São Paulo, Domingo, 08 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS
O Melhor da história?

ROBERTO DIAS
da Reportagem Local

"Ele é o maior tenista de todos os tempos. O mais completo. Tem a força, a velocidade, a técnica."
A frase é do alemão Boris Becker, tricampeão de Wimbledon.
"Ele" é Pete Sampras.
Um norte-americano de Washington que, aos 27 anos, já pulverizou os principais recordes da história do tênis.
Seu último feito, na segunda-feira passada, foi se tornar o jogador que mais tempo liderou o ranking mundial (271 semanas).
Sampras é um atleta peculiar. Sua fama foi obtida com um método "simples": ele vai, joga e vence. Não mais.
Ou seja: não tem uma vida espetacular fora das quadras. Nem grandes romances nem grandes aventuras. "As pessoas sabem como sou. Não vou sair por aí dando cambalhotas. Serei sempre um jogador de tênis, não uma celebridade", define-se.
Ou como disse em outra ocasião: "Não preciso fazer a apologia do jeito que sou, como tentava fazer antes. Não entendia que estamos em uma sociedade na qual a imagem é um negócio. Pessoas como (o jogador norte-americano de basquete) Dennis Rodman ganham milhões pelo que fazem. Não sou assim".
É, sim, um tipo obstinado, visto como profissional exemplar ("Ele está pronto para jogar todo dia", diz seu compatriota e ex-número um do mundo Jimmy Connors).
E, que, por causa disso -e queira ele ou não-, tornou-se celebridade e nome de prédio da Nike. Um mito. Em atividade.
Certa vez indagaram Andre Agassi, seu maior rival, sobre quem seriam os cinco melhores de todos os tempos. A resposta: "Sampras, Sampras, Sampras, Sampras e Sampras".
Nem é preciso vê-lo jogar para entender do que falam seus adversários. Bastam suas marcas.
Além de ter a histórica longevidade no topo do tênis, Sampras:
- é o único jogador a terminar seis temporadas consecutivas como número um do mundo;
- detém, ao lado do australiano Roy Emerson, o recorde de títulos (12) de Grand Slams, a principal série do tênis (composta pelo Torneio de Wimbledon e Abertos da França, dos EUA e da Austrália);
- é o maior vencedor, neste século, do principal torneio do tênis (Wimbledon, cujo troféu levantou seis vezes).
Em 97, a ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) convidou cem ex e atuais jogadores, jornalistas e dirigentes para eleger o melhor atleta dos 25 anos anteriores (período de existência da entidade). Adivinhe quem ganhou.
A dúvida que parece ficar, agora, é: o mundo está ou não diante do maior tenista da história?
E mais: até onde ele pode ir?
Isso dependerá de Sampras conseguir manter a motivação para jogar, após superar tantos recordes. Por hora, pelos menos duas coisas ajudarão a segurá-lo nas quadras.
Uma é se isolar como maior vencedor de Grand Slams. Outra é triunfar no piso saibro (terra batida) de Roland Garros, único grande feito que ainda não conseguiu ("Se eu pudesse vencer esse torneio, não teria mais nada a fazer no tênis", afirma ele).
É justamente a falta do Grand Slam inteiro em seu cartel que provoca o único grande questionamento a Sampras: o de que ele não seria tão completo assim, pois sempre fracassou no saibro francês. Questionamento que só fez aumentar com o título de Andre Agassi, em junho (completando a principal série do tênis).
Talvez para dirimir as dúvidas, Sampras diz que ainda não desistiu do título em Roland Garros.
Feito que se somaria à série que iniciou precocemente, com 19 anos, ao se tornar o mais jovem campeão do Aberto dos EUA, aplicando mais de cem aces na campanha do título.
Em 1993, Sampras quebrou a barreira mágica de mil aces numa temporada (obteve exatos 1.011).
Naquele ano, iniciaria a derrubada de outra marca: a conquista de três Grand Slams consecutivos, feito inalcançado havia 25 anos.
Numa carreira que já dura 11 anos, acumula US$ 37 milhões em prêmios, fora os patrocínios.
No campo amoroso, teve um relacionamento com a atriz Kimberly Williams. E, fora isso, ao que se sabe, limita-se a cultuar sua paixão pela F-1 e pelo Dallas Cowboys (time de futebol americano). Ou a jogar golfe.
Tal pacatez, é claro, tem consequências, cuja extensão a Internet ajuda a medir. Ao digitar seu nome no mais famoso dos sites de busca (o "Yahoo"), encontram-se dois endereços de fã-clube. Repetida a experiência com o australiano Patrick Rafter, aparecem sete.
Não que Sampras se importe. "Um cara legal jogando um bom tênis. É assim que eu gostaria de ser lembrado."



Texto Anterior: Volêi de Praia: Em 2 etapas, Brasil busca hegemonia
Próximo Texto: Kuerten usa retiro para ganhar "força"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.