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TÊNIS
O Melhor da história?
ROBERTO DIAS
da Reportagem Local
"Ele é o maior tenista de todos
os tempos. O mais completo. Tem
a força, a velocidade, a técnica."
A frase é do alemão Boris Becker, tricampeão de Wimbledon.
"Ele" é Pete Sampras.
Um norte-americano de Washington que, aos 27 anos, já pulverizou os principais recordes da
história do tênis.
Seu último feito, na segunda-feira passada, foi se tornar o jogador que mais tempo liderou o
ranking mundial (271 semanas).
Sampras é um atleta peculiar.
Sua fama foi obtida com um método "simples": ele vai, joga e vence. Não mais.
Ou seja: não tem uma vida espetacular fora das quadras. Nem
grandes romances nem grandes
aventuras. "As pessoas sabem como sou. Não vou sair por aí dando cambalhotas. Serei sempre um
jogador de tênis, não uma celebridade", define-se.
Ou como disse em outra ocasião: "Não preciso fazer a apologia do jeito que sou, como tentava
fazer antes. Não entendia que estamos em uma sociedade na qual
a imagem é um negócio. Pessoas
como (o jogador norte-americano de basquete) Dennis Rodman
ganham milhões pelo que fazem.
Não sou assim".
É, sim, um tipo obstinado, visto
como profissional exemplar ("Ele
está pronto para jogar todo dia",
diz seu compatriota e ex-número
um do mundo Jimmy Connors).
E, que, por causa disso -e queira ele ou não-, tornou-se celebridade e nome de prédio da Nike. Um mito. Em atividade.
Certa vez indagaram Andre
Agassi, seu maior rival, sobre
quem seriam os cinco melhores
de todos os tempos. A resposta:
"Sampras, Sampras, Sampras,
Sampras e Sampras".
Nem é preciso vê-lo jogar para
entender do que falam seus adversários. Bastam suas marcas.
Além de ter a histórica longevidade no topo do tênis, Sampras:
- é o único jogador a terminar
seis temporadas consecutivas como número um do mundo;
- detém, ao lado do australiano
Roy Emerson, o recorde de títulos
(12) de Grand Slams, a principal
série do tênis (composta pelo Torneio de Wimbledon e Abertos da
França, dos EUA e da Austrália);
- é o maior vencedor, neste século, do principal torneio do tênis
(Wimbledon, cujo troféu levantou seis vezes).
Em 97, a ATP (Associação dos
Tenistas Profissionais) convidou
cem ex e atuais jogadores, jornalistas e dirigentes para eleger o
melhor atleta dos 25 anos anteriores (período de existência da entidade). Adivinhe quem ganhou.
A dúvida que parece ficar, agora, é: o mundo está ou não diante
do maior tenista da história?
E mais: até onde ele pode ir?
Isso dependerá de Sampras
conseguir manter a motivação
para jogar, após superar tantos recordes. Por hora, pelos menos
duas coisas ajudarão a segurá-lo
nas quadras.
Uma é se isolar como maior
vencedor de Grand Slams. Outra é
triunfar no piso saibro (terra batida) de Roland Garros, único grande feito que ainda não conseguiu
("Se eu pudesse vencer esse torneio, não teria mais nada a fazer
no tênis", afirma ele).
É justamente a falta do Grand
Slam inteiro em seu cartel que
provoca o único grande questionamento a Sampras: o de que ele
não seria tão completo assim, pois
sempre fracassou no saibro francês. Questionamento que só fez
aumentar com o título de Andre
Agassi, em junho (completando a
principal série do tênis).
Talvez para dirimir as dúvidas,
Sampras diz que ainda não desistiu do título em Roland Garros.
Feito que se somaria à série que
iniciou precocemente, com 19
anos, ao se tornar o mais jovem
campeão do Aberto dos EUA,
aplicando mais de cem aces na
campanha do título.
Em 1993, Sampras quebrou a
barreira mágica de mil aces numa
temporada (obteve exatos 1.011).
Naquele ano, iniciaria a derrubada de outra marca: a conquista
de três Grand Slams consecutivos,
feito inalcançado havia 25 anos.
Numa carreira que já dura 11
anos, acumula US$ 37 milhões em
prêmios, fora os patrocínios.
No campo amoroso, teve um relacionamento com a atriz Kimberly Williams. E, fora isso, ao que
se sabe, limita-se a cultuar sua
paixão pela F-1 e pelo Dallas Cowboys (time de futebol americano).
Ou a jogar golfe.
Tal pacatez, é claro, tem consequências, cuja extensão a Internet
ajuda a medir. Ao digitar seu nome no mais famoso dos sites de
busca (o "Yahoo"), encontram-se
dois endereços de fã-clube. Repetida a experiência com o australiano Patrick Rafter, aparecem sete.
Não que Sampras se importe.
"Um cara legal jogando um bom
tênis. É assim que eu gostaria de
ser lembrado."
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