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CBAt apressa inquérito de doping
Entidade espera concluir em 30 dias investigação sobre o maior escândalo do atletismo nacional
Envolvidos no caso podem cumprir até quatro anos de suspensão do esporte por utilizar a substância EPO em período de treinamento
DA REPORTAGEM LOCAL
O veredicto da Comissão de
Inquérito que irá apurar o
maior caso de doping da história do atletismo brasileiro tem
que sair em até 30 dias.
Os depoimentos dos envolvidos no caso, no entanto, só devem começar a ser colhidos
após o Mundial de Berlim, que
termina no dia 23 deste mês.
A equipe investigadora é presidida pelo advogado da CBAt
(Confederação Brasileira de
Atletismo) Thomaz Mattos de
Paiva e tem como outros integrantes Martinho Nobre, diretor da CBAt, e José Antonio
Fernandes, presidente da Federação Paulista de Atletismo.
Martinho já está na Alemanha, e Fernandes embarca para
Berlim no início da semana.
"Nenhum caso no mundo foi
resolvido em prazo tão rápido
quanto este. Em cinco dias solucionamos praticamente tudo,
mas vamos continuar escutando os envolvidos. Coloquei o
prazo final de 30 dias a partir de
hoje [ontem] para a comissão",
afirmou Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt.
Os técnicos Jayme Netto Jr.
e Inaldo Sena e os dois atletas
(Evelyn Carolina Oliveira Santos e Rodrigo Bargas) que assumiram o envolvimento no caso
de doping sistemático com a
substância EPO estão suspensos preventivamente até o julgamento da comissão.
Já os cinco atletas que tiveram o exame positivo e abdicaram da contraprova estão afastados por dois anos. Todos eles
eram da equipe Rede Atletismo. A punição máxima é de
quatro anos de suspensão.
"A punição de Evelyn e Rodrigo deve ser mais branda, por
eles terem assumido a participação mesmo sem o exame positivo", justificou Gesta.
Todos os esportistas alegam
que não sabiam qual substância
era injetada. O EPO é utilizado
para aumentar o número de
glóbulos vermelhos e acelerar a
recuperação do organismo.
"Acredito que nenhum deles
sabia. Mas o que não posso é
pensar que nenhum deles tinha
um indício de algo estranho.
Por que as aplicações não eram
feitas em Bragança Paulista
[sede da equipe Rede]? Estranho ainda o fato de não perguntarem nada", disse Gesta.
Curiosamente, antes de assumir no Brasil a culpa no doping
sistemático, Jayme negou a
participação no caso.
Na última segunda-feira, ainda no local de treinamento para
o Mundial, na Alemanha, ele foi
informado por Martinho Nobre, da CBAt, dos cinco exames
com resultado positivo.
"Ele se mostrou surpreso.
Perguntou quem tinha sido flagrado e falou que não sabia de
nada. Apenas comentou que os
atletas recebiam algumas injeções do fisiologista [Pedro Balikian Jr.]", disse Martinho.
O suposto envolvimento de
Balikian também será apurado
pela comissão da CBAt. De
acordo com a versão de Jayme,
o fisiologista foi o idealizador
do processo de doping.
Professores da Unesp, Balikian e Jayme podem perder
suas licenças e serem afastados
da universidade. Só após o veredicto da comissão da CBAt a
instituição vai apurar a atuação
dos dois no caso. "Assim que tivermos informações suficientes, passaremos o caso para outras esferas", disse o advogado
da CBAt.
(JOSÉ EDUARDO MARTINS)
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