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DIA OLÍMPICO
Governo mobiliza pelotão para unir 12 mil casais
"Boom" de casamentos também marca a data do início da Olimpíada
Atender aos noivos em dia tido como afortunado exige reforço de pessoal e horário diferenciado nos cartórios da capital chinesa
MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM
Li Xiao e Wang Yiyan acordarão cedo, vestirão cor-de-rosa e enfrentarão uma longa fila
para registrar seu casamento.
Nada de vestido de noiva bufante nem festa. O jovem casal
não quer ritos tradicionais. Vai
assinar o papel e pronto.
A data escolhida para a certidão, no entanto, carrega a força da tradição chinesa. Eles se
casam hoje, 8 de agosto de
2008, 8 de julho no calendário
lunar. Na China, 8 é número de
sorte. Não à toa, é o marco do
início dos Jogos de Pequim.
"Na China, os casamentos
têm de acontecer em dias marcantes, que serão lembrados
para sempre. Todas as coincidências nos fizeram querer casar nesse dia", diz Wang, 29.
Na mesma data em 2007,
cerca de 3.400 casamentos foram registrados em Pequim.
Neste ano, 12.400 casais já fizeram reservas pessoalmente
e outras tantas pela internet. A
mobilização do governo para
atender a todos inclui 18 distritos e cem funcionários a mais.
"Chegaremos às 6h. Não
marcamos hora. Para caber todo mundo, o cartório será em
uma escola", conta Li.
No "dia mais especial" de
sua vida, a chinesa de 28 anos
usará um vestido cor-de-rosa,
com estampas de flores e pássaros, em modelo tradicional
chinês. A camisa do noivo será
da mesma cor, outro símbolo
de felicidade para os chineses.
"Ela não vai usar aqueles
vestidos brancos de noiva. Haverá tanta gente lá que o vestido seria todo pisoteado", brinca Wang, enquanto caminha
para um pequeno apartamento no bairro da Vila Olímpica
Asiática, erguido nos anos 80
por conta de um evento esportivo, que já espera o casal. As
cortinas são de tecido avermelhado, parte dele transparente,
como prega a tradição, dizem
eles. Oficialmente, ainda não
são casados, mas sapatos e bichos de pelúcia da noiva estão
espalhados pela casa.
Li é do Norte, Wang vem do
interior do Sul. Ela é editora de
livros, ele trabalha com informática. São independentes,
deixaram a família para viver
na capital, mas ainda oscilam
entre modernidade e tradição.
Hoje, o casal vai só assinar a
certidão de casamento, mas as
festas já foram marcadas para
o Ano Novo chinês. Primeiro
irão à casa dos pais de Li, que
oferecerão uma festa e dinheiro em um envelope vermelho
como presente a Wang. Depois
será a família dele que repetirá
o protocolo. Nas duas cidades,
nas duas festas, o casal irá se
ajoelhar em sinal de respeito e
agradecer aos pais.
No retorno a Pequim, Li e
Wang organizarão mais uma
festa, dessa vez apenas para os
amigos, e paga por eles.
Serão as primeiras comemorações com a família e os amigos. Li e Wang não ficaram
noivos ou fizeram chá de panela. Ontem, porém, no dia dos
namorados chinês, foram a um
restaurante e comeram muito
bem, como manda a tradição
para atrair boa sorte.
"Antigamente, pela tradição,
seguiam-se todos os passos.
Agora a vida está mais moderna, não é necessário. Já vamos
ter três festas", diz Wang.
A lua-de-mel também será
pouco convencional. No apartamento de cortinas avermelhadas, estarão em frente à TV
para assistir à cerimônia de
abertura dos Jogos de Pequim.
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