São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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BASQUETE

Pivôs da crise

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

"À beira da extinção." Assim, sem pudores, a página do Toronto Raptors na internet descreve o status de Hakeem Olajuwon, 39 anos, 2,13 m e 116 kg. O melhor pivô dos anos 90. O único jogador da história da NBA a receber, no mesmo ano, os prêmios de melhor jogador do campeonato, melhor jogador das finais e melhor jogador de defesa. Após sucessivas contusões nos joelhos e tornozelos, um problema de hérnia de disco deve ser a gota d'água para que ele anuncie a aposentadoria. O time, que economizaria cerca de US$ 12 milhões, está doido para apressá-la.

Dispensado de maneira humilhante em junho pela modesta equipe do Orlando Magic, Patrick Ewing, 40, 2,13 m e 116 kg, ainda tentou estender a carreira de 17 anos, quase 25 mil pontos, mais de 12 mil rebotes. Mas não arranjou interessados. Um dos 50 melhores jogadores da história da NBA, o pivô aceitou o convite comiserado do ex-arqui-rival Michael Jordan. Terá um cargo decorativo na comissão técnica do Washington Wizards.

Shaquille O'Neal, 30, 2,16 m e 143 kg, submeteu-se no mês passado a uma cirurgia para extrair pedaços soltos de osso no pé direito. Eleito o melhor jogador da NBA nos três campeonatos que conquistou pelo (para o) Los Angeles Lakers, o pivô ficará de molho pelo menos até novembro.

A notícia colheu o Miami Heat de supetão: Alonzo Mourning, 32, 2,08 m e 118 kg, não reage mais aos medicamentos. A doença renal, detectada há dois anos e supostamente causada pela ingestão excessiva de antiinflamatórios, corrói-lhe o sangue. Anêmico, o pivô que um dia simbolizou o basquete de raça vai se afastar das quadras por tempo indeterminado. Provavelmente, terá de se submeter a um transplante.

As costas não suportam mais a maratona de 82 jogos da NBA, já haviam lhe condenado a um papel lateral no ataque do San Antonio Spurs. David Robinson, 37, 2,16 m e 115 kg, anunciou que será sua temporada de adeus. Até porque os dirigentes da equipe não haviam oferecido ao pivô um contrato mais longo do que isso.

Ele abriu mão de US$ 36 milhões e afastou-se das quadras em 1999. Um dos jogadores mais admirados pelo técnico hexacampeão Phil Jackson, Bison Dele queria curtir a vida adoidado. Mochileiro com cartão de crédito dourado, cruzou a Europa, o Oriente Médio e o Sudeste Asiático até sossegar na costa australiana. No semestre passado, o fã do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard e do revolucionário jazzista Miles Davis resolveu voltar aos EUA, quem sabe retomar o basquete -os Lakers tinham-lhe encaminhado uma proposta para ser o reserva de O'Neal. O pivô de 33 anos, 2,11 m e 120 kg alugou um iate. Em agosto, desapareceu no Pacífico, aparentemente assassinado em alto-mar pelo irmão.

Adivinhe a posição de Rafael Araújo, o Baby, 22 anos, 2,10 m e 115 kg, jogador brasileiro flagrado no exame antidoping no Mundial de Indianápolis...

Poste 1
O silêncio da CBB, que pediu tempo para avaliar os maus resultados, inflou a boataria de troca na comissão técnica das seleções. Embora eu tenha alimentado a corrente das críticas, acho que o debate foi tomado pelo oportunismo e já beira a irresponsabilidade.

Poste 2
Sim, faltou arrojo tático nos Mundiais. Mas também faltaram condições de trabalho. Seria errado cobrar resultados dos novos treinadores sem uma contrapartida administrativa, um plano que valorize as seleções. Do mesmo modo, seria injusto descartar os atuais titulares sem dar a eles a chance de trabalhar nesse cenário.

Poste 3
O momento, Pré-Olímpicos à vista, é delicado, pede correção de rumo. O pior que poderia ocorrer ao basquete brasileiro seria desperdiçá-lo, trocando seis por meia dúzia, edulcorando a realidade.

E-mail melk@uol.com.br



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