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TOSTÃO
Retrocesso 3
O título desta coluna serve
para lembrar que esta é a terceira crônica consecutiva com
esse nome. Não estou fazendo
críticas somente à derrota para
o México. Assim como na Copa
América o time titular do Brasil venceu a equipe mista da
Argentina (aliás,
injustamente), temos a boa desculpa de que a seleção brasileira
também jogou
com um time misto, desfalcado de
Cafu, Roberto
Carlos, Antônio
Carlos, Rivaldo,
Ronaldo e Amoroso.
Se já era difícil
vencer o México em casa, sem
os principais jogadores, a vitória ficou mais distante após a
escalação da equipe. Luxemburgo pôs novamente quatro
marcadores no meio-campo,
tirou o jogador de ligação com
o ataque (Alex) e deixou o time
sem um atacante de velocidade
e conclusão (Roni). Talvez, o
técnico tenha supervalorizado
o México.
Se o ideal é ter um time ofensivo, sem ficar desprotegido na
defesa, o Brasil conseguiu ser
ruim em todos os setores no
primeiro tempo. No segundo, o
ataque melhorou com Roni ao
lado de Alex e Ronaldinho.
Todos atuaram mal, principalmente Odvan e Flávio Conceição. Espero que nas próximas convocações o treinador
abandone a improvisação e
convoque dois laterais-direitos.
Qualquer um desses regulares
dos principais times brasileiros
é melhor que Flávio Conceição.
Luxemburgo tem razão
quando diz que devem ser analisadas as campanhas das Copas América e das Confederações, e não somente o último
jogo. Na Copa América, além
dos titulares, a seleção mostrou
mais equilíbrio e organização
tática. Os volantes e
laterais se revezavam no apoio nos
momentos certos.
Havia sempre um jogador livre, próximo
aos dois atacantes.
Foi um bom caminho. Na Copa das
Confederações, houve um retrocesso.
Alex e Ronaldinho
sempre jogaram bem
juntos e ao lado de
um outro atacante. Se estivessem presentes Rivaldo e Ronaldo, eles brilhariam muito mais.
Ronaldinho está apenas começando sua carreira na seleção e no Grêmio. O passe infantil para o mexicano iniciar
a jogada do quarto gol servirá
como um aviso de que não basta ter apenas imenso talento
para ser um craque.
O técnico, com a justificativa
de manter a disciplina, de ter
atletas versáteis, de fazer um
trabalho profissional, de praticar um futebol moderno etc.,
tem valorizado excessivamente
os jogadores esforçados e cumpridores de seu esquema tático.
Esses servem na seleção como
complemento e nunca para jogar juntos e serem a solução.
A principal função e qualidade de um técnico de seleção é
convocar os melhores e dar a
eles condições para atuar bem,
individualmente e em conjunto. O resto é papo furado.
Questões táticas
Em todas as vezes que o São
Paulo joga mal, aparecem críticas ao sistema tático da equipe. Quando o time vence e convence, como nesta semana,
contra o Botafogo-RJ, esquecem seu esquema de jogo.
O padrão do time, hoje o
mais comum em todo o mundo, com três zagueiros e dois
alas, tem vantagens e desvantagens em relação ao esquema
tradicional brasileiro, com dois
zagueiros e dois laterais.
A principal vantagem é ter
sempre um zagueiro sobrando
na cobertura. Isso se o rival não
colocar três atacantes, como fez
o Boca Juniors, que goleou a
equipe paulista, na semana
passada, em Buenos Aires.
Outra vantagem é poder jogar ofensivamente, fazer a
marcação por pressão, já que
tem um zagueiro de sobra para
os contra-ataque rivais. Os técnicos costumam fazer o contrário, colocando os três zagueiros
recuados, próximos ao goleiro.
Nesse caso, não há necessidade
de um terceiro zagueiro, já que
não existem espaços nas costas
dos outros dois.
A maior desvantagem é não
ter um marcador fixo na lateral, de onde se iniciam, com os
cruzamentos, as principais jogadas de gol. Existe uma indefinição entre o ala e o zagueiro
na marcação do adversário
que avança pelos lados.
Outra desvantagem, em algumas situações, é a de trocar,
sem necessidade, um armador
por um outro zagueiro, prejudicando o meio-campo.
Como se vê, existem virtudes
e defeitos em todos os esquemas táticos. Tudo vai depender
do momento da partida e das
características dos jogadores
das duas equipes. O sistema tático ajuda, mas não ganha
nem perde jogo.
A qualidade dos jogadores é
que faz a diferença.
Corinthians e Palmeiras, pela qualidade individual de seus
jogadores e pelo conjunto de seus times, são os mais fortes candidatos ao título do Brasileiro-99. Como nós comentaristas raramente acertamos nossas previsões, certamente irão aparecer outras equipes com as mesmas chances de vencer o campeonato.
Antônio Lopes precisa escutar os pedidos do Edmundo e
contratar o Djalminha ou um jogador com sua característica
e qualidade, para atuar próximo dos dois atacantes.
"A falha individual é do coletivo." (Wanderley Luxemburgo). Entendeu?
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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