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Prêmio não garante status no feminino
DE NOVA YORK
Minutos após ganhar o Aberto
dos EUA, anteontem à noite, a
belga Justine Henin-Hardenne
era só sorrisos. De pé, na quadra
central, ouvia Bill Harrison, executivo-chefe do JP Morgan Chase,
discursar sobre como a premiação para as tenistas aumentou durante as últimas décadas.
Ele apontava que em 1968, primeiro ano da era profissional, o
cheque da campeã do Aberto dos
EUA foi de US$ 6.000 (em valores
atualizados, cerca de US$ 32 mil).
Já o que Justine embolsou teve o
valor recorde de US$ 1 milhão.
Só que, ao chamá-la para a premiação, Harrison se atrapalhou.
"Parabéns, Cristine", disse, ao vivo, no horário nobre da TV.
A gafe dá a exata medida da realidade atual do tênis feminino.
É uma mulher -ela mesmo,
Justine- quem mais ganhou dinheiro nas quadras neste ano. O
total já superou os US$ 3 milhões.
Até aqui, é uma situação bem
diferente da que ocorreu nos últimos três anos, quando a mulher
mais premiada esteve sempre
bem abaixo do homem que mais
dinheiro ganhou. Em boa parte, a
inversão de papéis se deve ao
equilíbrio da disputa masculina,
que distribui altas premiações por
um número grande de jogadores.
Contribui para essa situação o
fato de o Grand Slam mais generoso, o Aberto dos EUA, ser o único a distribuir prêmios iguais a
homens e mulheres.
Mas o dinheiro grosso não oculta o fato de que o tênis feminino
está ainda longe da visibilidade
que tem o masculino.
Quatro anos atrás, também no
Aberto dos EUA, a suíça Martina
Hingis, então líder do ranking,
contou à Folha que um de seus
projetos era erguer o nível do tênis feminino, de forma que mais
gente prestasse atenção nele.
Não chegou a tanto, atropelada
pelo desânimo com o esporte e
pelas irmãs Williams. Serena e
Venus, elas sim, chamaram a
atenção do público, se não tanto
para o esporte, ao menos para
elas. Prova disso foi que, após a vitória por 7/5 e 6/1 sobre Kim Clijsters -e da gafe na premiação-,
Justine lamentou a ausência das
Williams. "É ruim para o circuito
e para todas as atletas."
(RD)
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