São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Brasileiro à européia

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem querer comparar a organização do futebol europeu com a do futebol brasileiro, mas, já fazendo isso, as notícias que vêm de lá estão um pouco parecidas com o tradicional noticiário futebolístico daqui. Em contrapartida, o Brasil se prepara, enfim, para um campeonato de dois semestres, com turno e returno e, possivelmente, pontos corridos (pena que com 24 times, não 20).
Coluna recente, que tratava da crise financeira que afeta o futebol europeu, recebeu algumas críticas porque passaria a idéia de que a administração do esporte no "Primeiro Mundo" é tão caótica quanto a do Brasil (seria um "escudo" para os dirigentes nacionais que secularmente complicam o que é simples). Bobagem.
Todo mundo sabe que a Europa dá um banho no Brasil em organização, mas lá também há espinhos, que devem ser expostos em uma coluna que tem o futebol mundial como objeto de análise.
O Campeonato Italiano, ainda a liga nacional de futebol mais significativa do planeta, corre o risco de nem começar. Já foi atrasado em duas semanas, e nova postergação está sendo discutida. Clubes disputando a grana da TV, televisão tirando jogos do domingo e os colocando em vários horários, clube quebrado caindo de divisão e time quebrado dando a alma para ficar na Série A.
Se tudo der certo (oito pequenos ganharem 10 milhões da TV, e não 4,5 milhões; o presidente da Roma não cumprir a ameaça de não pôr o time em campo, meio como Eurico Miranda; o filho de Muammar Gaddafi não implodir a Juventus; Berlusconi não vender o Milan...), confira a ""domenica" inicial, que, na verdade, é a segunda rodada:
Sábado, às 15h (cinco horas a menos aqui), Inter x Torino e Bologna x Roma. Às 18h, Como x Empoli. Às 20h30, Modena x Milan. Domingo (sim, domingo), às 15h, Lazio (sim, Lazio) x Chievo, Juventus x Atalanta e Udinese x Parma. Às 18h, Perugia x Reggina. Às 20h30, Brescia x Piacenza.
Lembra quando dava para ficar domingo de manhã acompanhando na RAI simultaneamente todos os jogos da rodada? Pois é. Foi acertado agora que o domingo (o dia do futebol lá e aqui) deve ter no mínimo seis partidas.
São problemas da Itália, mas que o Brasil conhece bem. Aliás você deve saber que o moroso Clube dos 13 não tem há muito tempo 13 times. O que não deve saber é que agora o G-14 da Europa não tem mais 14 membros.
Arsenal, Bayer Leverkusen, Lyon e Valencia entraram no seleto grupo dos clubes mais poderosos da Europa. O critério primordial do G-14 para aceitar novos integrantes é que o postulante tenha título europeu. O Lyon não tem, mas "abriram as pernas" para a entidade ter três franceses -para não ter mais de três italianos, Roma e Lazio foram vetadas.
Deixando de lamentar agora os problemas do futebol na Europa, volto a tratar do sonhado "Campeonato Brasileiro europeu".
O calendário da CBF não é perfeito, mas, seja feita justiça, é o melhor que surgiu por aqui. Primeiro, o Nacional foi valorizado como já deveria ter sido há muito tempo. A Copa dos Campeões, uma tolice, e os regionais foram acertadamente dispensados. Os Estaduais, pela tradição, ainda vivem, mas enxutos. E, para os elogios de uma coluna de futebol internacional, o Brasileiro prevê total interdependência com os interclubes sul-americanos.

Brasil-Inglaterra
Existiria um plano para dar uma pequena parada no Brasileiro de 2003 na metade do ano, mais ou menos como a parada de inverno em alguns torneios europeus. Na Inglaterra, essa idéia começaria nesta temporada, mas Richard Scudamore, chefe-executivo da Premier League, aposentou o plano. No Brasil, não há problema sério com clima (neve regular) e, pelo calendário, o torneio não passaria pelas festas de final de ano. Por que parar? Se for para dar férias aos atletas nacionais no mesmo período das férias dos europeus, talvez fosse melhor fazer o Brasileiro começar no segundo semestre e terminar no primeiro, como os torneios na Europa.

Copa do Brasil-Copa da Itália-Copa do Rei
A Copa do Brasil é legal, assim como copas nacionais européias, mas esses torneios não se equiparam aos campeonatos. Alguns questionam a participação garantida de times da elite (divisão maior). Na Europa é assim, e grandes entram mais tarde. Ok.

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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