos. Corinthians, São Paulo e Internacional são tricampeões. E o Grêmio, tetra na Copa do Brasil, aqui é apenas bi.
Dos anos 90 para cá, em só duas das 12 disputas o campeão não saiu desse seletíssimo grupo. E todos os sete, menos o Inter, foram campeões no mesmo período. Ou seja: a escrita acentuou-se, mesmo nos tempos mais recentes.
Algumas dessas equipes campeãs se tornaram antológicas. Nos anos 70, a do Inter, por exemplo, trazia Falcão, Carpegiani e Figueroa. Nos 80, a do Flamengo, que chegou a ser a melhor do mundo na época, teve Zico, Júnior, Leandro e Andrade. E o São Paulo, Careca, Muller e Silas.
Nos 90, o Palmeiras reuniu Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho e Edmundo; o Vasco teve Romário, além de Edmundo; e o Corinthians, principal campeão da década e que também chegou ao título do Mundial de Clubes da Fifa , estrelou Dida, Gamarra, Vampeta, Rincón e Marcelinho.
Em toda a história do Brasileiro até aqui, as maiores injustiças (causadas ou por virada de mesa na CBF ou por força de regulamentos esdrúxulos) foram três: em 74, o Vasco ter sido campeão contra o Cruzeiro; em 77, o São Paulo, contra o Atlético-MG; e em 85, o Coritiba, contra o Bangu.
As maiores surpresas? Sem contar o Coritiba, o Guarani e o Atlético-PR terem-se sagrado campeões respectivamente em 78 e 2001. Também constitui um dado surpreendente um clube como o Cruzeiro, bi da Libertadores, nunca ter ganho um Brasileiro.
O Brasileiro de 2002 começa sem os pentacampeões. Mas, seja como for, pentacampeão.

No Morumbi
Dos jogos que abrem o Brasileiro no sábado, São Paulo x Paysandu reunirá um recém-campeão, o da Copa dos Campeões, e um sério candidato a campeão no futuro mais próximo; isto é, do Brasileiro. O tricolor tem um ótimo técnico e tem Kaká. Se vier a ter Ricardinho, ficará com tudo e poderá dar grandes alegrias a Nando Reis, Péricles Cavalcanti e Tadeu Jungle em 2002. Quanto ao Papão, quem surpreendeu o Cruzeiro, em campo neutro, pode também surpreender o São Paulo na casa deste, por que não? Se a geografia do futebol brasileiro estiver mesmo mudando... Por falar na final da Copa dos Campeões: foi a mais emocionante dos últimos tempos. Sete gols, cinco num tempo só! Virada no placar, empates e desempates seguidos. E uma decisão nos pênaltis igualmente inesperada, com um resultado raro (3 a 0). Valeu ver.

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Hoje, excepcionalmente, Soninha não escreve nesta coluna



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