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OLIMPÍADA
Presidente da entidade faz críticas a "comércio" de atletas e fala em alterar regras para dificultar troca de país
COI condena a farra das naturalizações
DA REPORTAGEM LOCAL
O Comitê Olímpico Internacional quer acabar com a farra da
troca de nacionalidades. A pedido
da Associação Internacional das
Federações de Atletismo (Iaaf) e
da Organização Desportiva Pan-Americana, o Comitê Executivo
da entidade tentará aumentar as
restrições para um atleta poder
competir por outro país.
"Estamos preocupados. Não
gostamos de ver países comprando esportistas dos outros e lhes
dando um novo passaporte sem
uma explicação razoável", desabafou Jacques Rogge, presidente
do COI, em visita à África.
No Mundial de atletismo de Paris, há dois meses, o queniano Stephen Cherono mudou de nacionalidade às vésperas do início da
competição. Pelo Qatar, levou o
ouro nos 3.000 m com obstáculos.
Com a conquista, acabou com a
hegemonia de seu próprio país
natal nessa prova que já durava 12
anos -vinha desde o Mundial de
Tóquio (Japão), em 1991- e provocou celeuma na Iaaf.
O caso de Saif Saeed Shaheen,
nome árabe adotado por Cherono, não é inédito no Qatar.
Nos Jogos de Sydney-2000, a delegação do país viajou com oito
pesistas nascidos na Bulgária. Para poder contar com o reforço,
desembolsou US$ 1 milhão.
Daquela vez, porém, não foi um
bom negócio. Dois dos destaques
do grupo, Sulyan Abbas Nader,
na verdade Andrey Ivanov, e Salelem Nayef Badr, que ganhou cinco mundiais como Peter Tanev,
nem competiram. Ambos tiveram diarréia no dia da disputa.
No Pan de Santo Domingo, em
agosto, o maior problema com a
troca de nacionalidade aconteceu
na competição de tênis de mesa.
República Dominicana, Canadá, Argentina e EUA recrutaram
atletas da China, Vietnã e Sérvia e
Montenegro para representá-los,
o que gerou protestos, especialmente dos brasileiros.
Tiago Monteiro e Hugo Hoyama acabaram derrotados por Lin
Ju, chinês naturalizado dominicano que mal falava o espanhol.
Marles Martins, técnico brasileiro, chegou a dizer que quem tinha dinheiro podia tudo. Lembrou que o time feminino dos
EUA era formado apenas por mesa-tenistas naturalizadas.
Segundo Michael Fennel, vice-presidente da Odepa, após reclamações de 25 dos 42 comitês
olímpicos nacionais representados no Pan, a entidade enviou sugestão ao COI para tornar as regras sobre a nacionalidade dos
competidores mais rígidas.
De acordo com a Carta Olímpica, um atleta que muda de nacionalidade pode representar seu novo país mesmo se já tiver disputado um Mundial ou uma Olimpíada pelo antigo. Mas deve respeitar
o prazo de três anos depois da naturalização para disputar a Olimpíada. Pela proposta da Odepa, o
prazo agora seria ampliado de
três para cinco anos.
Caso ele não tenha representado o país de origem, a idéia é que,
mesmo assim, cumpra o período
de três anos após a naturalização
antes de participar de uma Olimpíada ou de um Mundial, o que
hoje não é exigido. Assim, casos
como o dos levantadores de peso
búlgaros ou dos mesa-tenistas
chineses seriam dificultados.
De qualquer forma, mesmo que
as regras venham a ser modificadas, elas não passarão a valer para
os Jogos de Atenas, que acontecem em agosto do ano que vem.
A idéia do COI é discuti-las em
2004 para alterá-las para 2008,
nos Jogos de Pequim.
(ADALBERTO LEISTER FILHO, GUILHERME ROSEGUINI
E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
Com agências internacionais
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