São Paulo, sexta-feira, 08 de setembro de 2006

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Schumacher inicia busca por uma virada histórica

Apesar de estarem em casa, ferraristas têm final de semana tenso pela frente

Pelo octa, alemão tenta, a partir do GP da Itália, repetir feito que a F-1 presenciou apenas em três ocasiões em seus 56 anos de existência


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONZA

É como se a Ferrari não estivesse em casa, a 200 km de sua fábrica e cercada pelos tifosi. É como se o campeonato estivesse perdido. Ou próximo disso.
Porque o ambiente nos caminhões e motorhomes da equipe em Monza é tenso. Ao menos foi assim ontem, véspera dos primeiros treinos do GP da Itália, 15ª etapa do Mundial.
Não faltaram motivos para isso, assim como sobram os que apontam para o recrudescimento do cenário até domingo.
Há o entra-e-sai de jornalistas ávidos por alguma novidade sobre o futuro de Michael Schumacher -o anúncio foi prometido para depois da prova. Há as acusações feitas pela Renault contra as "calotas" dos carros vermelhos. Há a responsabilidade de correr em casa. E há o histórico dos 56 campeonatos anteriores, que classificam de "zebra" uma virada.
Faltando quatro etapas para o fim da temporada, Schumacher é o vice-líder do Mundial de Pilotos, 12 pontos atrás de Fernando Alonso, da Renault.
Em 56 anos, a F-1 assistiu a apenas três viradas desse porte. E todas tiveram elementos raros para se concretizarem.
Faz tanto tempo que algo assim não acontece que o último protagonista de uma virada hoje é pai de piloto: Keke Rosberg.
Em 1982, faltando também quatro GPs para o fim, ele estava 12 pontos atrás do líder, Didier Pironi, da Ferrari. Pior: entre ele e o francês ainda havia John Watson, da McLaren.
Mas Rosberg contou com a má sorte dos rivais. Um forte acidente em Hockenheim esmagou as pernas de Pironi, que não viajou para as últimas quatro etapas e nunca mais voltou à F-1. Já Watson conseguiu a "façanha" de só pontuar em metade das provas. "Rei da regularidade", o finlandês tornou-se campeão com só uma vitória no ano, um feito único.
A virada anterior também teve doses de tragédia. Em 1976, James Hunt, da McLaren, tinha 14 pontos a menos que o líder, Niki Lauda, da Ferrari. O austríaco, porém, não corria havia dois GPs, recuperando-se de acidente que quase o matou.
Lauda voltou ao cockpit de forma heróica em Monza, a quatro etapas do fim do Mundial. Mas, ainda com dores, não foi páreo para Hunt, que, ajudado pelo lobby das equipes inglesas, venceu duas e fechou o ano um ponto à sua frente.
A primeira vez que a F-1 assistiu a uma virada assim foi em 1964. Em quatro provas, John Surtees saltou de terceiro na tabela, a 13 pontos de Graham Hill, para conquistar o título. Na prova final, contou com uma batida do adversário.
Questionado ontem sobre a chance de uma quarta virada histórica, Schumacher foi claro: "Eu preferiria estar na posição dele, claro. E é óbvio que existe um certo grau de tensão aqui. Doze pontos é uma grande diferença, mas que pode cair dependendo do que ocorrer".
No discurso, convenceu pouca gente na confusa entrevista no tenso motorhome ferrarista. No braço, começa hoje a tentar, outra vez, a história.

Treinos livres para o GP da Itália
Sportv, ao vivo, às 6h e às 9h

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