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Plano olímpico prevê a remoção de favelas
Mais de 3.500 famílias serão reassentadas no Rio
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Para atender às exigências do
Comitê Olímpico Internacional (COI), o plano para viabilizar a realização dos Jogos no
Rio de Janeiro em 2016 prevê a
remoção de mais de 3.500 famílias de seis favelas das zonas
oeste e norte da cidade.
A maior parte destas famílias
está em Jacarepaguá, onde serão construídas diversas instalações para a Olimpíada.
Os moradores serão reassentados para a ampliação de pistas que permitirá a implementação de projetos prometidos
ao COI no setor de transportes.
De acordo com dados do Plano de Legado Urbano e Ambiental da Prefeitura do Rio, o
reassentamento vai custar aos
cofres públicos de R$ 151 milhões a R$ 186 milhões, dependendo da contrapartida dada
aos moradores (pagamento de
auxílio habitacional, no primeiro caso, e construção de novas
habitações, no segundo).
As comunidades listadas pela
prefeitura são Vila Autódromo,
Canal do Anil, Gardênia Azul,
Parque da Panela, Metrô-Mangueira e Belém-Belém.
A proposta prevê outras favelas, mas, em alguns casos, não
revela quais são as comunidades nem o número de famílias
que serão atingidas.
Esta, entretanto, não é a primeira vez que essas favelas passam pelo processo de reassentamento. Três das comunidades da lista veem o fantasma da
remoção ressurgir. Elas já haviam sido ameaçadas durante a
organização dos Jogos Pan-Americanos de 2007.
Na Vila Autódromo, os moradores tiveram até as casas marcadas pela Secretaria de Habitação em 2006, antes da realização do Pan do Rio, com a promessa de reassentamento. Porém nada foi feito sob alegação
de falta de verbas.
A favela luta na Justiça desde
1993 para se manter onde está,
à beira autódromo de Jacarepaguá, que será desativado para
a Olimpíada. Grande parte dos
moradores do local tem concessão de uso da terra, como título de posse, por 99 anos.
De acordo com o plano, o local servirá para a ampliação de
duas avenidas que circundam a
favela (avenidas Embaixador
Abelardo Bueno e Salvador
Allende). O prefeito Eduardo
Paes afirma que no local também ficará o Centro de Mídia.
A situação da comunidade
contrasta com o forte investimento que a região do entorno
do autódromo recebeu no Pan.
Enquanto toda a área próxima
dos estádios apresenta asfalto
novo, a favela ainda convive
com ruas esburacadas que lembram vias rurais.
O presidente da associação
de moradores da favela, Altair
Guimarães, afirma que a nova
intenção da prefeitura é reflexo
da especulação imobiliária. "A
gente não quer ser removido
daqui. Vamos lutar para que a
comunidade permaneça. Não
podem tratar a gente como animais", afirma Guimarães.
O presidente da associação
declara ter experiência em
reassentamentos. Na década de
60, ele foi removido de sua casa
na Ilha do Caiçaras, na zona sul.
Enviado à Cidade de Deus, Guimarães também teve de sair do
local em 1994 para a abertura
da Linha Amarela. Ele vive há
15 anos na Vila Autódromo.
A assessoria de imprensa da
Secretaria Municipal de Habitação informa que as famílias
de todas as comunidades reassentadas estarão localizadas
próximas do local de origem.
De acordo com o órgão, todo o
processo será negociado com
os moradores. Eles serão beneficiados pelo programa federal
Minha Casa, Minha Vida.
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