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São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

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OLIMPÍADA

Presidente da entidade faz críticas a "comércio" de atletas e fala em alterar regras para dificultar troca de país

COI condena a farra das naturalizações

DA REPORTAGEM LOCAL

O Comitê Olímpico Internacional quer acabar com a farra da troca de nacionalidades. A pedido da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf) e da Organização Desportiva Pan-Americana, o Comitê Executivo da entidade tentará aumentar as restrições para um atleta poder competir por outro país.
"Estamos preocupados. Não gostamos de ver países comprando esportistas dos outros e lhes dando um novo passaporte sem uma explicação razoável", desabafou Jacques Rogge, presidente do COI, em visita à África.
No Mundial de atletismo de Paris, há dois meses, o queniano Stephen Cherono mudou de nacionalidade às vésperas do início da competição. Pelo Qatar, levou o ouro nos 3.000 m com obstáculos.
Com a conquista, acabou com a hegemonia de seu próprio país natal nessa prova que já durava 12 anos -vinha desde o Mundial de Tóquio (Japão), em 1991- e provocou celeuma na Iaaf.
O caso de Saif Saeed Shaheen, nome árabe adotado por Cherono, não é inédito no Qatar.
Nos Jogos de Sydney-2000, a delegação do país viajou com oito pesistas nascidos na Bulgária. Para poder contar com o reforço, desembolsou US$ 1 milhão.
Daquela vez, porém, não foi um bom negócio. Dois dos destaques do grupo, Sulyan Abbas Nader, na verdade Andrey Ivanov, e Salelem Nayef Badr, que ganhou cinco mundiais como Peter Tanev, nem competiram. Ambos tiveram diarréia no dia da disputa.
No Pan de Santo Domingo, em agosto, o maior problema com a troca de nacionalidade aconteceu na competição de tênis de mesa.
República Dominicana, Canadá, Argentina e EUA recrutaram atletas da China, Vietnã e Sérvia e Montenegro para representá-los, o que gerou protestos, especialmente dos brasileiros.
Tiago Monteiro e Hugo Hoyama acabaram derrotados por Lin Ju, chinês naturalizado dominicano que mal falava o espanhol.
Marles Martins, técnico brasileiro, chegou a dizer que quem tinha dinheiro podia tudo. Lembrou que o time feminino dos EUA era formado apenas por mesa-tenistas naturalizadas.
Segundo Michael Fennel, vice-presidente da Odepa, após reclamações de 25 dos 42 comitês olímpicos nacionais representados no Pan, a entidade enviou sugestão ao COI para tornar as regras sobre a nacionalidade dos competidores mais rígidas.
De acordo com a Carta Olímpica, um atleta que muda de nacionalidade pode representar seu novo país mesmo se já tiver disputado um Mundial ou uma Olimpíada pelo antigo. Mas deve respeitar o prazo de três anos depois da naturalização para disputar a Olimpíada. Pela proposta da Odepa, o prazo agora seria ampliado de três para cinco anos.
Caso ele não tenha representado o país de origem, a idéia é que, mesmo assim, cumpra o período de três anos após a naturalização antes de participar de uma Olimpíada ou de um Mundial, o que hoje não é exigido. Assim, casos como o dos levantadores de peso búlgaros ou dos mesa-tenistas chineses seriam dificultados.
De qualquer forma, mesmo que as regras venham a ser modificadas, elas não passarão a valer para os Jogos de Atenas, que acontecem em agosto do ano que vem.
A idéia do COI é discuti-las em 2004 para alterá-las para 2008, nos Jogos de Pequim. (ADALBERTO LEISTER FILHO, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)


Com agências internacionais

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