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BASQUETE
Pivôs da crise
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
"À beira da extinção." Assim, sem pudores, a página do Toronto Raptors na internet descreve o status de Hakeem
Olajuwon, 39 anos, 2,13 m e 116
kg. O melhor pivô dos anos 90. O
único jogador da história da NBA
a receber, no mesmo ano, os prêmios de melhor jogador do campeonato, melhor jogador das finais e melhor jogador de defesa.
Após sucessivas contusões nos joelhos e tornozelos, um problema de
hérnia de disco deve ser a gota
d'água para que ele anuncie a
aposentadoria. O time, que economizaria cerca de US$ 12 milhões, está doido para apressá-la.
Dispensado de maneira humilhante em junho pela modesta
equipe do Orlando Magic, Patrick
Ewing, 40, 2,13 m e 116 kg, ainda
tentou estender a carreira de 17
anos, quase 25 mil pontos, mais
de 12 mil rebotes. Mas não arranjou interessados. Um dos 50 melhores jogadores da história da
NBA, o pivô aceitou o convite comiserado do ex-arqui-rival Michael Jordan. Terá um cargo decorativo na comissão técnica do
Washington Wizards.
Shaquille O'Neal, 30, 2,16 m e
143 kg, submeteu-se no mês passado a uma cirurgia para extrair
pedaços soltos de osso no pé direito. Eleito o melhor jogador da
NBA nos três campeonatos que
conquistou pelo (para o) Los Angeles Lakers, o pivô ficará de molho pelo menos até novembro.
A notícia colheu o Miami Heat
de supetão: Alonzo Mourning, 32,
2,08 m e 118 kg, não reage mais
aos medicamentos. A doença renal, detectada há dois anos e supostamente causada pela ingestão excessiva de antiinflamatórios, corrói-lhe o sangue. Anêmico, o pivô que um dia simbolizou
o basquete de raça vai se afastar
das quadras por tempo indeterminado. Provavelmente, terá de
se submeter a um transplante.
As costas não suportam mais a
maratona de 82 jogos da NBA, já
haviam lhe condenado a um papel lateral no ataque do San Antonio Spurs. David Robinson, 37,
2,16 m e 115 kg, anunciou que será
sua temporada de adeus. Até porque os dirigentes da equipe não
haviam oferecido ao pivô um
contrato mais longo do que isso.
Ele abriu mão de US$ 36 milhões e afastou-se das quadras em
1999. Um dos jogadores mais admirados pelo técnico hexacampeão Phil Jackson, Bison Dele queria curtir a vida adoidado.
Mochileiro com cartão de crédito
dourado, cruzou a Europa, o
Oriente Médio e o Sudeste Asiático até sossegar na costa australiana. No semestre passado, o fã do
filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard e do revolucionário jazzista Miles Davis resolveu voltar
aos EUA, quem sabe retomar o
basquete -os Lakers tinham-lhe
encaminhado uma proposta para
ser o reserva de O'Neal. O pivô de
33 anos, 2,11 m e 120 kg alugou
um iate. Em agosto, desapareceu
no Pacífico, aparentemente assassinado em alto-mar pelo irmão.
Adivinhe a posição de Rafael
Araújo, o Baby, 22 anos, 2,10 m e
115 kg, jogador brasileiro flagrado
no exame antidoping no Mundial
de Indianápolis...
Poste 1
O silêncio da CBB, que pediu tempo para avaliar os maus resultados, inflou a boataria de troca na comissão técnica das seleções.
Embora eu tenha alimentado a corrente das críticas, acho que o debate foi tomado pelo oportunismo e já beira a irresponsabilidade.
Poste 2
Sim, faltou arrojo tático nos Mundiais. Mas também faltaram condições de trabalho. Seria errado cobrar resultados dos novos treinadores sem uma contrapartida administrativa, um plano que valorize as seleções. Do mesmo modo, seria injusto descartar os
atuais titulares sem dar a eles a chance de trabalhar nesse cenário.
Poste 3
O momento, Pré-Olímpicos à vista, é delicado, pede correção de
rumo. O pior que poderia ocorrer ao basquete brasileiro seria desperdiçá-lo, trocando seis por meia dúzia, edulcorando a realidade.
E-mail melk@uol.com.br
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