São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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CBAt apressa inquérito de doping

Entidade espera concluir em 30 dias investigação sobre o maior escândalo do atletismo nacional

Envolvidos no caso podem cumprir até quatro anos de suspensão do esporte por utilizar a substância EPO em período de treinamento

DA REPORTAGEM LOCAL

O veredicto da Comissão de Inquérito que irá apurar o maior caso de doping da história do atletismo brasileiro tem que sair em até 30 dias.
Os depoimentos dos envolvidos no caso, no entanto, só devem começar a ser colhidos após o Mundial de Berlim, que termina no dia 23 deste mês.
A equipe investigadora é presidida pelo advogado da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) Thomaz Mattos de Paiva e tem como outros integrantes Martinho Nobre, diretor da CBAt, e José Antonio Fernandes, presidente da Federação Paulista de Atletismo.
Martinho já está na Alemanha, e Fernandes embarca para Berlim no início da semana.
"Nenhum caso no mundo foi resolvido em prazo tão rápido quanto este. Em cinco dias solucionamos praticamente tudo, mas vamos continuar escutando os envolvidos. Coloquei o prazo final de 30 dias a partir de hoje [ontem] para a comissão", afirmou Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt.
Os técnicos Jayme Netto Jr. e Inaldo Sena e os dois atletas (Evelyn Carolina Oliveira Santos e Rodrigo Bargas) que assumiram o envolvimento no caso de doping sistemático com a substância EPO estão suspensos preventivamente até o julgamento da comissão.
Já os cinco atletas que tiveram o exame positivo e abdicaram da contraprova estão afastados por dois anos. Todos eles eram da equipe Rede Atletismo. A punição máxima é de quatro anos de suspensão.
"A punição de Evelyn e Rodrigo deve ser mais branda, por eles terem assumido a participação mesmo sem o exame positivo", justificou Gesta.
Todos os esportistas alegam que não sabiam qual substância era injetada. O EPO é utilizado para aumentar o número de glóbulos vermelhos e acelerar a recuperação do organismo.
"Acredito que nenhum deles sabia. Mas o que não posso é pensar que nenhum deles tinha um indício de algo estranho. Por que as aplicações não eram feitas em Bragança Paulista [sede da equipe Rede]? Estranho ainda o fato de não perguntarem nada", disse Gesta.
Curiosamente, antes de assumir no Brasil a culpa no doping sistemático, Jayme negou a participação no caso.
Na última segunda-feira, ainda no local de treinamento para o Mundial, na Alemanha, ele foi informado por Martinho Nobre, da CBAt, dos cinco exames com resultado positivo.
"Ele se mostrou surpreso. Perguntou quem tinha sido flagrado e falou que não sabia de nada. Apenas comentou que os atletas recebiam algumas injeções do fisiologista [Pedro Balikian Jr.]", disse Martinho.
O suposto envolvimento de Balikian também será apurado pela comissão da CBAt. De acordo com a versão de Jayme, o fisiologista foi o idealizador do processo de doping.
Professores da Unesp, Balikian e Jayme podem perder suas licenças e serem afastados da universidade. Só após o veredicto da comissão da CBAt a instituição vai apurar a atuação dos dois no caso. "Assim que tivermos informações suficientes, passaremos o caso para outras esferas", disse o advogado da CBAt. (JOSÉ EDUARDO MARTINS)


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