São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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Manobra deve ampliar poder da atual gestão

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, está a um passo de conseguir sua principal vitória e dar o golpe de misericórdia em seus adversários políticos.
Amanhã, em assembléia extraordinária, o Conselho Deliberativo deve aprovar as mudanças no estatuto do clube. A principal delas altera a forma de indicação dos vitalícios, que compõem dois terços do conselho. Atualmente, eles são escolhidos pelo Conselho Consultivo, formado quase que na totalidade por oposicionistas -16 em 17 membros.
Pela nova proposta, os vitalícios seriam indicados e empossados pelo próprio Deliberativo, de maioria situacionista.
"Eu passei 12 anos a pão e água na oposição e nunca reclamei", argumenta o homem-forte do futebol são-paulino, Juvenal Juvêncio, um dos mentores da reforma.
Em desespero, a oposição a Gouvêa estuda até ir à Justiça. A manobra pode fazer com que o presidente e seus pares se perpetuem no poder do clube.
A oposição diz não ter tido participação na discussão das emendas do projeto. "Estão fazendo uma reforma política para sufocar uma minoria", diz o conselheiro de oposição e advogado Francisco de Assis.
"O governo precisa de maioria para poder governar", rebate Juvêncio.
Atualmente, 151 sócios ocupam cadeira de conselheiro vitalício no São Paulo. Há nove vagas em aberto. Nos últimos anos, os grupos rivais sempre celebraram acordos para indicar e empossar em mesmo número os vitalícios.
Pela nova emenda, a situação deve ficar com todas as vagas. O estatuto são-paulino diz que, para disputar eleições no clube, a legenda deve ter, no mínimo, 55 assinaturas de vitalícios.
Na eleição para presidente da diretoria, em abril deste ano, a oposição reuniu 57 assinaturas. Com o uso da máquina, Gouvêa tem conseguido trazer conselheiros da oposição para o seu lado. "A situação está aliciando pessoas do nosso grupo. Acho que quem troca de lado por cargos está praticando o calote da consciência", afirma o oposicionista José Carlos de Mello Dias. (EAR)


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